Questões incómodas para os proprietários do Manchester United após a saída de Ten Hag
Depois de meses de especulação, o tempo acabou por se esgotar para Ten Hag, com o Manchester United a ocupar o 14.º lugar na tabela da Premier League, depois de ter sofrido a quarta derrota em nove jogos no campeonato, frente ao West Ham, no domingo.
O The Times recordou os problemas do United no verão, quando parecia que Ten Hag seria despedido.
No entanto, o novo sócio Jim Ratcliffe e o seu grupo Ineos tomaram o caminho inverso, recompensando Ten Hag com um aumento de salário e uma extensão do contrato, depois de o United ter vencido o Manchester City na final da Taça de Inglaterra, apesar de ter falado com outros candidatos para substituir o neerlandês.
"A autoridade de Ten Hag diminuiu durante o verão, em parte porque o United terminou em oitavo lugar, mas também porque a Ineos tinha começado a entrevistar candidatos para o substituir", diz o The Times.
"Como poderia ele impor o respeito dos seus jogadores quando era um segredo aberto que o clube tinha falado com cinco ou seis candidatos sobre a possibilidade de o substituir?", questiona o mesmo jornal.
A BBC também levantou questões sobre a forma e o momento da sua demissão.
"Embora poucos adeptos lamentem a decisão de despedir o treinador, a sua saída também levanta questões incómodas para os responsáveis de Old Trafford", afirmou no seu site.
"Por que razão - perguntam alguns - o clube não agiu mais cedo, em vez de permitir que potenciais substitutos, como Mauricio Pochettino e Thomas Tuchel, fossem contratados noutros locais? Foi um caso de lealdade admirável ou uma teimosia que saiu pela culatra?", questiona.
Thomas Tuchel foi entretanto nomeado novo selecionador de Inglaterra, enquanto Pochettino está agora a dirigir a seleção masculina dos EUA.
A BBC adianta ainda que Ten Hag deverá receber cerca de 15 milhões de libras (19,5 milhões de dólares) de indemnização.
"O Manchester United recusa-se a comentar o custo do despedimento de Ten Hag, mas essa despesa, juntamente com os 200 milhões de libras que foram gastos em mais contratações no verão, será agora objeto de um intenso escrutínio", acrescentou.
O The Guardian publicou a opinião de um adepto do United que contrariava a tendência, lamentando o despedimento.
"O United tem tido uma série de treinadores inadequados desde que Sir Alex Ferguson se reformou. Ou não 'entendiam' bem o clube (David Moyes/Louis van Gaal), ou eram demasiado divisivos (José Mourinho), ou não sabiam treinar (Ole Gunnar Solskjaer), ou eram demasiado honestos para o seu próprio bem (Ralf Rangnick). Ten Hag 'pegou' no clube, Old Trafford aceitou-o, ele sabe treinar e tem sido honesto, sem ser brutal... ganhou duas taças em dois anos", disse.
O Daily Mail, por seu lado, fez um balanço negativo da situação geral do United, sublinhando que Ratcliffe passou semanas a cortar custos no clube, chegando mesmo a dizer aos funcionários administrativos que já não podem apanhar táxis.
"Sir Jim Ratcliffe assistiu ao incêndio do Manchester United, livrando-se de pessoas pequenas enquanto Erik ten Hag lhes custava centenas de milhões", lê-se. "Não há muito mais para cair", acrescentou.