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De Wilshere a Kane: como Massey, treinador das camadas jovens do Arsenal, se tornou uma lenda

Tribal Football / Jacob Hansen
Jack Wilshire foi um jogador que Massey ajudou a desenvolver
Jack Wilshire foi um jogador que Massey ajudou a desenvolverProfimedia
Roy Massey tem uma óptima anedota sobre um ícone do futebol britânico George Best...

"Eu estava no Rotherham, a jogar contra o Manchester United em Millmoor, numa repetição da Taça de Inglaterra. A 15 minutos do pontapé de saída, todos os jogadores tinham mudado de roupa, prontos para o aquecimento, quando vejo a porta de entrada dos balneários do Manchester United e vejo George Best, de casaco de cabedal e gravata, a conversar", recorda Massey.

"Corri para lá, disse aos meus colegas que o Best não ia jogar e todos ficaram muito contentes. Pouco antes do pontapé de saída, os jogadores do United saíram em fila indiana e quem é que estava lá atrás, a meter a camisola para dentro? George Best, apenas mais um jogo", acrescenta com uma grande gargalhada.

Massey não tem poucas anedotas de uma longa vida passada dentro e fora do futebol e reuniu algumas delas no seu livro de memórias, "A Life in Football and a Coach to the Stars", sobre o qual o Tribalfootball.com teve a oportunidade de conversar. Massey passou 16 anos a trabalhar em tempo integral na formação do Arsenal, onde ajudou a desenvolver talentos como Jack Wilshere, Bukayo Saka e Emile Smith Rowe, além de ter deixado Harry Kane ir embora.

Hoje na sua oitava década de vida, Massey entrou para a recém-criada academia juvenil em 1998, respondendo ao chamamento do então técnico Liam Brady. Imaginar um grande clube como o Arsenal, várias vezes campeão inglês, sem ter um campo para os jovens treinarem em 1998? Ainda mais desconcertante é o facto de esta ser a norma no futebol inglês de então.

"Antes de ir para o Arsenal, estava no Norwich City. Tínhamos de alugar os terrenos da Universidade de Norwich para treinar. Só quando venderam o Chris Sutton ao Blackburn Rovers é que compraram um campo que transformaram num excelente campo de treinos", conta Massey, que continuou a sua carreira no Arsenal quando surgiu a oportunidade.

"Voltei para o Arsenal e, mais uma vez, alugámos áreas e campos para jogar alguns dos jogos das camadas jovens. Foi só em 2000, quando comprámos o campo de treinos de Walthamstow Hale End, que criámos o nosso próprio campo de treinos".

O atual treinador do Arsenal, Mikel Arteta, passou pelas fileiras como jogador do Arsenal durante o mandato de Massey nos Gunners e também era um visitante assíduo da academia.

"Ele costumava vir à academia para assistir a alguns treinos e participar de alguns treinos, quando estava a desenvolver as suas próprias habilidades de treinador", diz Massey, acrescentando que um certo tipo de jogador costuma interessar-se pela academia.

"Alguns jogadores querem continuar a sua carreira como treinadores e vêm até cá para ver o treino e a formação. Steve Bould foi outro deles" , conta Massey, que o classificou como um "homem maravilhoso".

Em relação à sua própria carreira, Massey recusou oportunidades de jogar no Aston Villa e no Arsenal, concentrando-se em terminar a sua formação como professor. Uma decisão inteligente, já que teve de abandonar a carreira de jogador aos 27 anos devido a uma lesão.

Uma carreira demasiado curta, tal como a de um certo Jack Wilshere, que Massey teve o prazer de ver crescer.

"Ele era um jovem jogador inacreditável. Vimo-lo quando tinha oito anos, a jogar no Luton Town, e pagámos uma compensação por ele. Como estudante, ele era excecional entre os oito e os 18 anos e todos pensámos que tínhamos um jovem jogador fantástico para muitos anos, a competir pelo Arsenal no meio-campo", lembra.

Mas Massey está entusiasmado com o facto de Wilshere estar agora a tomar conta dos sub-18 do Arsenal: "É uma oportunidade brilhante para ele."

Por falar em jogadores jovens, Massey tem uma teoria interessante de que o sistema de playoffs tem prejudicado muito os jovens que têm a oportunidade de chegar à categoria principal.

"Quando eu jogava, o Rotherham United geralmente tinha a garantia, em fevereiro e certamente no início de março, de que não seria rebaixado ou promovido. Por isso, nos últimos dois meses da época, a pressão sobre o treinador era menor do que hoje em dia, já que quase todos os clubes, até à última semana da época, podem ter hipóteses de ser promovidos ou estão em risco de ser despromovidos", aponta.

"No meu tempo, um treinador podia ter um jovem de 17 ou 18 anos a estrear-se na equipa principal sem a pressão de perder ou ganhar. Na minha opinião, os playoffs arruinaram isso", afirma Massey no final da nossa conversa.