"Estou muito feliz por muitas pessoas que acompanham o clube há muitos anos. Hoje estamos a festejar no avião, amanhã vamos descansar. Depois vamos comprar um novo livro e voltar a escrever grandes histórias". Satisfeito, mas sempre com fome de mais, Pep Guardiola falou sobre os seus sentimentos após a vitória por 4-0 sobre o Fluminense na final do Mundial de Clubes.
Nos oito anos em Inglaterra, o treinador não só bateu recordes, como também deu uma nova dimensão ao Manchester City. É uma marca digna dos maiores, e fruto de um longo esforço para escrever um pouco mais de história, depois de ter conseguido seis títulos com o Barcelona em 2009.
Uma remodelação
Quando chegou ao City, depois de uma campanha épica com o Bayern em 2016, Pep Guardiola tinha apenas uma ideia em mente: transformar o clube inglês num verdadeiro competidor nacional e europeu. A chegada da direção do Emirates deveria mudar tudo isso e dar início a uma nova era. Mas não foi o que aconteceu. Os Skyblues nunca ganharam tanto, tanto a nível nacional como internacional. O clube de Manchester está no topo do mundo e deve muito ao tático espanhol.
Novos jogadores entraram em campo no Estádio Etihad, novas tácticas ofensivas e defensivas foram postas em prática e a história desenrolou-se diante dos nossos olhos. Com um plantel rejuvenescido e com as peças a serem polidas, Guardiola deu forma a tudo o que permitiu ao United vencer cinco Premier Leagues, quatro Taças da Liga, duas Supertaças de Inglaterra e duas Taças de Inglaterra. Um facto confirmado por Riyad Mahrez em 2020: "Quando se vê a sua equipa jogar, sabe-se que é Guardiola. Ele deixou a sua marca aqui."
Adepto do futebol total e do futebol espetáculo, simplesmente revolucionou o seu clube e deu-lhe uma nova identidade. Em 2018, apenas dois anos após a sua chegada, explicou na SFR Sport 1: "Quando tenho a bola, posso marcar. Os meus jogadores tornaram-se futebolistas para jogar com a bola. Eu dou-lhes esse prazer. Neste momento, tenho os jogadores que mais atacam no espaço. Assim, utilizamos todo o campo para marcar golos".
Ele fez desta identidade o símbolo dos Citizens. O maestro do Manchester City demonstra todos os anos o talento e o desejo de excelência: "Tentamos movimentar-nos rapidamente para tentar deslocar os nossos adversários bem organizados. Passar a bola rapidamente perturba a estrutura deles"
Padrões
O que também caracteriza a passagem de Guardiola pelo Manchester City é toda a sua filosofia. Para além do seu estilo de jogo "espetacular", o catalão exige muito dos seus jogadores. O objetivo é atingir e manter a excelência. Por isso, as sessões de treino são conduzidas com mão de ferro e as actuações em campo são meticulosamente orquestradas.
E isso convém aos seus jogadores. Quanto mais treinam, melhor se tornam. "Ser treinado por Pep é uma conquista definitiva", disse Ilkay Gundogan em 2020. "Ele pede muito aos jogadores, mas depois disso, é capaz de fazer de ti um dos melhores do mundo", testemunhou Ederson na mesma altura. "Ele sabe como tirar o melhor de nós", atestou também Ferran Torres.
São muitos os elogios a um treinador aclamado por todo o mundo. Sob a sua orientação, evoluiram jogadores do Barcelona e do Bayern. Mas foi no City que ele teve o maior impacto. A lista é longa. Kevin De Bruyne, Rodri, Ruben Dias, Bernardo Silva, Raheem Sterling, Phil Foden, Jack Grealish, Riyad Mahrez, John Stones, Julian Alvarez... E muitos outros puderam desenvolver o seu talento graças ao envolvimento do seu treinador. O que é a marca de um grande técnico.
A carreira do catalão fala por si. Todos os recordes que bateu e os troféus que conquistou já provam que ele é um grande jogador. Mas se olharmos mais de perto para as suas conquistas, percebemos que o mais importante foi dar um novo fôlego a uma equipa que lutava para chegar às seis grandes equipas inglesas e formar uma nova geração de campeões. O que, inevitavelmente, faz dele uma lenda do desporto.