Ramires, antigo jogador do Benfica: "A depressão atingiu-me, Abel Ferreira foi fantástico comigo"
Ramires diz que seus últimos meses com o Palmeiras foram atormentados por abusos nas redes sociais, mas diz-se grato pelo apoio que recebeu do treinador português Abel Ferreira.
"Eu já estava em estado de ansiedade e até entrando em depressão", disse ao Globo Esporte.
"Aí aposentei-me, procurei um psicólogo, comecei a conversar, a expor-me, e a vida melhorou. O Abel é um cara que me trouxe paz para a decisão que tomei de parar e encerrar a carreira. E me deu a oportunidade de encerrar a carreira de uma forma digna. Ter terminado a minha carreira foi a melhor coisa que fiz e não me arrependo, digo-o de coração", explicou Ramires.
"Sempre fui muito competitivo. Quando cheguei ao Palmeiras, comecei a ter uma série de lesões. Na minha cabeça, eu estava a começar a ser um peso para o clube por não jogar, pelo salário. O futebol para mim nunca foi só financeiro. Saí de Barra do Piraí, fui para o Joinville, ganhei 80 reais e nunca mudei de clube por dinheiro, mas sempre por oportunidades de maior visibilidade", disse o antigo médio brasileiro.
"O Abel perguntou-me se eu queria sair pela porta da frente ou pela porta dos fundos. Ele começou a dar-me oportunidades, mais minutos de jogo e eu comecei a recuperar a competitividade. Comentei que a minha cabeça já não estava virada para o futebol, aconteceram várias coisas na minha vida pessoal. Mesmo assim, continuei mais um pouco e depois a conversa foi com a família e amigos mais próximos", acrescentou Ramires.
"Todos diziam que eu ainda tinha lenha para queimar, mas não tinha jeito. Não me surpreendeu o facto de vir do Abel. É um excelente treinador, uma pessoa extraordinária para se conhecer no futebol. Chamou-me para integrar a equipa técnica. Mas ele viu como eu estava", assumiu o antigo jogador do Benfica.
"As redes sociais estão a ultrapassar os limites. Está-se a trabalhar e recebe-se ameaças. Contra mim, não há problema, porque estava sempre rodeado de seguranças. A minha maior preocupação sempre foi a minha família. Minha mãe, meus irmãos, meus filhos. Eles conhecem toda a família do atleta e mandam o nome dos filhos na rede social, ameaçando. É nessa hora que a gente pára e fica impotente, sem ter o que fazer. Você vai jogar em Porto Alegre e sofre ameaça envolvendo o seu filho em São Paulo. Eu parei e vi que não era o caminho que eu queria seguir", explicou Ramires.