Boxing Day: United vence com grito da revolta de Garnacho e Hojlund (3-2), Jota dá liderança ao Liverpool (0-2)
Manchester United 3-2 Aston Villa
Depois de cumprir suspensão, Diogo Dalot fez companhia a Bruno Fernandes no onze do United para evitar a quinta derrota consecuiva em todas as competições, mas a tarefa não seria fácil. Do outro lado, estava um Aston Villa em alta que podia subir à liderança partilhada com o Liverpool em caso de vitória.
O início do jogo espelhou a forma das duas equipas: uma sob pressão do próprio público que exige mais, a outra confiante e madura sem medo de enfrentar Old Trafford. Depois de 20 minutos sem grandes sobressaltos, os forasteiros chegaram à vantagem numa bola parada, na qual ficaram bem patentes as fragilidades defensivas dos Red Devils: McGinn levantou um livre lateral para a área, Onana ficou a olhar e a bola acabou por entrar no segundo poste sem sofrer qualquer desvio.
Ainda os festejos não tinham acalmado e o Aston Villa já dobrava a vantagem... novamente de bola parada e com extrema passividade. Num pontapé de canto, Lenglet apareceu sozinho no segundo poste, cabeceou para a pequena área onde apareceu Dendoncker a desviar de calcanhar no meio de uma floresta de adversários que ficaram a ver jogar.
O melhor que a equipa da casa conseguiu foi um remate desenquadrado de Bruno Fernandes, que carregava às costas a tentativa de reação. Pouco depois, o português desmarcou Rashford, mas a má forma do internacional inglês ficou bem patente com um remate muito desviado.
No entanto, no segundo tempo, a turma de Ten Hag apareceu de cara lavada. Garnacho viu-lhe um golo ser anulado na conclusão da melhor jogada do encontro e o Teatro dos Sonhos reagiu com a equipa. Menos de 10 minutos depois, Bruno Fernandes recuperou em zona alta, lançou Rashford que voltou a servir o golo do argentino ao segundo poste.
Impulsionado pelo golo, o United acabaria por chegar ao empate com alguma sorte à mistura, mas com o mérito de nunca baixar os braços. Numa jogada de insistência, a bola sobrou para o remate de Garnacho que desviou em Konsa e acabou por trair Emiliano Martínez.
Apesar de Johnny Evans ter evitado o terceiro golo do Aston Villa logo a seguir, a recuperação fez lembrar os tempos de Fergie Time e, nem de propósito, à entrada para os últimos 10 minutos, veio o pontapé da revolta. E quem melhor para devolver a alegria aos adeptos do que o miúdo Rasmus Hojlund. O rapaz que custou 75 milhões de euros aproveitou uma oferta involuntária de McGinn num canto e com a bola à mercê do pé esquerdo, rematou de primeira para o golo da reviravolta.
Old Trafford explodiu com a prenda de Natal e o final apoteótico celebrou dois novos heróis: Garnacho e Hojlund, que saíram nos últimos minutos aplaudidos de pé por todo o estádio.
Burnley 0-2 Liverpool
O penúltimo classificado recebeu o segundo num duelo desigual e que não ofereceu qualquer surpresa na primeira parte, exceto o facto de o resultado ter estado em aberto ao intervalo. Ainda assim, o primeiro lance de perigo veio dos pés de Amdouni, que num remate à entrada da área colocou em sentido a defesa forasteira.
De qualquer das formas, os reds entraram praticamente a ganhar, graças ao remate colocado de Darwín à entrada da área, logo aos seis minutos. A partir daí, Salah, Endo e o uruguaio tentaram por várias vezes dilatar a vantagem, mas Trafford brilhava na baliza da equipa comandada por Vincent Kompany.
No segundo tempo, Harvey Elliot ainda marcou, mas viu o golo da tranquilidade ser negado devido a fora de jogo de Salah no momento do remate. Insatisfeito com o que via em campo, Klopp lançou Curtis Jones, Szoboszlai e Luis Diaz, os dois primeiros combinaram na sequência de um cruzamento de Alexander Arnold, mas o húngaro conseguiu falhar à boca da baliza.
Com o passar do tempo, o Burnley começava a acreditar, apesar de também não estar muito inspirado no último terço nas raras ocasiões em que ameaçava Alisson. Depois de 14 remates na primeira parte, os Reds só voltaram a visar a baliza adversária com a meia distância de Szoboszlai, aos 82 minutos. Ao fim de mais de um mês de ausência, Diogo Jota voltou aos relvados para disputar os últimos minutos.
Um erro de Endo quase ofereceu o golo do empate a Jacob Brunn Larsen, mas o remate do avançado recém-entrado saiu ao lado do poste, enquanto na outra área Trafford voltou a brilhar ao travar o remate de Luis Diaz.
Finalmente, em cima dos 90 minutos, Diogo Jota conduziu um contra-ataque do meio-campo, combinou com Luis Diaz e, de ângulo apertado, conseguiu selar a vitória com um remate por entre as pernas de Trafford. Foi o 50.º golo do internacional português pelo Liverpool e valeu a liderança provisória, com mais dois pontos do que o Arsenal, que só entra em campo na quinta-feira.
Bournemouth 3-0 Fulham
Marco Silva não teve a mesma sorte do compatriota neste Boxing Day. O Fulham venceu na Taça da Liga, mas vinha de duas derrotas consecutivas para a Premier League e sentiu dificuldades para contrariar a boa forma do Bournemouth, que venceu quatro dos últimos jogos para a Premier League.
A jogar em casa, os Cherries não sentiram a ausência do espanhol Iraola, que viu o jogo das bancadas por castigo. Motivado pelos últimos jogos, Solanke foi sempre o elemento mais perigoso no Bournemouth, mas o primeiro golo até surgiu na sequência de uma grande jogada de Alex Scott.
O médio driblou na direção da área de Bernd Leno e fez a primeira assistência da temporada ao assistir Justin Kluivert para o 1-0, em cima do intervalo, num remate no qual o guarda-redes alemão acabou por não ficar bem na fotografia.
O Fulham teve mais bola, mas não teve reação na segunda parte e acabou por ver-se em situações complicadas na sequência de ataques rápidos conduzidos, sobretudo, pelo lado direito do ataque do Bournemouth.
O 2-0 surgiu na sequência de uma grande penalidade cometida por João Palhinha sobre Robinson, convertido pelo inevitável Solanke, que marcou o 6.º golo nas últimas quatro jornadas para o Bournemouth, que é já 10.º classificado da Premier League, com mais três pontos do que o Chelsea e quatro do que o Fulham. Sinisterra, no tempo de descontos, fechou o jogo em beleza com um grande remate de fora da área.
Sheffield United 2-3 Luton Town
No duelo entre promovidos à Premier League, o Luton Town ganhou o seu primeiro jogo no primeiro escalão em pleno Boxing Day e somou, pela primeira vez, duas vitórias consecutivas na competição.
Para isso contribuiu, e de que maneira, a equipa do Sheffield United. Cada vez mais no último lugar, o conjunto de Sheffield deu três autênticos tiros nos pés e está agora a seis pontos da equipa de Luton.
O primeiro foi de Foderingham, guarda-redes do Sheffield, ainda na primeira parte. O guardião inglês facilitou no remate de Doughty e permitiu ao Luton a vantagem ao intervalo.
Ainda assim, dois golos no espaço de oito minutos (McBurnie e Ahmedhodzic), já na segunda parte, permitiram ao Sheffield colocar-se na liderança do marcador, só que o Luton voltou a aproveitar duas ofertas da equipa da casa.
Robinson fez o primeiro auto-golo da partida aos 77 minutos e Ben Slimane desviou um remate para a própria baliza para fazer o 2-3 que pode ser importante para que o Luton evite a descida de divisão. Já nos descontos, o tunisino quase conseguiu redimir-se, mas o Luton foi capaz de segurar o segundo triunfo fora de casa para se aproximar do Everton na luta pela manutenção.
Newcastle 1-3 Nottingham Forest
Depois da derrota na estreia, Nuno Espírito Santo tinha a difícil missão de conquistar pontos em casa de um Newcastle europeu e a primeira meia hora de jogo veio reforçar a dificuldade desse desafio para o treinador português.
O Forest até protagonizou a primeira oportunidade do encontro, logo aos três minutos, por intermédio de Gibbs-White, mas foram os magpies que marcaram o primeiro golo do Boxing Day (conheça aqui a história).
Se Bruno Guimarães ia espalhando o seu perfume pelo relvado, o jovem Lewis Miley, de apenas 17 anos, não quis ficar nada atrás em termos de protagonismo e serviu na perfeição Isak para o lance que viria a resultar no 1-0. O avançado sueco sofreu carga de Ola Aina no interior da área do Forest e o árbitro não teve dúvidas em apontar para a marca dos onze metros, onde o próprio Isak não facilitou.
O Newcastle apertou o cerco em busca do segundo, mas acabou por sofrer a igualdade em cima do apito para o intervalo. Depois de um enorme desperdício de Elanga, que não quis servir Wood, aos 32 minutos, o extremo redimiu-se e fez o último passe para o primeiro de Chris Wood. O início de uma tarde de sonho para o neozelandês, frente ao seu ex-clube. Mas antes do intervalo ainda houve espaço para Matt Turner negar o segundo ao Newcastle.
Aposta de Nuno Espírito Santo neste regresso do português à Premier League, Chris Wood merece todas as honras de destaque nas próximas linhas. Longe de ser um avançado exuberante, a verdade é que o camisola 11 renasceu com NES e, depois de um golo e uma assistência contra o Bournemouth (2-3), o avançado foi o herói da reviravota do Forest em Newcastle.
Aos 53, aproveitou um passe em esforço de Elanga para consumar a reviravolta, sem tirar o mérito devido ao trabalho soberbo de Wood sobre Dan Burn antes de tirar Martin Dúbravka do caminho para atirar para o fundo das redes. Por fim, em cima da hora de jogo, novamente Wood a fazer as delícias dos adeptos do Nottingham.
O passe do defesa Murilo é acima da média, mas a desmarcação e finalização de Wood foram fenomenais. Contas feitas, 1-3 para o Nottingham e três pontos para NES, que sorri no day after do Natal.