O que está a correr mal no Manchester City de Pep Guardiola?

A derrota do City por 4-1 frente ao Sporting, na terça-feira, foi a terceira derrota consecutiva dos tetracampeões ingleses. a primeira vez que tal aconteceu desde 2018.

O médio Bernardo Silva disse que a equipa estava num "lugar sombrio" depois das derrotas contra o Tottenham, Bournemouth e Sporting em três competições diferentes. Mas Guardiola tinha uma visão mais otimista, prometendo "lutar e não desistir".

A AFP Sport analisa algumas das razões que explicam as recentes dificuldades do City, depois de um forte início de época.

Crise de lesões

Quando Guardiola confirmou, no final de setembro, que o médio espanhol Rodri perderia o resto da temporada por causa de uma lesão no ligamento cruzado anterior, houve uma sensação de sismo. O plantel do City está repleto de talentos, mas Rodri é o homem que faz a máquina funcionar, além de não perder há 52 jogos na Premier League. No mês passado, o jogador de 28 anos ganhou a Bola de Ouro masculina em reconhecimento dos seus feitos no City e pela seleção de Espanha.

Guardiola também não contou com outras estrelas esta temporada. Kevin De Bruyne voltou como à competição como substituto perto do final do jogo em Lisboa, a primeira aparição desde meados de setembro.Oscar Bobb, Ruben Dias, Jack Grealish e John Stones não viajaram para Portugal, enquanto outros jogadores também têm lutado contra lesões, incluindo Kyle Walker e Nathan Ake.

Antes do jogo com o Sporting, Bernardo Silva disse que o plantel "nunca arranjaria desculpas", mas mesmo um clube de vastos recursos não tem substitutos à altura para jogadores da qualidade de Rodri e De Bruyne.

Falta de fome?

O Manchester City dominou o futebol inglês durante a maior parte da última década, batendo recordes atrás de recordes sob o comando de Guardiola. Tornou-se o segundo clube a conquistar um triplete da Liga dos Campeões, da Premier League e da Taça de Inglaterra em 2023 e, na época passada, tornou-se o primeiro clube da história a conquistar quatro títulos consecutivos da primeira divisão inglesa.

A fome de sucesso de Guardiola parece não ter diminuído e ele transferiu esse desejo para os seus jogadores, vencendo a Premier League em seis das suas oito épocas completas no Etihad. O catalão disse em agosto que ele e os seus jogadores entram em cada campanha com o desejo de melhorar ainda mais, apesar do sucesso notável.

"Podemos sempre melhorar, há sempre o desejo de ser melhor individualmente. Eu quero ser um treinador melhor, e os jogadores querem ser melhores individualmente", disse.

É fácil exagerar a crise do City, estão em segundo lugar na Premier League e bem posicionados na Liga dos Campeões, apesar da derrota de terça-feira. Mas qualquer pequena queda na motivação pode ser fatal no mundo ultracompetitivo da Premier League.

Antes de Guardiola, apenas Sir Alex Ferguson, no Manchester United, e José Mourinho, no Chelsea, conseguiram defender o título da Premier League.

Problemas fora do campo

Será que as distracções fora de campo estão a ter impacto no City? O contrato de Guardiola termina no final desta época e há muito que se especula se vai ou não assinar um novo contrato. Segundo informações recentes, o antigo treinador do Barcelona e do Bayern de Munique, de 53 anos, deverá ficar no Etihad pelo menos mais um ano, o que prolongaria o seu reinado para uns extraordinários 10 anos.

Outra questão fora do campo com enormes ramificações é a audiência em curso sobre mais de 100 alegadas infrações aos regulamentos financeiros da Premier League entre 2009 e 2018. O City nega qualquer irregularidade e afirmou ter um "conjunto abrangente de provas irrefutáveis" para limpar o seu nome.

Mas, se forem considerados culpados, poderão enfrentar uma série de castigos, incluindo uma grave penalização em pontos ou mesmo a expulsão da Premier League. A audiência começou em meados de setembro, mas o veredito da comissão independente não deverá chegar antes de 2025.

Guardiola tem defendido o City com firmeza, referindo a sua profunda ligação ao clube, mas deve estar desesperado por se livrar das distrações indesejadas.