Cristiano Ronaldo e os outros: Os goleadores que dominaram as principais ligas europeias
Esta em que Harry Kane demonstrou, sem qualquer hesitação, que não foi afetado pela mudança de ritmo e de estilo de jogo após a transferência do Tottenham para o Bayern. O capitão de Inglaterra procura ser o melhor marcador da Bundesliga, depois de o ter sido por três vezes na Premier League, um feito que não é de somenos.
Impera por isso fazer uma distinção importante sobre uma categoria muito rara de avançados: Aqueles que conseguiram ser os melhores marcadores em pelo menos dois dos considerados cinco melhores campeonatos do futebol europeu. Estamos a falar de um grupo bastante restrito, no topo do qual se encontra, como sempre, Cristiano Ronaldo, o único a ter conquistado este troféu em três ligas: Premier, LaLiga e Serie A, por esta ordem.
CR7 a triplicar
Com 31 golos na época de 2007/08, o então avançado do Manchester United tinha completado a sua metamorfose de extremo capaz de criar superioridade numérica nas alas para avançado de pleno direito, tornando-se, aos 25 anos um goleador que mais tarde se afirmaria como o melhor de sempre da Liga dos Campeões.
Chegado ao Real Madrid no verão de 2009, CR7 precisou de muito pouco tempo para se afirmar. E para explodir de vez, enquanto esperava herdar a camisola número 7 de Raúl, exilado no Schalke por Florentino Pérez. Na primeira época em Blanco, ainda marcou 26 golos, terminando em segundo lugar, atrás de Lionel Messi, autor de 34 golos, com quem gerou a rivalidade mais interessante do milénio. Depois foram três títulos de Pichichi, em 2010/11 (40 golos), 2013/14 (31 golos) e 2014/15, quando o lusitano chegou a marcar 48 vezes.
A última coroação chegaria com a camisola da Juventus, onde na temporada 2020/21, a última no clube bianconero, marcou um total de 29 golos, tornando-se o único jogador a levantar o troféu de melhor marcador em três países diferentes nas cinco principais ligas.
Van Nistelrooy, Diabo Branco
Para muitos, foi o grande ponta-de-lança de meados da década de 2000, rivalizando com Christian Vieri. Ruud Van Nistelrooy, internacional neerlandês, foi um dos destaques da última grande equipa do Manchester United de Alex Ferguson, com a qual foi o melhor marcador da Premier League na época 2002/03, quando marcou um total de 25 golos.
Alguns anos mais tarde, o neerlandês conseguiu também impor-se na luta pelo título de melhor marcador da LaLiga com o Real Madrid, que arrastou até à conquista do campeonato na época 2006/07, novamente com 25 golos.
O salto para a Europa
Salto, uma pequena cidade de pouco mais de 100 mil habitantes no interior do Uruguai viu nascer, no início de 1987, dois jogadores que viriam a fazer história pela seleção Charrúa, mas também por vários clubes europeus. Luis Suárez e Edinson Cavani, nascidos com 14 dias de diferença, partiram daquela pequena cidade para se tornarem bombardeiros implacáveis. E ambos se impuseram em dois torneios europeus distintos.
O Pistolero foi, de facto, o rei dos goleadores, primeiro em Inglaterra, com o Liverpool, na época 2013/14, quando marcou 31 golos e esteve perto de um título histórico com os Reds, e depois em Espanha, com o Barcelona, na época 2015/16, com 40 golos.
O Matador, por seu lado, deu largas à sua enorme fome de golos em Itália, onde foi o melhor marcador do Nápoles na época 2012/13 com 29 golos, e depois em França, em cujo campeonato se tornou o melhor marcador do Paris Saint Germain em duas épocas consecutivas (2016/17 e 2017/18), marcando primeiro 35 e depois 28 golos.
Ibrahimovic, rei de Milão e de Paris
Antes de Cavani, porém, no PSG tinha havido o domínio de Zlatan Ibrahimovic, que conquistou o título de artilheiro da Ligue 1 em três ocasiões, a última das quais na época 2015/16, quando marcou um total de 38 golos.
Em Itália, porém, o sueco nascido nos Balcãs tinha-se destacado na época 2008/09, quando conquistou o título de melhor marcador com 25 golos.
Benzema, de Lyon a Madrid
Chegado ao Santiago Bernabéu no verão de 2009, juntamente com Kaká e CR7, como se fosse um mero adorno, o homem que José Mourinho descreveu como um "gatinho" já tinha, no entanto, conquistado o troféu de melhor marcador da Ligue 1 um ano antes com o Lyon, com o qual tinha marcado 20 golos.
Com os Blancos, porém, ele demorou a engrenar e tornar-se o dono do ataque por direito próprio. Depois de anos a lutar com com Gonzalo Higuaín e a atuar como escudeiro de Ronaldo, o francês explodiu como um verdadeiro goleador. Libertado primeiro da presença incómoda de CR7 e depois da concorrência implacável de Messi, que partiu para o PSG, Karim Benzema tornar-se-ia o Pichichi da LaLiga na época 2021/22 com 27 golos, aos 34 anos.
Lewandowski e Toni, panzers "alemães
Robert Lewandowski é o mais recente a juntar-se a este pequeno círculo de goleadores que não se deixam afetar pelas diferenças culturais para serem decisivos. Vencedor do troféu Pichichi na época passada com a camisola do Barcelona, com 23 golos, o polaco já se tinha distinguido na Bundesliga, competição em que foi o rei dos avançados, primeiro com o Dortmund, em 2013/14, e depois seis vezes em sete épocas, incluindo cinco consecutivas, com a camisola do Bayern, de 2016 a 2022.
Antes dele, no entanto, outro típico homem de área tinha dominado na Alemanha: Luca Toni. Artilheiro do campeonato italiano com a Fiorentina em 2005/06 com 31 golos, o avançado de Modena chegaria ao Bayern no verão seguinte à vitória no Mundial-2006. Na Baviera, ele repetiu o feito pouco tempo depois, tornando-se o melhor marcador da Bundesliga, com 24 golos. Não contente com isso, Toni repetiria o feito em Itália na temporada 2014/15, quando voltaria ao trono dos melhores marcadores com 22 golos ao lado de Mauro Icardi.
Aubameyang, a flecha do gol
Pierre-Emerick Aubameyang foi transformado num avançado por Jurgen Klopp, que o colocou no Dortmund como líder ofensivo logo após a saída de Lewandowski para o Bayern. No entanto, quem mais beneficiou com isso foi o seu sucessor Thomas Tuchel, que na época de 2016/17 o viu marcar em nada menos do que 31 ocasiões na Bundesliga. Três anos mais tarde, o gabonês formado no AC Milan voltaria a repetir o feito, mas com a camisola do Arsenal na Premier League, marcando 22 golos e conquistando o título de melhor marcador ao lado de Mohammed Salah e Sadio Mané.
Vieri, Colchonero e Nerazzurri
Mas quem começou tudo foi Christian Vieri, que, contra todas as probabilidades, abriu as portas da LaLiga aos italianos ao aceitar o convite do Atlético de Madrid do histriónico patrono Jesus Gil y Gil no verão de 1997. A primeira e única época em Espanha foi um sucesso absoluto, marcando 24 golos em igual número de jogos.
Recrutado de volta ao seu país pelos milhões de riquezas de Sergio Cragnotti na Lazio, mais tarde chegaria ao Inter para formar equipa com Ronaldo. Mas a melhor época de sempre foi imediatamente após a saída do Fenómeno, quando na temporada 2002/03 marcou 24 golos em 23 jogos e se tornou o melhor marcador do campeonato.
Dzeko, de patinho a cisne
Neste clube exclusivo também se encaixa Edin Dzeko, que viveu uma primeira juventude na Alemanha e uma segunda na Itália. Artilheiro da Bundesliga com o Wolfsburg em 2009/10, quando marcou 22 golos, o Cisne de Sarajevo viria a viver uma fase de cinzenta no Manchester City, que ainda não era a máquina perfeita que reconhecemos.
Depois de uma primeira época de aclimatação na Roma, explodiria definitivamente na temporada 2016/17, quando, sob as ordens de Luciano Spalletti, conquistou o título de goleador graças a 29 golos.