Ndiaye não sabia falar uma palavra de inglês e não tinha nenhum clube de futebol a que se juntar quando chegou ao país, depois de o seu pai se ter mudado para Londres por motivos profissionais.
"Tinha 14 anos quando cheguei a Inglaterra. Eu e uma das minhas irmãs mais novas fomos viver com o meu pai, mas nenhum de nós falava inglês, o que foi um desafio quando começámos a escola na Westminster Academy", ri-se.
"Tivemos um professor de francês e ele ensinou-nos algumas coisas rapidamente, para ser sincero. Em dois ou três meses, já tinha aprendido tudo o que era básico. A escola não era o meu forte, para ser sincero, por isso só precisava de aprender inglês! Estava demasiado ocupado a fazer contagem decrescente para a hora de almoço, para poder sair e voltar a jogar futebol", explicou.
A paixão de Ndiaye pelo futebol começou desde muito cedo e finalmente teve a sua sorte, ao transferir-se para o Boreham Wood aos 16 anos.
"Foi uma experiência incomum", admite Ndiaye.
"Eu já estava em Inglaterra há quatro ou cinco anos quando aconteceu. No ano seguinte ao meu GCSE, não tinha equipa nem nada, por isso andava à procura de equipas para jogar e depois vi um curso em que se estudava e jogava futebol ao mesmo tempo. Muitas pessoas que queriam fazer o curso não tinham os GCSEs para entrar no lado da educação; sem a educação, não se pode fazer o futebol. O curso acabou por não ir avante, mas, felizmente, o responsável pelo meu curso conhecia o diretor da academia do Boreham Wood (Cameron Mawer) e perguntou-lhe se podíamos ir fazer testes. Ele concordou e lá fomos nós, e foi assim que a mudança acabou por acontecer. Fui o único dos 14 jogadores que ficou no clube", lembra.
A partir daí, o jogador de 24 anos teve uma ascensão acentuada antes de regressar a Marselha no verão passado, o que acabou por suscitar o interesse do Everton.
"Eu sabia do interesse do Everton quando estava no Sheffield United", revela Ndiaye.
"É muito bom saber que o clube e as pessoas têm esse apreço por nós, especialmente depois de ter tido uma época difícil no Marselha. Agora é a minha vez de retribuir a confiança que depositaram em mim com o meu desempenho em campo. É isso que quero fazer. Vejo algumas semelhanças (entre o Everton e o Marselha). São dois grandes clubes, clubes históricos com as suas próprias histórias. O futebol é uma coisa muito importante nas duas regiões e para os adeptos de ambos os clubes. Estou aqui há pouco tempo, mas já dá para ver como os adeptos do Everton apoiam os seus jogadores, mesmo na pré-época. Estou a aprender mais coisas sobre o Everton todos os dias e isso é algo que me interessa, claro. Mas, acima de tudo, mal posso esperar para entrar em campo, jogar e dar o meu contributo", assume.
"Sinto que sou adequado ao que o treinador quer. Desde muito cedo na minha carreira, disseram-me para fazer o trabalho duro primeiro e o resto virá depois. Sempre me mantive fiel a isso. Penso que aqui a filosofia é a mesma: todos trabalham arduamente e cada jogador traz as suas qualidades e atributos para que o desempenho seja completo. Para mim, posso contribuir com as minhas capacidades, marcando golos, fazendo assistências, e com o trabalho árduo de cada um", acrescenta.
O jovem avançado pode vir a revelar-se um trunfo vital para o Everton esta época, numa altura em que o clube procura terminar a sua última época em Goodison Park em grande.