Premier League: Onde é que as coisas correram mal para os despromovidos?
A última vez que isso aconteceu foi em 1998, quando Barnsley, Bolton e Crystal Palace não conseguiram evitar a queda na temporada seguinte à promoção.
Este ano, o Sheffield ficou condenado logo em abril e o Burnley apenas 15 dias depois. Embora ainda tivesse hipóteses matemáticas para sobreviver, o Luton já estava praticamente despromovido na última jornada.
A turma de Rob Edwards estava a três pontos da zona de segurança, mas tinha uma diferença de golos muito inferior à do 17.º classificado Nottingham Forest, e precisava de vencer e que a equipa de Nuno Espírito Santo perdesse por uma diferença de 12 golos
Isso faz com que as três equipas regressem à Championship, por isso o Flashscore decidiu analisar o que correu mal para cada clube.
O terrível 2024 dos Hatters
Para o Luton, o plantel não tinha a qualidade necessária para permanecer na Premier League. Apesar de terem muito espírito de luta e de terem discutido até ao fim contra equipas como Liverpool, Arsenal e Aston Villa, não tinham o bónus das individualidades ou da experiência para traduzir essas exibições em pontos.
Além disso, o Luton está a atravessar uma fase incrivelmente má desde o início do ano. Os Hatters venceram apenas dois dos 20 jogos na liga em 2024 antes da última jornada - uma vitória a mais teria-os deixado no controlo do seu próprio destino.
Em retrospetiva, muitos dos resultados negativos poderiam ter sido diferentes com um pouco mais de experiência de Premier League no plantel. Por exemplo, desperdiçar uma vantagem de 0-3 contra o Bournemouth para perder por 4.3 ou não conseguir vitórias contra rivais diretos como Forest, Burnley ou Sheffield.
Nos jogos da liga em 2024, nove deles foram decididos por um golo - margens muito pequenas para a sobrevivência.
Apenas cinco jogadores de todo o plantel jogaram de forma consistente na Premier League durante as suas carreiras: Ross Barkley, Tim Krul, Andros Townsend, Marvelous Nakamba e Albert Sambi Lokonga. Curiosamente, nenhum deles é defesa. É difícil não pensar no que poderia ter acontecido se os Hatters tivessem acrescentado um defesa experiente à sua unidade defensiva.
Ter uma cabeça experiente no centro da defesa poderia ter ajudado a transformar aqueles empates e derrotas angustiantes em mais pontos - ou até mesmo manter a diferença de golos controlável.
É claro que o Luton perdeu o capitão Tom Lockyer devido a um problema de saúde imprevisto, o que também não ajudou nas hipótese da equipa, que voltou a cair para a Championship.
Construção irregular do plantel do Burnley
Quando um clube gasta mais de 100 milhões de euros em jogadores, os adeptos começam a pensar que isso os deixa em boa posição para a temporada que se avizinha. O Burnley fez exatamente isso - contratou 15 jogadores no verão de 2023 - numa tentativa de construir uma equipa pronta para levar um estilo de jogo limpo e rápido do Championship para a Premier League.
Da equipa que levou os Clarets à promoção, quatro jogadores-chave estavam emprestados e tiveram de ser contratados a título definitivo ou substituídos.
Jordan Beyer regressou a tempo inteiro, enquanto os esforços para trazer Nathan Tella - agora invencível no Bayer Leverkusen - e Ian Maatsen (prestes a disputar uma final da Liga dos Campeões com o Borussia Dortmund) acabaram por não ter sucesso. Taylor Harwood-Bellis acabaria por ser novamente emprestado ao Championship, o que levou o Burnley a optar por não o trazer de volta para a primeira divisão.
Depois de falhar a contração de alvos importantes, os Clarets procuraram outros jogadores e apostaram na juventude para preencher as lacunas do plantel. Apenas dois jogadores contratados no verão tinham mais de 25 anos: Lawrence Vigouroux e Nathan Redmond (ambos com 29).
Jovens talentosos como James Trafford, Aaron Ramsey, Luca Koleosho e Zeki Amdouni foram contratados, assim como jogadores com mais experiência, como Dara O'Shea e Sander Berge.
Apesar de colocarem o clube numa boa posição para o futuro, essas contratações acabaram por não ser suficientes para o presente - deixando a sensação de que o Burnley talvez pudesse ter gasto o seu dinheiro um pouco melhor.
Além disso, depois de não ter conseguido contratar Maatsen, o clube não contratou outro lateral esquerdo, o que se tornou um problema ao longo da época.
A construção irregular do plantel do Burnley - aliada à relutância em mudar tácticas que nem sempre funcionavam - deixou-o com uma montanha para escalar no final da época. A nova fornada de jogadores precisou de tempo para se adaptar à Premier League, com apenas 13 pontos em 27 jogos em meados de março.
No entanto, algo pareceu funcionar após o empate 3-3 com o West Ham, e a jovem equipa passou a somar 11 pontos nos 10 jogos seguintes, perdendo apenas três jogos. Isto sugere que o plantel precisava de tempo para se adaptar à divisão superior e que, se fosse mais equilibrado nas contratações, poderia estar em melhor posição para se manter.
Blades condenam-se
O Sheffield United foi o primeiro clube a ter a despromoção confirmada depois da goleada por 5-1 sofrida contra o Newcastle, mas, na verdade, mal teve hipótese de sobreviver. Os dois melhores jogadores durante a época de promoção em 2022/23 foram Iliman Ndiaye e Sander Berge. No final da janela de transferências de verão, ambos foram vendidos.
Ndiaye transferiu-se para o Marselha, em França, enquanto Berge partiu para o Burnley - o rival direto na despromoção. Com isso, os Blades começaram a temporada em situação pior do que aquela em que estavam quando foram promovidos, antes do verão.
A isto juntou-se o facto de o clube ter tido muito pouco dinheiro para reforçar o plantel no início da temporada, o que é, desde logo, uma receita para o desastre.
O Sheffield perdeu 27 jogos antes da última jornada e sofreu um recorde de 101 golos, com os Blades a registarem o terceiro pior registo de pontos de sempre na Premier League.
A péssima defesa, aliada a um ataque sem brilho, deixou o clube com muito pouco para comemorar durante a campanha e resultou no regresso ao Championship como uma das piores equipas de todos os tempos na Premier League.