Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Pedro Santos reconhece impacto de Messi na MLS e avalia Liga: "Sporting é o principal candidato"

João Paulo Ribeiro
Pedro Santos, jogador do DC United, no frente a frente com Messi
Pedro Santos, jogador do DC United, no frente a frente com MessiMEGAN BRIGGS/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/Getty Images via AFP
Desde 2017 nos Estados Unidos, Pedro Santos já é o futebolista português com mais tempo de MLS. Aos 36 anos, já prepara a carreira de treinador em terras do tio Sam, onde vai continuar a viver com a família. O SC Braga foi o seu último clube em Portugal, mas nesta entrevista ao Flashscore, Pedro Santos admite que ainda não é esta época que a equipa bracarense irá lutar pelo título.

- Como está a ser esta aventura na MLS?

- Tem sido fantástica. No Columbus, tive a oportunidade de ganhar o título da MLS e no DC a primeira época não correu bem coletivamente, não atingimos o objetivo, que era o play-off, este ano estamos a lutar. Falta um jogo para fechar a fase regular, estamos em fase de play-off e espero que consigamos ganhar o jogo que falta para seguirmos para os play-offs.

- Já és o português há mais tempo na MLS, não é?

- Que eu tenha conhecimento, sim, não há ninguém mais antigo do que eu, atualmente.

Os últimos resultados do DC United
Os últimos resultados do DC UnitedFlashscore

- Como está a correr a época, para ti e para a tua equipa?

- Foi uma época com altos e baixos, algumas dificuldades durante o nosso percurso, mas estamos a acabar bem. Falta um jogo, estamos em zona de play-off, vínhamos com uma boa série de resultados, coletivamente tem estado a correr bem. Individualmente, também não posso dizer que esteja a ser má. Já fiz melhor do que no ano passado e esse é sempre o objetivo que traço para o ano seguinte, fazer melhor do que no ano anterior e já consegui fazer isso. Estou bastante satisfeito com as minhas performances até agora.

- Marcaste recentemente um golo espetacular, que tem corrido mundo, ao New England Revolution. Podes dizer-nos como é que foi?

- Foi um lance em que eu não estava à espera que a bola aparecesse. Quando o meu colega faz o centro, a bola caiu no espaço vazio, onde não estava ninguém, acreditei que podia chegar à bola primeiro do que o defesa e quando a bola está dentro da área normalmente não penso muitas vezes o que vou fazer. Fui para a bola com ideia de rematar à baliza. Tive a felicidade de pegar bem na bola, nem sempre é fácil com a velocidade com que eu ia, e pus a bola onde queria, no primeiro poste. Apanhei o guarda-redes desprevenido porque era um ângulo que ninguém contava e tive a felicidade de fazer o golo.

- Falta um jogo com o Charlotte para garantirem o play-off. Como é que está a ser essa preparação para a partida?

- Sim, é um jogo decisivo, ainda temos uma semana para preparar, mas é um jogo em que está toda a gente muito ansiosa. Esperamos fechar com uma vitória porque jogamos em casa e queremos também fechar o acesso aos play-offs o mais rápido possível.

- Se for alcançado esse play-off, qual é o objetivo nessa fase?

- Quando chegamos aos play-offs é como se começasse um novo campeonato. O objetivo de todos os que chegam aos play-offs é ganhar, nós não fugimos desse objetivo. Obviamente, o objetivo principal é chegar lá e depois é jogo a jogo, tentar chegar o mais longe possível e tentar ganhar a MLS.

- Há muitas dúvidas como pode ser o campeonato nos Estados Unidos, que diferenças têm. Como é o teu dia-a-dia aí com a família?

- O dia-a-dia é como em Portugal. Treino de manhã, à hora de almoço ou como em casa ou no clube, depois tenho a tarde livre e posso aproveitar para descansar um bocadinho antes de os miúdos virem da escola. Quando eles chegam, aproveito para estar com eles. Como jogam futebol, tento ir ao treino com um ou com o outro, às vezes com os dois ao mesmo tempo e estar ali a desfrutar a vê-los a treinar. Depois é hora de tomar um banho e ir para a cama.

- Já são muitos anos aí. A tua família gosta? Adaptou-se bem?

- Sim, os meus filhos já estão mais do que adaptados, são praticamente mais americanos do que português, o mais velho nasceu em Portugal. Tanto eu como a minha mulher estamos adaptados, queremos continuar por aqui e estamos bem aqui.

Os números de Pedro Santos
Os números de Pedro SantosFlashscore

- A nível de contrato, como é a tua situação atualmente?

- Termino contrato no final do ano, até agora ainda ninguém falou comigo, mas aqui as coisas funcionam assim. Os clubes esperam até acabar a época para tratar da situação. O meu contrato acaba em dezembro e até agora não tenho nada em vista. Não sei, tenho de esperar que a época acabe para ver se o clube quer renovar ou não.

- Qual é a tua vontade?

- A minha vontade é ficar. Quero continuar a jogar, pelo menos mais um ano. Tenho estado a ser aposta nos jogos, sinto-me bem fisicamente, sinto-me uma mais-valia para a equipa e quero continuar a jogar. Se não aparecer nada, tenho de pensar o que vou fazer para a minha vida, se termino, se vou fazer outra coisa, mas a minha vontade é jogar pelo menos mais um ano aqui.

- Se terminasses aí a carreira, seja este ano ou no próximo, pensas ficar por aí ou voltar a Portugal?

- Penso ficar por aqui. Se terminar a carreira aqui, quero ficar por cá. Não fazia sentido terminar aqui e depois ir para Portugal. Podia tentar terminar em Portugal se tivesse a oportunidade, mesmo o contrário não fazia muito sentido terminar em Portugal e depois voltar para cá. Prefiro terminar aqui, se tiver oportunidade, e seguir por aqui. Já estou a tratar do futuro, já tenho o curso e uma coisa que quero seguir para o futuro, se possível, é ser técnico aqui.

- Qual foi o impacto para a MLS da chegada de jogadores como o Messi, já há algum tempo, e, mais recentemente, do Luís Suárez?

- A chegada do Messi teve uma escala impensável. Ele, sozinho, move a liga, o clube, onde ele vai, vai toda a gente. Acaba por ofuscar um bocadinho a chegada do Luís Suárez, que é um jogador de altíssimo nível, mas com o Messi aqui não se fala de outra coisa.

Messi mudou a MLS
Messi mudou a MLSVAUGHN RIDLEY/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/Getty Images via AFP

- Tem-se falado recentemente da ida de jogadores para a Arábia Saudita e da forma como se desenvolveu o futebol naquele país. Pensas que, nos EUA, a MLS também teve esse desenvolvimento com a chegada de grandes craques internacionais? E esse desenvolvimento que aconteceu há alguns anos, continua? Vês o campeonato a crescer em termos de qualidade?

- Sim. Cheguei em 2017 e não se compara ao que é hoje em dia, em termos de estrutura, jogadores. Obviamente que aqui há a regra do teto salarial, o que impede a vinda de uma onda de jogadores como é possível na Arábia, mas quando há oportunidade de trazer um grande nome toda a gente gosta de vir para aqui, até pela qualidade de vida que proporciona aos jogadores. A liga acaba por ser atrativa em todas as situações.

- Foste internacional pelas camadas jovens da seleção portuguesa, no entanto nunca estiveste na seleção A, já perdeste a esperança?

- Sim, já há muito tempo. Quando estive bem no SC Braga não fui chamado e depois de ter saído para aqui já fui com o pensamento de que isso nunca mais seria possível. São escolhas que tive de fazer para dar uma melhor condição de vida à minha família. Se fosse chamado, era ótimo, mas não é por isso que fico triste, dececionado ou que há uma falha na minha carreira. Tudo o que fiz, fiz por mim e pela minha família e isso é que é mais importante para mim.

- Antes da ida para os EUA, estiveste sempre em Portugal, à exceção de uma passagem pela Roménia que não correu muito bem, não é?

- Não, essa passagem não correu bem. É um país muito complicado. 

- Porque é que não correu bem?

- Não sei, para dizer a verdade. Chego praticamente sem treinar, entro ao intervalo, faço um golo, ganhamos. Depois, num treino, tenho uma pequena lesão no joelho, tive de parar poucas semanas. Depois quando voltei ainda tinha algumas dores no joelho, mas do nada saí na primeira parte de um jogo para a Taça e a partir daí nunca mais joguei. Nunca ninguém me disse porquê, nem o que se passou, nunca mais joguei, nunca mais fui aposta e depois, em dezembro, falei com o meu empresário, disse que não queria mais voltar ali, não queria mais estar ali e que, acontecesse o que acontecesse, eu ia agarrar nas minhas coisas e ia voltar para Portugal, mesmo que tivesse de ficar sem jogar até maio, preferia isso do que estar ali. Depois acabei por assinar pelo Rio Ave, o que foi uma excelente oportunidade para desenvolver a minha carreira.

SC Braga foi o último clube
SC Braga foi o último clubeDPI/NurPhoto/NurPhoto via AFP

"Se o Sporting não quebrar acho que é o principal candidato ao título"

- Na tua formação, passaste pelo Sporting, mas o teu último clube no nosso país foi o SC Braga. São os clubes que mais gostas em Portugal?

- Não são os clubes que mais gosto. O Sporting teve um grande impacto quando eu era miúdo. Era o clube da minha família, o clube pelo qual eu torcia e representar o melhor clube em termos de formação em Portugal era o sonho de qualquer criança. Tive oportunidade de desfrutar desse momento, mas para mim, sem dúvida, o Casa Pia foi o clube que me formou. No Sporting só estive dois anos, no Casa Pia estive oito, joguei como sénior, o meu primeiro clube é o Casa Pia, sem esquecer o Leixões e o Vitória FC, que são clubes que eu guardo com muito carinho e de que gosto, sou muito bem tratado quando vou a Matosinhos, os adeptos tratam-me muito bem, é um clube fantástico, onde adorei jogar e torço para que corra bem. O Vitória FC está a passar uma fase complicada, mas é um clube que me marcou porque foi o meu primeiro clube na Liga Portugal e o SC Braga porque o meu filho nasceu em Braga, criei ligações muito fortes com o clube e com a cidade, sou muito bem tratado em Braga, tenho muito carinho pelos adeptos do Braga e ganhamos um troféu e o primeiro fica marcado, é por isso que tenho carinho. Não tenho só um clube, tenho vários porque, felizmente, por todos os clubes onde passei tive sucesso e as pessoas reconhecem o meu empenho e o que fiz pelo clube.

- Acompanhas o campeonato português? O que estás a achar? 

- Sim, acompanho. Acho que o Sporting está muito forte, conseguiu manter o grupo do ano passado, o Benfica está a recuperar agora, o FC Porto está com uma mudança estrutural em todos os adeptos, começou bem o campeonato. Está a ser um campeonato renhido, o SC Braga não começou tão bem, mas ainda está a tempo de recuperar e de fazer um bom campeonato, mas se o Sporting não quebrar acho que o Sporting é o principal candidato ao título este ano.

- Ainda não é este ano que o SC Braga está na luta pelo título?

- Acho que não, acho que já se atrasaram muito. Não começaram muito bem. Se tivessem começado como no ano passado, acreditava que pudessem intrometer-se aí, mas criando uma distância muito cedo dificilmente os outros clubes vão quebrar ao mesmo tempo e deixa mais complicado que o SC Braga lute pelo título.