Jim Ratcliffe chega a acordo para adquirir participação minoritária no Manchester United

O acordo, que prevê igualmente que o grupo INEOS de Ratcliffe assuma a gestão das operações futebolísticas do clube, põe termo a mais de um ano de incerteza, depois de os proprietários maioritários, a família Glazer, terem afirmado em novembro de 2022 que estavam a estudar opções estratégicas.

Os Glazers têm sido fortemente criticados pelos adeptos por terem presidido a um declínio no desempenho do clube desde que o antigo treinador Alex Ferguson se reformou em 2013, após um período de sucesso sem precedentes.

"Como rapaz local e apoiante do clube desde sempre, estou muito satisfeito por termos conseguido chegar a um acordo com o Conselho de Administração do Manchester United que nos delega a responsabilidade pela gestão das operações de futebol do clube", afirmou Ratcliffe (71 anos) em comunicado.

"Embora o sucesso comercial do clube tenha assegurado sempre a disponibilidade de fundos para ganhar troféus ao mais alto nível, este potencial não foi totalmente desbloqueado nos últimos tempos. Vamos trazer o conhecimento global, a experiência e o talento do grupo INEOS Sport para ajudar a impulsionar novas melhorias no clube, ao mesmo tempo que disponibilizamos fundos destinados a permitir futuros investimentos em Old Trafford", prometeu.

A compra da participação de Ratcliffe, a 30 euros por ação, avalia o clube 20 vezes campeão inglês em 5,71 mil milhões de euros, incluindo a dívida, disse uma fonte familiarizada com o assunto.

O clube disse que 200 milhões de euros do investimento planeado por Ratcliffe seriam pagos no fecho do negócio, e mais 100 milhões de eurs até ao final de 2024.

O xeque Jassim bin Hamad al Thani, do Catar, também estava a pensar comprar o clube, mas desistiu do processo, dizendo que não iria aumentar a sua oferta de 6 mil milhões de dólares.

A INEOS de Ratcliffe é também proprietária do Nice, clube da Ligue 1 francesa, do FC Lausanne-Sport, equipa da Superliga suíça, e trabalha com o Racing Club Abidjan, da Ligue One, da Costa do Marfim. Está também por detrás dos Grenadiers, uma das equipas de ciclismo mais bem sucedidas do mundo.

"Riqueza de experiência"

"Sir Jim e a INEOS trazem uma grande experiência comercial, bem como um compromisso financeiro significativo para o clube", afirmaram os presidentes executivos do Manchester United, Avram Glazer e Joel Glazer.

"E, através da INEOS Sport, o Manchester United terá acesso a profissionais experientes de alto desempenho, com experiência na criação e liderança de equipas de elite, tanto dentro como fora do jogo", acrescentaram.

Desde que Alex Ferguson abandonou o cargo, o Manchester United passou por cinco treinadores permanentes e três treinadores interinos, mas não conseguiu recuperar os dias de glória, ganhando uma Taça de Inglaterra, dois troféus da Taça da Liga e um título da Liga Europa em 11 anos.

A posição inflexível dos Glazers, de não venderem o clube ao longo dos anos, tornou-se uma fonte de frustração para os adeptos, que clamaram por mudanças e realizaram protestos quando a dívida líquida do clube subiu para mais de 600 milhões de euros.

O Manchester United Supporters Trust (MUST) saudou o investimento de Ratcliffe, mas questionou a nova estrutura que será criada e exigiu uma reunião com a equipa da INEOS para compreender os seus planos.

"Registamos as declarações de que ele e a sua equipa irão controlar as atividades desportivas, mas não sabemos como é que qualquer organização pode colocar a sua atividade principal nas mãos de um acionista minoritário e como é que isso funciona na prática", afirmou a MUST em comunicado.

"Cabe agora aos proprietários e à direção do clube explicar devidamente como funcionará esta nova estrutura, para onde será dirigido o novo investimento e como beneficiará a equipa em campo", acrescentou.

Sob o comando do treinador neerlandês Erik ten Hag, o Manchester United ocupa o oitavo lugar na tabela da Premier League - a 12 pontos do topo - apesar de um investimento em transferências de quase mil milhões de euros nos últimos seis anos.

Foi também eliminado das competições europeias, depois de ter ficado em último lugar no seu grupo da Liga dos Campeões.

"Estamos aqui a longo prazo e reconhecemos que temos pela frente muitos desafios e trabalho árduo", acrescentou Ratcliffe.

"A nossa ambição comum é clara: todos queremos ver o Manchester United de volta ao seu lugar, no topo do futebol inglês, europeu e mundial", assegurou.