O primeiro minuto
Logo no início do jogo, houve um choque entre Cech e o extremo irlandês Stephen Hunt, do Reading.
Hunt estava a correr atrás de uma bola longa, o guarda-redes checo apanhou-a no chão mesmo à sua frente e Hunt atingiu Cech na cabeça com o joelho. À primeira vista, não parecia ser nada de muito grave.
O árbitro, Mike Riley, também não reagiu de forma urgente. Primeiro, avisou Hunt e só passado um momento, com Cech ainda deitado no relvado, chamou os médicos.
Mais tarde, Riley foi criticado por ter reagido demasiado lentamente - cada segundo poderia desempenhar um papel crucial no que se tornou uma questão de vida ou de morte. A lesão de Petr Cech era muito grave.
Tempo de lesão
Cech foi substituído por Cudicini, mas o segundo guarda-redes do Chelsea também não terminou o jogo. Nos descontos da segunda parte, o Reading cobrou um canto, e Cudicini chocou forte com Ibrahima Sonko, do Reading, e acabou por cair no chão. O guarda-redes chegou mesmo a ficar inconsciente e teve de abandonar o relvado numa maca.
Nessa altura, só se podiam fazer três substituições no futebol. José Mourinho, no banco de suplentes do Chelsea, utilizou as três anteriores e não tinha outras substituições disponíveis, pelo que Terry teve de assumir a baliza nos últimos segundos do encontro, que viu o Chelsea ficar reduzido a nove jogadores, uma vez que Mikel John Obi tinha sido expulso.
Mesmo assim, o Chelsea conseguiu conquistar os três pontos.
Capacete do "scrum"
Petr Cech sofreu uma grave fratura craniana no choque com o joelho de Hunt. Foi imediatamente submetido a uma operação difícil e os médicos informaram mais tarde que o incidente quase custou a vida a Cech.
Recebeu alta hospitalar ao fim de 10 dias. O Chelsea anunciou que o guarda-redes iria ficar de fora durante três meses, de acordo com os conselhos médicos sobre o tempo necessário para a recuperação completa da fratura craniana. Numa das entrevistas, Cech disse que não se lembrava da lesão.
Voltou à ação em janeiro de 2007 e foi um regresso muito exigente, na visita do Chelsea ao Liverpool. Cech sofreu um golo aos quatro minutos e outro aos 18.
Nenhum deles foi culpa sua, mas deve ter sido difícil para o seu psicológico. Muitos anos mais tarde, admitiu que tinha um medo terrível depois de regressar da lesão e que tinha receio de entrar em contacto com os adversários.
O Liverpool venceu o Chelsea por 2-0, mas o guarda-redes superou os seus medos de forma admirável.
Logo após a derrota contra o Liverpool, Cech passou 817 minutos na Premier League sem sofrer qualquer golo. A 11 de abril de 2007, devido aos oito jogos consecutivos sem sofrer golos, foi distinguido pela primeira vez na sua carreira como Jogador do Mês da Premier League.
Felizmente, o jogo entre o Reading e o Chelsea, em outubro de 2006, não teve consequências fatais para ambos os guarda-redes, mas abriu um debate entre especialistas, comentadores, analistas e antigos guarda-redes sobre a necessidade de uma maior proteção dos guarda-redes durante o jogo.
Os árbitros, porém, estavam sob pressão e, desde então, têm tido de prestar mais atenção às lesões, especialmente na zona da cabeça. E, claro, também Stephen Hunt foi alvo de grandes críticas, mais tarde.
Para ele e para toda a equipa do Reading, era ainda o início da sua primeira época na Premier League, e enfrentavam em casa o atual campeão Chelsea. Hunt foi então literalmente perseguido pelos meios de comunicação social e pelos adeptos, uma vez que, na sequência do incidente, recebeu ameaças de morte de adeptos do Chelsea.
Por outro lado, Cech revelou que, apesar de Hunt ter falado sobre o incidente na imprensa durante meses, não o tinha contactado pessoalmente nem lhe tinha pedido desculpa.
Felizmente, Cech recuperou da lesão e, ao longo da sua carreira, esteve entre os melhores guarda-redes do mundo.
Marca registada
Petr Cech começou a usar um protetor de cabeça, ao estilo do râguebi, para proteger a zona lesionada da cabeça quando voltou à ação. Inicialmente, usou um capacete fabricado pela Canterbury, da Nova Zelândia, uma famosa marca de vestuário desportivo que se dedica ao râguebi.
No entanto, o produto tinha o logótipo do fabricante, o que causou atritos com o fabricante de equipamentos do Chelsea, a Adidas, e também com o patrocinador da equipa nacional checa, a Puma.
O problema foi resolvido depois de este último patrocinador ter desenvolvido o seu próprio protetor de cabeça para Cech usar nos jogos do Chelsea e, durante os jogos da seleção nacional, usava um capacete sem o logótipo do fabricante.
O uso do protetor de cabeça tornou-se a imagem de marca de Petr Cech para o resto da sua carreira, incluindo no mundo virtual.