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Os motivos que fazem com que o futebol inglês esteja mais aberto aos jogadores japoneses

Kaoru Mitoma tem sido um dos jogadores japoneses de maior sucesso nos últimos anos
Kaoru Mitoma tem sido um dos jogadores japoneses de maior sucesso nos últimos anosBRYN LENNON / GETTY IMAGES EUROPE / Getty Images via AFP
Os jogadores japoneses estão a transferir-se para o futebol inglês em número recorde e outros parecem estar prestes a seguir-se, com os clubes atraídos pela sua qualidade, forte ética de trabalho e relação qualidade/preço.

Kaoru Mitoma é o talento mais destacado de cinco jogadores japoneses na Premier League, com mais oito no Championship e dois na League One.

O médio do Liverpool, Wataru Endo, capitão do Japão, acredita que os seus compatriotas estão a ser "mais valorizados" pelos clubes ingleses do que no passado.

"Os funcionários do Liverpool perguntam-me sobre muitos jogadores japoneses, não necessariamente com vista a uma transferência, mas apenas dizendo que este ou aquele é bom jogador", disse Endo.

"Parece que há mais interesse em jogadores japoneses de todo o mundo".

Atualmente, também estão na Premier League os nipónicos Daichi Kamada (Crystal Palace), Takehiro Tomiyasu (Arsenal) e Yukinari Sugawara  (Southampton).

Receio adiou aposta

Os jogadores japoneses têm tido relativo sucesso na Premier League desde que Junichi Inamoto se tornou o primeiro a jogar no principal escalão de Inglaterra, juntando-se ao Arsenal em 2001. O jogador rumou a seguir ao Fulham depois de uma única temporada em que não conseguiu disputar nenhuma partida na Premier pelos Gunners.

Shinji Kagawa venceu a Premier League com o Manchester United em 2013, mas ficou à margem após um início brilhante e voltou ao Borussia Dortmund depois de dois anos de altos e baixos.

Joel Pannick, agente registado na FIFA, que tem 50 jogadores japoneses nas suas fileiras, diz que os clubes ingleses tinham anteriormente "um pouco de medo dos jogadores japoneses".

"A abordagem estereotipada seria que o jogador seria tecnicamente muito bom, mas será que ele seria fisicamente suficiente? Será que é suficientemente forte?", explicou à AFP.

"Anteriormente, os jogadores japoneses iam para a Alemanha ou Países Baixos, onde o futebol é mais técnico", contou.

Pannick diz que o recente sucesso dos jogadores japoneses nos clubes britânicos, especialmente no Celtic, sob o comando do antigo treinador da J. League e atual treinador do Tottenham, Ange Postecoglou, ajudou a mudar as perceções dos clubes.

Na opinião do agente, a pandemia da covid-19 alterou a forma como os clubes procuram jogadores, tornando as imagens de vídeo e os dados de todo o mundo mais facilmente disponíveis.

"As equipas não querem gastar tempo e dinheiro arriscando-se a ir para um lugar distante quando não sabem o que vão ver quando lá chegarem", afirma.

"Agora que tudo está disponível para ser visto horas ou minutos depois do jogo, acabou com qualquer receio de 'será que devemos olhar para o mercado japonês?'".

Yuki Ohashi tem dado nas vistas no Blackburn
Yuki Ohashi tem dado nas vistas no BlackburnFlashscore

Qualidade e valor

As taxas de transferência relativamente baratas tornaram os jogadores japoneses um investimento inteligente, com Pannick chamando-os de "valor mais atraente do que o jogador equivalente de qualquer outro lugar do mundo".

O Brighton pagou apenas 3 milhões de euros para contratar Mitoma em 2021, enquanto o prolífico goleador Kyogo Furuhashi se juntou ao Celtic por 5,3 milhões de euros no mesmo ano.

Estes preços significam que, nas últimas janelas de transferências, foram sobretudo os clubes do Championship que entraram no mercado dos jogadores japoneses.

O selecionador do Japão, Hajime Moriyasu, diz que os jogadores estão dispostos a jogar no segundo escalão e a trabalhar para subir.

"A J-League é uma liga muito boa, mas os jogadores querem jogar ao mais alto nível", disse Moriyasu.

"A Premier League é onde estão os melhores jogadores do mundo e eles também querem estar lá. Acho que muitos jogadores se mudaram para a Championship com o objetivo de subir de nível", justificou.

Pannick diz que as mudanças pós-Brexit nas regras de permissão de trabalho forçaram os clubes ingleses a olhar para além da Europa para contratações e ter "uma mente mais aberta e criativa".

Os recentes desempenhos do Japão no Mundial, que incluíram vitórias sobre a Alemanha e a Espanha no Catar em 2022, colocaram os seus jogadores na montra.

"Com os jogadores com quem trabalhei, se alguma coisa não correu bem, se foram retirados da equipa ou se lhes foi pedido que jogassem numa posição que não é a sua preferida, a resposta padrão é: 'O que posso fazer melhor?' Os jogadores identificam-se como embaixadores do Japão e querem dar uma boa imagem de si próprios", concluiu Pannick.