Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Opinião: Não há dúvidas - vai correr bem, Amorim

Mário Rui Ventura
Rúben Amorim vai deixar o Sporting pela porta grande
Rúben Amorim vai deixar o Sporting pela porta grandeLUSA
228 jogos depois, com 161 vitórias, Rúben Amorim está de saída do Sporting. Depois do tropeção ao entrar num avião para ir negociar com o West Ham, na reta final da temporada passada, e depois da hipótese Manchester City, o treinador português de 39 anos vai mesmo cumprir o objetivo de treinar na Premier League, assumindo o comando do Manchester United.

A 5 de março de 2020, há mais de quatro anos, a frase de Rúben Amorim na apresentação oficial como treinador do Sporting, ficou na história do futebol português. "E se corre bem?". Correu. Rúben Amorim, depois do sucesso relâmpago no SC Braga, assumindo o comando técnico da equipa principal, após curtos meses na equipa B, substituindo... Ricardo Sá Pinto no banco de suplentes dos arsenalistas, aceitou trocar a estabilidade dada por António Salvador para assumir o comando de um clube maior, com certeza, mas com uma instabilidade, sobretudo desportiva, gritante.

As semelhanças são por demais evidentes, quatro anos depois. Rúben Amorim nunca escondeu o seu lado ambicioso e, depois de ter aceite trocar o SC Braga pelo Sporting, a meio da época, sagrando-se campeão nacional um ano depois, vai fazer precisamente o mesmo, agora, trocando o líder do campeonato, atual campeão em título, com uma estabilidade provavelmente nunca antes vista em Alvalade, pelo 14.º classificado da Premier League, autêntico cemitério de treinadores desde a saída de sir Alex Ferguson. E se corre bem?

Obviamente a notícia caiu que nem uma bomba. Em Alvalade e no futebol português. No balneário do Sporting e nos adeptos leoninos. O Manchester United paga, ao Sporting, exatamente o mesmo que os leões pagaram ao SC Braga pelo jovem treinador. A diferença é que Rúben Amorim é hoje um treinador titulado, não mais uma promessa, antes uma certeza, no futebol português e mundial. 10 milhões de euros é uma pechincha, uma gota no oceano económico do Manchester United, mas um autêntico balde de água gelada, e nunca um encaixe financeiro interessante, para o Sporting. Basta lembrarmo-nos que o Chelsea pagou, em 2012 (há 14 anos!), 15 milhões de euros ao FC Porto para levar André Villas-Boas, agora presidente dos dragões.

Em Manchester, Rúben Amorim vai herdar uma equipa em cacos mas, sem sombra de dúvidas, um plantel bem superior aquele que encontrou em Alvalade e que o levou, de imediato, a olhar para a Academia e a promover nomes como Nuno Mendes, Gonçalo Inácio, Eduardo Quaresma, Tiago Tomás, etc.

Rúben Amorim é ambicioso, isso está claro, mas é também teimoso. E em Alvalade deixou isso bem vincado, tanto na sua imediata alteração de sistema tático, para o 3x4x3, de sempre, desde o Casa Pia, até vários episódios de quase fé, como quando insistiu até ao fim em ter apenas Paulinho como avançado, antes da chegada (e impacto gritante) de Viktor Gyokeres. E aqui, os ingleses podem muito bem compará-lo a Pep Guardiola, que também acabou por dar o braço a torcer e "aceitar" Erling Haaland, com resultados, à escala, semelhantes aos de Gyokeres. 

Ora no United Rúben Amorim não vai ter Gyokeres, nem Paulinho, mas terá Hojlund, outro nórdico, e Zirkzee, neerlandês. Podemos fazer o paralelismo? Creio que sim, porque é ponto assente que o treinador vai mudar (quase tudo) em Old Trafford, do sistema tático à forma de comunicar - e o inglês, embora enferrujado, servirá perfeitamente nos primeiros tempos. No United não terá o "especial" Pedro Gonçalves, nem o "chato" Nuno Santos, mas terá em Bruno Fernandes um fiel escudeiro, o seu novo Coates, com a braçadeira de capitão, extensão do treinador dentro de campo e o braço direito para implementar, rapidamente, as suas ideias.

Em Inglaterra, claro está, questiona-se a capacidade de um treinador português de 39 anos para alterar a espiral descendente deste Manchester United. Claro. Também o fizeram com André Villas-Boas. Até o fizeram com José Mourinho. É natural. Quem é que, a 5 de março de 2020, acreditava que aquele jovem técnico, por quem o Sporting pagaria 10 milhões de euros, transformaria o clube leonino no emblema mais estável e principal candidato ao título na Liga Portugal? Diria que, além dele próprio, Frederico Varandas. E Hugo Viana, ainda que de pé atrás. Correu bem. Correu muito bem. Acima das próprias expectativas de Rúben Amorim. Faltava pouco por cumprir em Alvalade, tirando o bicampeonato. Que ainda poderá vir festejar, em maio, no Marquês. E não tenho dúvidas que virá com um sorriso, e com o sentimento de dever cumprido, em Old Trafford. Porque Rúben Amorim está mais que preparado para a Premier League. Não há interrogação. Vai correr bem. Ponto.

Opinião de Mário Rui Ventura
Opinião de Mário Rui VenturaFlashscore