França inverte histórica hegemonia de Inglaterra em gastos no mercado de inverno
Terceiro campeonato com maior investimento no último verão, com 913,14 ME, atrás das congéneres inglesa e saudita, a Ligue 1 superou agora os 132,4 ME despendidos a meio da última época e superou o anterior recorde de 171,3 ME, que vigorava desde 2016/17.
Os franceses nunca tinham gastado tanto dinheiro numa temporada inteira e passaram a ladear Itália (1999/00), Rússia (2009/10) e China (2015/16, 2016/17 e 2018/19) nas raras exceções feitas ao domínio da Premier League nos mercados de inverno no século XXI.
Com apenas 119,82 ME investidos entre 01 de janeiro e quinta-feira, os ingleses caíram imenso face ao máximo de despesa de 842,56 ME fixado no período homólogo da época passada e induzido pela realização do Mundial 2022 às portas da reabertura do mercado.
Os gastos acumulados pelos 20 clubes da Premier League a meio de 2023/24 equivalem quase aos 121 ME investidos há um ano pelo Chelsea - líder mundial em despesas com transferências nas últimas três janelas - junto do campeão português Benfica pelo médio argentino Enzo Fernández, que passou a ser o reforço mais caro de sempre dos blues.
Os ingleses foram superados pelos escalões principais francês e brasileiro (146,98 ME), que permite transações até março, enquanto Itália (de 32,41 para 101,25 ME), Alemanha (de 67,27 para 82,5) e Espanha (de 35,48 para 81,25) cresceram em relação a 2022/23.
Impulsionada pelo Fundo de Investimento Público (PIF), a Arábia Saudita tinha emergido como nova atração de mercado durante o verão passado e passou a dar concorrência à elite europeia, ao libertar uns exuberantes 949,14 ME, mas, com a quota de oito atletas estrangeiros por clube quase cheia, só foi a 15.ª mais gastadora em janeiro, com 23 ME.
Esse montante correspondeu à mudança do defesa esquerdo brasileiro Renan Lodi dos franceses do Marselha para o Al-Hilal, orientado por Jorge Jesus e que, por comparação com o defeso, baixou do segundo para o 12.º lugar entre os clubes com mais despesas.
A supremacia da Ligue 1 foi globalmente sustentada por Lyon (50,13 ME), o bicampeão francês Paris Saint-Germain (40 ME) - que repartiu a vice-liderança dessa tabela com o campeão espanhol Barcelona -, Rennes (26,5 ME), oitavo, e Marselha (22 ME), 15.º.
Se o pentacampeão russo Zenit São Petersburgo (29,85 ME) encerrou o top 5, atrás do multicampeão alemão Bayern Munique (34,5 ME), o Benfica figurou como o sétimo mais gastador em termos mundiais, ao despender 27 ME entre os dianteiros brasileiro Marcos Leonardo (ex-Santos, 18 ME) e argentino Gianluca Prestianni (ex-Vélez Sarsfield, nove).
Os encarnados foram ainda sextos em receitas (26 ME), numa rubrica dominada pelos brasileiros do Athletico Paranaense (45 ME), que auferiram 40 ME com a saída do jovem avançado Vitor Roque para o Barcelona, seguindo-se os italianos do Hellas Verona (44,7 ME) ou o Palmeiras (33,01 ME), bicampeão do Brasil sob alçada de Abel Ferreira.
Vitor Roque foi mesmo o negócio mais caro deste inverno, cujo top 10 de transferências movimentou 239,1 ME, quase metade dos 466,6 ME somados no ano passado, e coloca Marcos Leonardo no nono lugar, a par dos belgas Arthur Vermeeren e Cyril Ngonge, que também foram contratados por 18 ME por Atlético de Madrid e Nápoles, respetivamente.
Hellas Verona (36,4 ME), Athletico Paranaense (33,38 ME) e o campeão argentino River Plate (25,48 ME) tiveram os melhores saldos de transferências na janela de inverno, em contraste com Lyon, PSG, FC Barcelona e Bayern Munique, os dois últimos sem saídas.
A Liga Portugal finalizou como 11.ª em gastos (47,4 ME) e sétima em receitas (50,7), capítulo no qual também ficou longe da liderança exercida pelo Brasileirão (195,93 ME).
O mercado continuará ativo em países como Áustria, Hungria, Polónia, Roménia, Rússia, Suíça, Sérvia, Turquia, Ucrânia, Argentina, Brasil e China, estando os jogadores em final de contrato autorizados a comprometerem-se livremente com outro clube para 2024/25.