Recorde as incidências da partida
O domingo em Old Trafford não foi uma competição. Nem de perto. Os jogadores mais velhos do Liverpool certificaram-se disso. Os senadores, como são conhecidos em Itália, entraram em campo. Tal como têm feito desde o início da época.
Mohamed Salah foi o protagonista - e com razão, dado o seu envolvimento nos três golos dos visitantes. Mas não esteve sozinho. Os veteranos Virgil van Dijk, Alisson, Andrew Robertson... todos se destacaram. Os veteranos deram um passo à frente. Não só para a ocasião, mas também, e sobretudo, para o treinador. Enquanto a equipa se encontrava em declínio na segunda metade da época passada, Arne Slot conseguiu revigorar - e dar energia - aos mesmos jogadores. Sim, houve ajustes nas táticas e nas dinâmicas durante o verão. Mas é evidente que o problema é mais profundo.
No futebol, diz-se que uma direção enfrenta uma de duas decisões para reanimar uma equipa em dificuldades: vender os jogadores ou abandonar o treinador. Em Anfield, essa responsabilidade saiu das mãos da Fenway Sports Group (FSG) graças a Jurgen Klopp. E com os mesmos jogadores à sua disposição, Slot reforçou a regra. Um novo rosto. Uma nova voz. E, de repente, aqueles que pareciam tão cansados, tão fatigados, em maio, estavam a correr pelo relvado de Old Trafford como se fossem dez anos mais novos.
E o mérito é do técnico. Slot claramente gostou do que viu na pré-temporada. Não entrou pelos portões de Shankly com nenhuma ideia pré-concebida sobre o que estava a herdar. Não havia motivo para mudanças, muito menos para uma revolução. A sua presença, como testemunhámos no domingo, foi suficiente. A mesma mensagem, com uma personalidade diferente, e os jogadores, especialmente os mais velhos, responderam.
E Slot conseguiu fazê-lo com o futuro de tantos em suspenso. Van Dijk, Robertson, Alisson... todos falaram durante o verão sobre a necessidade de olhar para além de Anfield. Salah, ao apito final, fez o mesmo. Mas continuam a lutar pela causa. Uns pelos outros. Ao mesmo tempo, a direção arrasta os pés em relação a novas ofertas de contrato.
Salah declarou após o seu golo: "Eu vinha para o jogo e dizia: 'olha, pode ser a última vez'. Ninguém no clube falou comigo sobre contratos, por isso pensei: 'Está bem, vou jogar a minha última época e veremos no final da época'. Sinto que estou livre para jogar futebol - veremos o que acontece no próximo ano".
Salah, como o próprio admitiu mais tarde, já viu tudo isso antes. E, para ele e para os seus colegas mais experientes, esta é uma parceria com Slot. Apenas ajustes. Pequenos ajustes. É tudo o que é necessário.
"Consegui participar em três golos e estou contente com isso. O treinador gosta que pressionemos alto e houve alguns erros e conseguimos aproveitá-los. Fazia parte do plano", acrescentou Salah.
"Com o Jurgen éramos sempre assim, com a bola a chegar o mais alto possível. É muito semelhante ao de há sete anos, o treinador tem o seu próprio sistema e nós tentamos adaptá-lo", explicou.
Para o United, Erik ten Hag não tem essa experiência. Tentaram importá-la, é certo, mas - como demonstrou o desempenho de Casemiro - não funcionou. No final, foi um jogo de homens contra rapazes, literalmente. O treinador do Manchester United foi para o intervalo com Toby Collyer e Kobbie Mainoo no meio-campo. Corajoso? Ambicioso? Claro. Mas contra uma equipa da qualidade do Liverpool, nunca iria funcionar.
Embora Casemiro tenha sido o principal alvo das críticas, Mainoo também esteve fora de ritmo durante os 90 minutos. Collyer teve os seus momentos e mostrou alguns movimentos e passes inteligentes, mas a velocidade vertiginosa dos ataques do Liverpool obrigou-o a fazer um grande esforço nos últimos 20 minutos. Fisicamente, o jovem não estava preparado para um passo tão grande. Mais uma vez, eram homens contra meninos.
No rescaldo do jogo, Ten Hag disse que "não era um mágico". E, para ser justo, foi pró-ativo com as suas substituições e mudanças de tática, mas o Manchester United ficou muito aquém das expectativas no domingo. A campanha da época passada na Taça de Inglaterra estabeleceu o padrão para esta equipa. As vitórias sobre o Liverpool e o Manchester City mostraram o nível que estes jogadores podem atingir. Para o seu treinador, uma queda de rendimento como a que se registou no domingo é inaceitável.
Para Slot, essas preocupações ainda não o atingiram. Na verdade, as coisas estão a correr tão bem que a sua defesa ainda não sofreu qualquer golo esta época. O Liverpool, com os seus jogadores mais experientes tão inspirados, foi realmente muito melhor do que o seu adversário.
E deixamos esta coluna com Salah para encerrar. Tal como o egípcio, fiquei surpreso e tenho de concordar: foi fácil, fiquei um pouco surpreso. O jogo podia ter terminado cinco ou seis.
"O novo treinador vem com o seu estilo e quer que todos se adaptem, teve algumas reuniões com os mais experientes e disse que é preciso dar o exemplo aos mais jovens...".