Momento Flash da semana: A estreia que ameaçou ser fiasco, mas que se tornou mágica
A saída de Lionel Messi do PSG não surpreendeu ninguém. Nos dois anos que passou em Paris, o astro argentino pareceu não encontrar alegria na capital gaulesa e, salvo a conquista do Mundial-2022 com a Argentina, poucos motivos teve para sorrir enquanto vestiu a camisola do campeão francês.
Contudo, contrariando todas as expetativas, Messi não seguiu o êxodo para Arábia Saudita (e não por falta de propostas), mas optou por ir para os Estados Unidos da América experimentar o soccer da MLS. A conquista da Taça das Ligas (10 golos em sete jogos) já tinha deixado água na boca, mas faltava a entrada em cena no campeonato doméstico.
O palco estava montado: Nova Iorque. O adversário: o New York Red Bulls . A antecipação era muita e deu lugar a frustração quando se percebeu que Gerardo Tata Martino tinha optado por descansar o craque argentino que ia assistir ao apito inicial sentado no banco de suplentes.
Contudo, 30 minutos de Messi bastaram para maravilhar as bancadas da Red Bull Arena. Lançado aos 60 minutos, quando o Inter Miami já vencia por 1-0, Messi fechou o triunfo com um belo golo.
Já teve finalizações mais difíceis, remates que deixaram pessoas embasbacadas, mas o ónus tem que ir para o passe que antecedeu a assistência. A bola descobriu um caminho invisível aos olhos dos comuns mortais, deixando seis adversários pelo caminho, completamente absortos, e encontrou o até agora desconhecido Benjamin Cremaschi, que partilha a nacionalidade argentina e que fica entronizado como aquele que assistiu para o primeiro golo de Messi na MLS.
Já dizia Eduardo Galeano: “Os zés-ninguém, condenados a ser zés-ninguém para sempre, podem sentir-se alguém durante um pouco, por obra e graça desses passes devolvidos ao toque, dessas fintas que desenham zês no relvado, desses golaços de calcanhar ou de bicicleta: quando ele joga, a equipa tem doze jogadores”.
Num futebol cada vez mais dominado por números, estes não enganam: 11 golos em nove jogos (seis vitórias e três empates) para Messi no Inter Miami. Último classificado da Conferência Este, o emblema da Flórida pode agora sonhar com os play-offs e, quem sabe, com o título.
Para já, uma coisa é certa e o soccer americano ganhou um novo ídolo, um daqueles que Eduardo Galeano, melhor do que ninguém, consegue descrever. “A bola segue-o, reconhece-o, exige-o. No peito do seu pé, ela descansa e baloiça-se. Ele chuta-a e fá-la falar, e nesse diálogo conversam milhões de mudos”.