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Análise de transferências: Caicedo e o escudo do Chelsea, Kane na pegada de Lewandowski

11Hacks / Filip Novák / André Guerra
Moisés Caicedo ainda com a camisola do Brighton
Moisés Caicedo ainda com a camisola do BrightonProfimedia
A atual janela de transferências da Premier League está repleta de recordes. Cerca de um mês depois de o Arsenal ter feito de Declan Rice o jogador inglês mais caro da competição, o médio equatoriano Moisés Caicedo tornou-se mesmo o jogador mais caro de sempre. A saga da transferência de Harry Kane também chegou ao fim, com a saída para o Bayern de Munique. Os especialistas da empresa checa 11Hacks analisaram as duas transferências do ponto de vista da análise de dados.

O Chelsea construiu um meio-campo forte

O Chelsea continua a reconstrução de verão. Para já, a última peça do puzzle é o médio defensivo Caicedo, cujo preço, juntamente com os bónus, poderá ascender a 133 milhões de euros. A chave para entender por que o clube londrino se mostrou disposto a gastar uma quantia recorde por um jogador de 21 anos que ainda não disputou 50 jogos na Premier League está na pessoa de Enzo Fernández. É com ele que o equatoriano vai formar aquela que será, talvez, a dupla de médios mais formidável no futuro do campeonato.

À partida vai substituir o colega de equipa como o médio mais profundo numa formação 4-2-3-1 (ou qualquer outra formação que Pochettino escolha), para soltar todo o pontecial técnico do argentino. Enzo é um jogador polivalente, que não tem problemas em desarmar, travar as ações do adversário e recuperar bolas, mas é também um médio de elite na criação de jogo, tanto a nível técnico, como de visão de jogo. Para que o Chelsea possa tirar partido da sua criatividade, precisa de se movimentar mais no último terço do campo, algo que a chegada de Caicedo vai permitir.

Como jogador do Brighton, o equatoriano atuou em ambos os lados do duplo pivô num 4-2-3-1, mas mais frequentemente no lado esquerdo, como o médio mais recuado. Defensivamente, destacou-se nessa posição. De acordo com modelos de dados avançados, ganhou um grande número de bolas nos espaços onde impediu as acões mais perigosas dos adversários.

Apesar da tenra idade, destaca-se nas batalhas corpo a corpo e, graças a uma excelente leitura do jogo, não só consegue interromper um elevado número de passes, como também sabe quando é o momento certo para tentar tirar a bola. Na época passada, teve uma taxa de sucesso de quase 80% nesta atividade, pelo que só falhou cerca de uma em cada cinco tentativas de duelo. Isto coloca-o entre os melhores jogadores da Premier League neste aspeto. Também ganhou muito reconhecimento entre os especialistas pela excelente capacidade de pressão.

Ou pelo facto de ser imune aos ataques do adversário. Um dos pontos fortes de Caicedo é a capacidade de receber a bola em profundidade ou de receber um passe de um colega e, graças à perceção do espaço à sua volta, contornar um adversário ou passar para a frente e criar um ataque sem perder a bola.

Embora tenha tido um papel mais defensivo no Brighton, deu um bom contributo no último terço do campo e esteve muitas vezes envolvido em ações que resultaram em remates à baliza. Aliás, o Brighton foi o clube com mais remates à baliza em toda a Premier League na época passada, mais precisamente 599. Mais três do que o perseguidor mais próximo, o Liverpool.

Caicedo tirou frequentemente cruzamentos muito precisos para a área sob o meio-campo esquerdo. Criava as oportunidades mais perigosas com passes longos para a profundida, passes perpendiculares para as zonas mais afastadas dentro da grande área, mas também tem um excelente sentido de passe para a zona de penálti. A sua chegada terá um enorme impacto no jogo do Chelsea.

Kane, o mestre do passe

Duas das sagas de transferências mais complicadas deste verão tiveram a sua resolução, paradoxalmente, no espaço de apenas algumas dezenas de horas. Após 14 longos anos, o capitão da seleção inglesa foi em busca de um novo desafio. O Bayern de Munique pagou 100 milhões de euros pelos serviços de Kane ao Tottenham, o que fez dele o jogador mais caro da história da Bundesliga.

Para além de uma excelente escolha de espaço na grande área, é também um dos melhores finalizadores do mundo. Provou-o na última época, que foi uma das melhores da sua carreira. De acordo com a métrica dos golos esperados, ou seja, dependendo da qualidade e frequência das oportunidades de golo criadas, o avançado médio da Premier League marcaria 21 golos a partir das mesmas posições. Kane, no entanto, colocou a bola na rede 30 vezes.

Isto não foi, certamente, uma anomalia de curto prazo ligada à sorte, mas sim uma tendência a longo prazo. Logo a partir da época de 2015/16, registou 970 tentativas de remate e marcou 188 golos, mais 36 do que o total esperado de 152.

Embora Kane tenha concorrido anualmente ao prémio de melhor marcador da Premier League, nunca foi apenas um matador de área. Os dados a longo prazo mostram que ele foi regularmente um dos avançados que jogou mais recuado no terreno e mais criativos da liga. Num modelo de dados avançado que rastreia todos os passes de um jogador e a medida em que aumentam as hipóteses de a sua equipa marcar golos, ficou em segundo lugar, atrás de Roberto Firmino, na época passada, e também ficou entre os primeiros na métrica das assistências esperadas, ou seja, na qualidade do passe final.

Nem de longe há um avançado de topo que se equipare a ele no que diz respeito à criatividade e amplitude de passes. Cria as melhores oportunidades com passes perpendiculares e diagonais a partir do meio-campo, passes de penetração para a área e, durante a época, ameaçou frequentemente com cruzamentos. Há um número que diz tudo: fez 330% (!) mais passes a rasgar a partir do meio-campo do que a média dos jogadores da sua posição.

Esta é também uma das transferências em que é completamente desnecessário abordar a forma como um jogador se vai adaptar a um novo sistema, que problemas vai resolver ou quanto tempo vai demorar a adaptar-se à nova competição. Tudo o que não seja a conquista de um troféu nacional está fora de questão após a chegada, estando também previsto um assalto às fases mais adiantadas da Liga dos Campeões. Depois da saída de Robert Lewandowski no ano passado, o Bayern volta a ter nas suas fileiras um jogador capaz de marcar golos regularmente contra qualquer equipa do mundo.