Cedric Soares: "O objetivo agora é encontrar a equipa certa"

"Penso que acabámos por fazer uma excelente época. Trabalhámos muito em todos os aspectos, melhorámos em algumas áreas que talvez tenham faltado no ano passado em certos momentos. A equipa está mais madura, os jogadores têm mais experiência.O grupo continua a ser excelente e isso, claro, ajuda em muitos aspectos. O Arsenal tem vindo a crescer ano após ano. Há essa ligação com os adeptos, que talvez esteja mais próxima do que nunca, e isso por vezes faz a diferença. Jogar num grande clube em Inglaterra, um clube como o Arsenal, é fascinante, é uma sensação incrível. Onde quer que vás no mundo, há adeptos do Arsenal, é uma coisa inacreditável", disse durante uma conversa exclusiva com Pedro Pinto no 11-º episódio do Podcast 1 PARA 1.

Apesar de ter ficado aquém do tão esperado título da Premier League, Cdric não poupou elogios a alguns dos principais protagonistas da última campanha do Arsenal. Quando questionado sobre o jogador que mais o impressionou, o português não teve dúvidas

"Bukayo (Saka), sem dúvida. Vi o Bukayo crescer. Mas também gostaria de destacar Martinelli. Vi o seu crescimento, porque no passado havia muitos jogos em que ele estava descontente por não jogar, e vi-o crescer, tornando-se quase um titular, com muita qualidade, não apenas bom numa coisa, mas muito completo. Gabriel Magalhães, em termos tácticos, também evoluiu muito. Gabriel Jesus, surpreendeu-me quando chegou. Treinei com ele e pensei: 'Uau, este gajo é muito completo. Ele vai ajudar-nos muito'. Não é um jogador ligado às estatísticas, mas dá muito à equipa. Há muitos jogadores a destacar. Martin Degaard, sem dúvida, evoluiu, tornou-se um jogador mais consistente e mais capaz", afirmou.

Depois de 167 jogos e quase uma década de Premier League, Cdric acredita que nenhuma outra liga se equipara ao nível de competição que experimentou durante a sua passagem por Inglaterra.

"Acho que é o campeonato mais competitivo em que já participei. É uma liga onde, a qualquer momento, uma equipa mais pequena pode vencer uma equipa grande. Acho que é isso que torna a Premier League tão especial", afirmou.

Essa mesma competitividade trouxe ao lateral-direito muitas batalhas frente a adversários complicado ao longo dos anos, e Cdric revelou quais foram os dois jogadores que lhe deram mais dores de cabeça.

"Sané e Hazard, mas Sané era aquele jogador contra o qual eu não gostava de jogar, e ele sabe, conversamos sobre isso depois de um jogo recentemente. Estudei-o muito bem e tive jogos muito bons contra ele, mas também tive jogos maus em que ele me levou a melhor. Depois tivemos o Hazard que, nos seus melhores anos, tinha uma qualidade fenomenal e tomava grandes decisões", afirmou.

Constantemente a analisar e a estudar o futebol, Cedric teve tempo para partilhar que usa Cristiano Ronaldo e Bernardo Silva como exemplos para tirar o melhor partido dos seus colegas de equipa.

"Cristiano é um jogador muito completo. No um contra um, é muito bom, sabe driblar e remata quase sempre à baliza. Para isso, é preciso muita, muita qualidade. Costumo falar com os meus colegas de equipa e dizer: 'Estudem o Cristiano. Quando atacam a área, ele é o melhor jogador que podem ver'. Os seus timings são fantásticos. Ele tem isso. Como é que o Bernardo Silva, com o seu físico, faz a diferença que faz na Premier League? Porque ele adapta muito bem as suas características ao jogo. Ele pensa à frente dos outros, em todos os momentos. Costumo dizer isto ao Fábio Vieira, porque são jogadores que considero semelhantes, de qualidade semelhante, ambos canhotos", explica Cdric.

Portugal, ao lado da Inglaterra, é visto por muitos como um dos favoritos à conquista do Euro-2024. Cedric reconhece a qualidade da equipa portuguesa, mas atribui-lhe o rótulo de underdog, algo que poderá ajudá-la no seu percurso.

"Portugal, neste momento, em termos de plantel individual, diria que temos provavelmente um dos melhores plantéis individuais. E temos a vantagem de sermos um pouco subestimados. As pessoas não estão à nossa espera. Temos um pouco menos de expetativa em torno de nós, e eu gosto disso. Foi assim que ganhámos o Euro-2016. Acredito que Portugal pode fazer um Euro muito bom", afirmou o internacional português.

Aos 32 anos, Cédric Soares despede-se do clube do norte de Londres e olha agora para os próximos passos da sua carreira, com a única certeza de que quer continuar a fazer aquilo de que mais gosta.

"Neste momento, estou muito concentrado na minha carreira. Quero continuar jogando por muitos anos mais. O meu objetivo agora é encontrar a equipa certa onde possa continuar a ser competitivo, estar em campo e fazer o que mais gosto. Agora, é reunir-me com a família, com o meu agente e analisar o que vai estar em cima da mesa para a próxima época. Está tudo um pouco no ar. Ainda não tenho certezas, mas vou analisar, perceber qual é a melhor solução para continuar a minha carreira. É nisso que me vou focar", acrescentou.