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Arábia Saudita, o parceiro que a Premier League não imaginava ter

Bruno Henriques
Rúben Neves custou 55 milhões de euros ao Al Hilal
Rúben Neves custou 55 milhões de euros ao Al HilalProfimedia
O investimento do reino no futebol produziu efeitos um pouco por todo o mundo, mas com especial efeito em Inglaterra. Os principais clubes da Premier League estão a aproveitar para lucrar com alguns atletas que dificilmente garantiriam algum retorno de outra forma. E numa era de apertado controlo financeiro por parte da UEFA e outros organismos, o dinheiro é bem-vindo, seja de que origem for.

O anúncio do Fundo de Investimento Público (PIF) que adquiriu os quatros principais clubes da Arábia SauditaAl-Ittihad, Al Ahli (ambos de Jeddah), Al Nassr e Al Hilal (da capital Riade) provocou um verdadeiro terramoto no futebol a nível mundial. Com bolsos que parecem não ter fundo, os clubes sauditas tornaram-se os principais atores do mercado de transferências a nível mundial, com uma pujança financeira a que muito poucos se podem equiparar.

E se é certo que as reservas morais relativamente a este investimento – dado o registo do país no que toca a violações dos direitos humanos – fez levantar algumas questões, há quem não se faça rogado em aproveitar um novo parceiro de negócios que permite oportunidades onde antes não existiam. 

Campeonato mais rico da Europa, com a grande maioria dos clubes a apresentarem um poderio financeiro equiparável a muito poucos no Velho Continente, a Premier Legue está a aproveitar este ímpeto da Arábia Saudita para proveito próprio. 

Em pouco mais de um mês, o Chelsea conseguiu despachar dois jogadores considerados dispensáveis, com contratos grandes, por quantias que poucos clubes europeus estariam dispostos a avançar (sobretudo se tivermos em conta os salários envolvidos): Koulibaly assinou pelo Al Hilal por 23 milhões de euros e Édouard Mendy juntou-se ao Al Ahli por 18,5 milhões de euros. 

Koulibaly ao serviço do Al Hilal
Koulibaly ao serviço do Al HilalAl Hilal

Capitão mais jovem da história do FC Porto, com 17 anos, e considerado um dos médios mais promissores do futebol europeu, Rúben Neves aventurou-se no Wolverhampton e assumiu-se como um dos esteios da equipa na Premier League. Contudo, os seis anos passados numa equipa que não privilegiava a posse de bola ou tinha um modelo feito para brilhar esconderam o verdadeiro potencial do internacional português. É difícil de adivinhar um clube que estivesse disposto a pagar 55 milhões de euros por Rúben Neves neste momento, mas o Al Hilal não hesitou e está agora às ordens de Jorge Jesus, sendo o primeiro jogador a mudar-se para a Arábia Saudita na melhor fase da carreira.

Agradece o Wolverhampton que não via grandes perspetivas de fazer esta quantia, tendo em conta que o Barcelona, com dificuldades financeiras, se afigurava como o principal interessado e o jogador só tinha mais um ano de contrato.

Fora deste espectro, o Al-Ettifaq, avança por Coutinho e Jordan Henderson, dois jogadores com salários acima da média no Aston Villa e Liverpool, respetivamente, e que os respetivos clubes estão dispostos a negociar para ganhar mais desafogo em termos de Fair-Play Financeiro que permita continuar as renovações nos respetivos plantéis. Allan Saint-Maxim, de quem o Newcastle procura desfazer-se para cumprir com o Fair-Play Financeiro também é outro dos nomes apontados à saída para a Arábia Saudita.

Os cofres da Europa mais fechados

Entre as 10 transferências mais cara do futebol inglês, cinco delas foram negociadas com outros clubes europeu, sendo que a última aconteceu em 2019, quando o Real Madrid pagou 115 milhões de euros por Eden Hazard, ao Chelsea.

De resto, os merengues eram dos melhores clientes dos emblemas ingleses, com Gareth Bale (101 milhões de euros ao Tottenham, em 2013) e Cristiano Ronaldo (94 milhões de euros ao Manchester United, em 2009) a figurarem no topo. O Barcelona (135 milhões de euros por Coutinho, em 2017, e 81,72 milhões por Luis Suárez em 2014) é o outro clube nesta tabela e terá contribuído para a reconstrução do Liverpool, já que o dinheiro pago pelo médio brasileiro permitiu a chegada de Van Dijk e Alisson, dois esteios da equipa.

Coutinho é a transferência mais cara da Premier League em termos de saída
Coutinho é a transferência mais cara da Premier League em termos de saídaBarcelona

Não é por isso de estranhar que a mudança de paradigma dos dois gigantes espanhóis tenha significado um rombo nos cofres ingleses. A lidar com problemas financeiros complicados, o Barcelona dispõe de uma capacidade de investimento menor e o Real Madrid aposta num perfil diferente de jogador, optando por atletas mais jovens de grande potencial.

É difícil pensar em algum clube europeu disposto neste momento a pagar mais de 100 milhões de euros por uma das estrelas da Premier League. Até mesmo Kane, um dos melhores avançados do mundo, está a ser negociado abaixo desse limite (90 milhões de euros) pelo Bayern, um dos poucos com um tesouro equiparável aos clubes ingleses.

Enquanto isso, a Premier League vai aproveitando a Arábia Saudita como a almofada financeira que permite continuar a manter o elã de clubes que encantam milhares de adeptos um pouco por todo o mundo.