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Opinião: Unai Emery mostra à Premier League o seu verdadeiro valor com o Aston Villa

Josh Donaldson
Unai Emery no Aston Villa
Unai Emery no Aston VillaReuters
As épocas na Premier League podem ser definidas tanto por grandes decisões como por pequenos momentos. No caso do Aston Villa, a decisão de retirar Steven Gerrard do cargo de treinador em outubro e substituí-lo por Unai Emery parece ter compensado.

Nessa altura, o clube tinha apenas duas vitórias nos primeiros 12 jogos do Premier League e corria o risco de se ver envolvido numa nova luta contra a despromoção. Entrou Emery, um homem com um verdadeiro pedigree na Europa, a trabalhar dentro de um orçamento apertado e a criar uma identidade para os jogadores seguirem e, normalmente, serem bem-sucedidos.

Não foi o que aconteceu na outra passagem pela primeira divisão inglesa, com o Arsenal, mas Emery construiu um nicho de sucesso em clubes de meio de tabela, como o Aston Villa, Villarreal e Valencia. E não foi só em equipas que começam por V que encontrou o sucesso - é sinónimo de Sevilha e dos títulos europeus que conquistaram.

O sonho europeu parece estar prestes a reacender-se na época de 2023/24, depois de Emery ter feito um trabalho de sucesso na equipa, que passou de uma situação de fracasso a uma situação de sucesso, de um olhar sobre o ombro para o Championship a um sonho de Liga dos Campeões.

Em ambos os lados do campo, o Aston Villa melhorou significativamente sob o comando de Emery. Desde que chegou ao clube, em novembro, os golos sofridos por jogo caíram de 1,45 no início da temporada, sob o comando de Gerrard, para 1,05. No ataque, a equipa está a marcar quase à vontade, passando de 0,63 golos por 90 minutos para 1,5.

Na vitória por 1-0 sobre o Fulham na noite de terça-feira, Emery tornou-se no primeiro técnico a ver a equipa marcar golos nos primeiros 20 jogos no comando. Um tipo de consistência que permite sonhar.

A forma recente do Aston Villa
A forma recente do Aston VillaFlashscore

A consistência desde a sua nomeação fez com que a equipa subisse na tabela. Se só contasse o período de tempo em que Emery esteve à frente do clube, o emblema de Birmingham estava no terceiro lugar com 42 pontos, atrás apenas de Arsenal e Manchester City. Uma época completa a este ritmo faria com que o clube registasse cerca de 79 pontos - um número que o teria colocado entre os quatro primeiros nas últimas oito épocas.

No entanto, com todas essas melhorias, seria perdoável não pensar muito no Aston Villa esta temporada. Com a ascensão do Arsenal, Brighton e Brentford, a queda de Chelsea e Liverpool e o caos no Tottenham, o progresso do Villa passou um pouco despercebido.

Isso pode ser devido à abordagem metódica de Emery. O sistema 4-2-3-1, preferido por Emery durante grande parte da carreira como treinador, permitiu que o Villa fosse mais paciente com a bola e criasse mais oportunidades.

Para ver a diferença real, as duas exibições contra o Fulham esta época dão uma perspectiva. A derrota por 0-3 fora de casa em Craven Cottage, em outubro, foi o último prego no caixão de Gerrard, que viu a equipa superada durante todo o jogo, com o conjunto orientado por Marco Silva a ter 18 remates, dominar a posse de bola e não permitir que o Villa tivesse qualquer espaço pelo meio.

As alterações introduzidas por Emery traduziram-se numa grande mudança na forma de jogar da equipa. Na vitória por 1-0 sobre o mesmo adversário, a equipa aumentou a precisão dos passes em sete por cento - o que sugere mais jogadas de construção - e limitou os Cottagers a apenas um remate durante os 90 minutos.

Tyrone Mings marcou o golo a meio da semana, um bom regresso de um jogador que melhorou muito sob o comando de Emery e que parece voltar a ser o patrão da defesa.

Sob o comando do espanhol, os Villains têm contado com Ollie Watkins para marcar golos. Soma 14 no campeonato, esta temporada, sendo que apenas um deles foi sob o comando de Gerrard. Isso pode ser explicado pelo fato de Emery ter feito dele o ponto central do ataque. Em janeiro, deixou sair Danny Ings, que tinha dificuldades para se entrosar com o companheiro de ataque no Villa Park, para o West Ham e confiou em Watkins para fazer a diferença. A série de 10 golos em 12 jogos durante o reinado de Emery sugere que está a funcionar.

Tyrone Mings e Ollie Watkins comemoram juntos contra o Fulham
Tyrone Mings e Ollie Watkins comemoram juntos contra o FulhamReuters

Com o sucesso em campo e a possibilidade de jogar na Europa, os adeptos do Villa podem estar preocupados com o que essa incursão no continente pode trazer. Afinal de contas, o clube já esteve lá antes neste século, principalmente sob o comando de Martin O'Neil, e acabou despromovido para a segunda divisão.

Mas com Emery ao leme e com o seu incrível, ainda que limitado, historial europeu, as coisas parecem mais positivas. O clube também parece ter um modelo de negócio sustentável, que fez com que o seu gasto líquido em transferências aumentasse para cerca de 50 milhões de libras nas últimas duas épocas, mas tem colhido os benefícios. Depois de um 14.º lugar na época passada, o clube está a caminho do seu melhor resultado na liga em mais de uma década.

Fora de campo, o investimento está a mostrar que esta mudança de sorte pode ter vindo para ficar. O Villa Park está prestes a passar por uma reforma que aumentará o público para mais de 50 mil pessoas - um aumento de quase 20% - com mais de 100 milhões de libras sendo gastas na recuperação de um dos estádios mais míticos da Inglaterra.

O Villa Park parece prestes a ser renovado num futuro próximo
O Villa Park parece prestes a ser renovado num futuro próximoReuters

Tal como as transferências, trata-se de um investimento considerável, mas que mostrará o seu valor com o passar do tempo.

Para o Villa, a entrada na Europa pela primeira vez desde a temporada 2010/11 significará mais jogos e a necessidade de um plantel maior para lidar com as exigências de quatro competições. No entanto, o principal objectivo será manter Emery satisfeito e permitir-lhe continuar a trabalhar com um plantel que, evidentemente, está a dar frutos.

O seu trabalho nos sete meses em que esteve ao leme foi notável e contribui em muito para corrigir os erros que teve no Arsenal, onde teve dificuldade em controlar um balneário fracturado depois de uma lenda do clube ter finalmente deixado o comando técnico.

Agora, parece mais experiente e mais em sintonia com a sua equipa, mas há sempre um novo teste ao virar da esquina, onde pequenos momentos e grandes decisões o definirão mais uma vez.