Aí está a nova liga da Arábia Saudita: campeonato das estrelas arranca esta sexta-feira
No novo ambiente, vão aparecer, entre outros, vencedores da Liga dos Campeões como Karim Benzema, Sadio Mané e Riyad Mahrez. Por outro lado, as estrelas Lionel Messi e Kylian Mbappé resistiram à tentação.
Os responsáveis da Liga anunciaram na quarta-feira que assinaram acordos de transmissão para mais de 130 países. No entanto, como nota a AP, os Estados Unidos não estão entre eles. Na Grã-Bretanha e na Alemanha, por exemplo, três dos nove jogos de cada ronda serão transmitidos pelo serviço de streaming da DAZN.
"O mundo poderá agora assistir da primeira fila à transformação do futebol saudita", disse o chefe interino da liga, Saad Allaziz.
O fundo de investimento estatal da Arábia Saudita, PIF, tem uma participação maioritária em quatro clubes de elite nas maiores cidades de Riade e Jeddah. São eles o Al Nassr de Ronaldo, o Al-Ittihad de Benzema, vencedor do campeonato, o Al-Hilal, que tem estado a tentar adquirir Messi e Mbappe, e o Al-Ahli.
"Isto é para ajudar a cumprir a ambição da Saudi Pro League de estar entre as 10 melhores ligas do mundo", disse a agência de notícias nacional em comunicado.
O enorme investimento no desporto é um esforço do príncipe herdeiro saudita Muhammad bin Salman, que preside a um fundo de investimento, para expandir a economia saudita para mais áreas até 2030. Os críticos, no entanto, vêem a atividade no domínio do desporto, como no golfe, através da criação da série competitiva LIV, como uma tentativa de melhorar a imagem do reino, prejudicada, entre outras coisas, pelo historial do país em matéria de direitos humanos.
Despesas generosas
Desde que as estrelas Ronaldo e Benzema chegaram à Arábia Saudita, ambos a custo zero, as transferências mais elevadas, próximas dos 70 milhões de euros, foram pagas pelos clubes por futebolistas de nomes menos ilustres: Malcom do Zenit, Rúben Neves do Wolverhampton e Sergej Milinkovic-Savic da Lazio.
O que os clubes pouparam em transferências, vão gastar em salários. Cristiano Ronaldo deverá ganhar 200 milhões de euros por ano e o atual vencedor da Bola de Ouro, Benzema, que deixou o Real Madrid após 14 anos, mais de 100 milhões de euros.
As generosas ofertas dos clubes sauditas também atraíram treinadores europeus, embora ainda não tenham conquistado títulos. O Abha será treinado pelo antigo selecionador nacional polaco, Czeslaw Michniewicz, o croata Slaven Bilic ocupará o banco do Al-Fateh. Já o lendário Steven Gerrard, do Liverpool, aceitou a oferta do Al-Ettifaq.
Alguns jogadores não foram atraídos para o Golfo apenas pelos salários generosos. Benzema, Mané e Mahriz já falaram sobre a importância de jogar num país muçulmano.
"A minha mãe é muçulmana como eu. Ela foi a primeira a convencer-me a vir para cá e toda a família estava entusiasmada com a ideia, por isso não foi uma decisão assim tão difícil", disse o senegalês Sadio Mané, que se juntou ao Al Nassr depois de uma época sem grande sucesso no Bayern Munique.
Sadio Mané é um dos quatro membros da equipa vencedora da Liga dos Campeões de 2019 do Liverpool, juntamente com Roberto Firmino, Fabinho e Jordan Henderson, que rumaram à liga saudita este verão. O internacional inglês Henderson foi criticado pela hipocrisia, depois de assinar pelo Al-Ettifaq, devido ao seu apoio à comunidade LGBTQ+ no passado. Mas as relações entre pessoas do mesmo sexo são criminalizadas na Arábia Saudita.
Os responsáveis pelo futebol esperam que a liga renovada produza estrelas locais que possam, um dia, dar continuidade à sensacional vitória no Campeonato do Mundo do ano passado, por 2-1, sobre a campeã Argentina.
"Sim, queremos tornar a liga orgulhosa e entreter os nossos adeptos e o mundo. Mas ela também deve servir às ambições atuais e futuras da seleção nacional", disse o presidente da federação nacional de futebol, Yasir Misahal.