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Exclusivo com Frank Leboeuf: "O problema do Chelsea não é Pochettino, Boehly não percebe de futebol"

Tribal Football
Frank Leboeuf, antigo jogador do Chelsea
Frank Leboeuf, antigo jogador do ChelseaAFP
"É justo que se recebam algumas críticas quando se gasta mil milhões e se tem este tipo de resultados, além de estarmos em 11.º lugar na Premier League", afirma Frank Leboeuf, grande ídolo do Chelsea, em entrevista ao Tribalfootball. No entanto, defende, o Chelsea pode tirar algo de positivo da final da Taça da Liga, perdida diante do Liverpool.

"Eles só perderam no último minuto e a defesa foi boa. Eles correram o risco de sofrer um golo, mas conseguiram fazê-lo bem sem a experiência de Thiago Silva. Mesmo na derrota, aprende-se alguma coisa e tira-se algo disso", explicou Frank Leboeuf.

"Chama-se experiência e, por vezes, é melhor levar uma bofetada na cara do que um aperto de mão. Não se aprende nada com o sucesso, apenas se fica feliz com ele. Com as derrotas, o ego é tocado", acrescentou o homem que sabe uma coisa ou outra sobre sucesso, tendo feito parte da seleção francesa campeã do mundo em 1998. Era uma equipa cheia de personalidade, como muitas que o Chelsea teve ao longo dos anos, mas que parece não ter hoje em dia.

"São demasiado jovens, acabaram de sair da academia. É como um viveiro de jogadores fantásticos, mas que não sabem o que fazer. E precisam de mais do que um líder para lhes dizer para onde devem ir e para se manterem unidos quando algo corre mal", continuou Leboeuf, apontando Enzo Fernández, médio ex-Benfica, como alguém que poderia pegar na batuta.

"É um campeão do mundo, por isso queremos acreditar nele, mas quando Thierry Henry tinha 20 anos e foi campeão do mundo com o Arsenal, não lhe deram ouvidos porque havia outros jogadores, como Martin Keown e Tony Adams, que tinham mais experiência. Imaginem Thierry Henry com 20 anos e campeão do mundo no meio da equipa do Chelsea. Não teria efeito nenhum", explicou Leboeuf, ao mesmo tempo que deixa claro se Mauricio Pochettino é o técnico certo para o Chelsea.

"Ninguém pode ser o treinador certo para o Chelsea neste momento. Será que vai ser bom dentro de talvez três, quatro, cinco anos? Não sabemos. Por isso, Pochettino faz o que pode, e penso que se sai bastante bem, mas não pode dar experiência aos jogadores. Eles só adquirem essa experiência jogando, mas é muito cedo para fazer uma afirmação sobre esta equipa, porque ela não foi construída para ganhar coisas neste momento. É impossível, é uma empresa comercial", afirmou Leboeuf, numa crítica mordaz ao reinado de Todd Boehly até à data.

Uma crítica que também fez antes da final, quando afirmou que "até se podia pôr lá o Pep Guardiola, e acho que ele não teria feito nada de especial com esta equipa do Chelsea".

"Quando se pensa que o futebol é apenas um negócio, engana-se. Não é assim que eu penso o futebol. Há que agradar aos adeptos. É o que nós adoramos. Faz parte da nossa cultura. E se não compreendem a nossa cultura e o que queremos, estão enganados", afirmou Leboeuf, antes de voltar a falar de "Poch".

"Gostava muito que ele ganhasse alguma coisa. Perdeu a Taça da Liga e a Liga dos Campeões (com o Tottenham) e agora isto. Acho que ele é um bom rapaz, que trabalha muito para o clube, mas parece que está sempre no clube errado, na altura errada. Mas o que ele faz tem de ser respeitado, sem dúvida", defendeu.

Leboeuf ganhou três finais da Taça das Taças durante a sua passagem pelo Chelsea, tendo também sido bem sucedido na Taça dos Vencedores das Taças da UEFA, e não acha que possa tornar-se um problema psicológico para Pochettino perder outra final.

"Há um mês, quem pensaria que o Chelsea perderia apenas no último minuto do prolongamento contra o Liverpool, quando tinha acabado de ser completamente goleado em Anfield? A progressão está aí. A evolução do jogo está lá. Mas se não tivermos um avançado, e não tivermos alguém que possa marcar golos..." desabafou.

"Até o Manchester City foi buscar um avançado e tinha acabado de ganhar a Premier League e tudo. Porque isso faz a diferença", acrescentou Leboeuf, considerando que os golos eram a única coisa que o Chelsea podia ter feito de diferente contra o Liverpool.

"Acho que começaram a ficar um pouco assustados, e isso é explicável, uma vez que não têm experiência, são jogadores jovens. O Liverpool foi melhorando ao longo do jogo e, a certa altura, se não marcarmos, ficamos em perigo. O futebol é assim, é preciso marcar golos", afirmou.