“O Conselho de Disciplina convoca o treinador Hélder Duarte a comparecer, na sede da Liga Moçambicana de Futebol, no dia 18 de setembro de 2024, pelas 16:00, a fim de ser ouvido por este conselho”, refere-se numa deliberação daquele organismo, a que a Lusa teve esta sexta-feira acesso.
O documento avança que a entidade analisou os pronunciamentos do treinador no final da partida entre o Black Bulls e o Ferroviário da Beira, em casa desta equipa, no último domingo, referente à 15.ª jornada do campeonato moçambicano de futebol.
O jogo terminou empatado por 0-0 e, nas declarações à imprensa, Hélder Duarte criticou o facto de o árbitro da partida ser funcionário dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), empresa proprietária do Ferroviário, e residir na cidade da Beira.
“Continuo sem perceber como é que um árbitro arbitra dois jogos seguidos da equipa da casa, sendo um árbitro da Beira e, ainda por cima, é funcionário dos CFM”, disse Duarte.
O técnico assinalou que o mesmo juiz da partida já tinha arbitrado o jogo da jornada anterior entre o Ferroviário da Beira e o Ferroviário de Nampula, equipa também detida pela empresa CFM.
Hélder Duarte foi campeão nacional pelos locomotivas da Beira em 2023, quando orientou a equipa nesse ano, antes de regressar ao Black Bulls, no qual já tinha vencido o título em 2021, na sua estreia como treinador em Moçambique.
O Black Bulls lidera o Moçambola, com 32 pontos, e o Ferroviário da Beira, orientado pelo técnico português Daúto Faquirá, segue na sexta posição, com 19 pontos, ao fim de 15 jornadas da prova.
O campeonato moçambicano de futebol conta regularmente com várias equipas detidas pelos CFM no sul, centro e norte, todos designados Ferroviário, levantando suspeitas sobre a lisura dos resultados nas partidas entre si, principalmente em jogos decisivos.
Na edição deste ano, além dos locomotivas da Beira e de Nampula, disputam o Moçambola os ferroviários de Maputo, Nacala e Lichinga, num campeonato com 12 equipas.
O treinador e ex-jogador do Benfica Diamantino Miranda foi expulso de Moçambique em 2013 pelas autoridades, quando orientava o Costa do Sol, depois de ter dito “que todos aqui são ladrões” e acusado os jornalistas de estarem “vendidos por um prato de sopa e falsearem a verdade desportiva”.