Flashback: O emblemático dérbi de Manchester em que o City alterou a balança do poder
O City venceu o jogo por 6-1, a maior vitória de sempre no dérbi de Manchester e a maior vitória no terreno do Manchester United desde que venceu por 5-0 em 1955. Para a equipa da casa, os Red Devils, o famoso "Teatro dos Sonhos" transformou-se num "Teatro dos Pesadelos".
No entanto, este jogo era já o segundo dérbi de Manchester da época. Os dois rivais tinham-se defrontado logo no início da época, em agosto de 2011, em Wembley, na luta pelo Community Shield. O City, detentor da Taça de Inglaterra e terceiro classificado da Premier League na época anterior, defrontou o United, atual campeão da liga.
Ao intervalo desse encontro, os Sky Blues venciam por 2-0, depois de Joleon Lescott e Edin Dzeko terem marcado. Mas Chris Smalling e Nani empataram o jogo a 2-2. Já nos descontos, Nani aproveitou uma hesitação dos defesas do City, Vincent Kompany e Gael Clichy, para selar a vitória dos Red Devils por 3-2, com o seu segundo golo no jogo.
Como resultado, no clássico da liga em outubro, os Citizens ansiavam por vingança. Como já revelámos, conseguiram-no em grande estilo.
Demolição no dérbi
A primeira parte terminou com 1-0 para os visitantes de azul celeste. O golo inaugural foi marcado por Mario Balotelli, o menino travesso do futebol mundial cuja história em torno deste jogo se estende muito para além da linha lateral.
Logo após o intervalo, Johnny Evans, do Manchester United, parou Balotelli com uma falta perto do limite da grande área e recebeu um cartão vermelho. O United ficou com 10 homens e as coisas começaram a desmoronar-se...
Aos 60 minutos, Balotelli marcou pela segunda vez no jogo e, aos 69', Sergio Aguero fez o 3-0 para o City.
Depois disso, Darren Fletcher marcou um golo de consolação para os Red Devils. No entanto, do minuto 89' ao 90+3', o City bateu David de Gea na baliza do United mais três vezes. Edin Dzeko marcou duas vezes e David Silva uma.
"Porquê sempre eu?"
Voltemos ao primeiro golo que abriu o marcador deste dérbi de Manchester, aos 22 minutos. Foi um momento de futebol maravilhoso.
Depois de um excelente trabalho de David Silva e James Milner, Mario Balotelli recebeu a bola da esquerda com um passe para trás e, com um remate em ângulo, de primeira, a 18 metros, bateu o guarda-redes espanhol do United.
Ainda mais espetacular do que o golo em si foi o festejo que Balotelli fez. Enrolou a camisola, puxou-a para cima da cabeça e, com uma expressão estoica no rosto, exibiu um slogan que dizia: "Why always me?"
Com este gesto, Balotelli estava a referir-se a várias histórias fora de campo que estavam a ser publicadas sobre ele nessa altura. Uma das mais estranhas aconteceu apenas um dia antes deste grande jogo.
Balotelli decidiu resolver o seu tédio na noite de sábado anterior lançando fogo de artifício na casa de banho da sua casa. Os bombeiros e a polícia tiveram de vir resolver a situação.
Apesar disso, o treinador do City, Roberto Mancini, incluiu-o na equipa titular no domingo e Balotelli lançou mais fogo de artifício em Old Trafford, de uma forma diferente.
O final definitivo de uma temporada
O City conseguiu humilhar o rival no final da temporada e conquistou o título nacional pela primeira vez desde 1968. O título foi conquistado com um dos finais de temporada mais emocionantes da história do campeonato.
O título foi conquistado no último dia da época. O City derrotou o Queens Park Rangers por 3-2, recuperando de uma desvantagem de 2-1 com dois golos nos descontos, mesmo antes do apito final.
Foi também o primeiro título da Premier League a ser decidido pela diferença de golos, com o golo da vitória do City sobre o QPR a surgir 15 segundos após o apito final da vitória do rival United por 1-0 sobre o Sunderland, que de outra forma teria dado o título ao lado vermelho de Manchester.
O autor do "golo de ouro" e um dos arquitectos do título do City foi Sergio Aguero. Foi uma das contratações mais notáveis a chegar ao Estádio Etihad no verão de 2011.
O City comprou Aguero ao Atlético de Madrid por 36 milhões de libras. Para além dele, os Sky Blues contrataram o antigo jogador do Manchester United, Owen Hargreaves, sem custos, e também fizeram uma grande despesa ao adquirirem Samir Nasri (24 milhões de libras) e Clichy (10 milhões de libras), ambos ao Arsenal.
Para além deles e dos já mencionados Kompany, Silva, Milner e Dzeko, os jogadores mais importantes do Manchester City na época do título 2011/12 foram o guarda-redes Joe Hart, os defesas Micah Richards e Pablo Zabaleta e os médios Yaya Touré e Gareth Barry.
Do vermelho ao azul
O dérbi de Manchester de outubro de 2011 parecia prenunciar que toda a cidade, bem como toda a Premier League, iria gradualmente mudar do vermelho para o azul celeste. O United conquistou o (ainda seu último) título em 2013. Depois disso, o lendário treinador, Sir Alex Ferguson, terminou o seu tempo ao leme do clube.
Em contrapartida, o City venceu a Premier League sete vezes desde então, incluindo quatro títulos consecutivos nas últimas quatro épocas. É seguro dizer que a vitória por 6-1 no derby de 2021 foi um ponto de viragem.