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Antero Henrique e a reformulação da Qatar Stars League: "Aproveitámos muito bem a onda do Mundial-2022"

Mário Rui Ventura
Antero Henrique no Thinking Football
Antero Henrique no Thinking FootballLiga Portugal
De regresso ao Thinking Football Summit, desta feita para participar no painel "Qatar Stars League: Como Reformular uma Liga", que decorreu este sábado no TFS Stage, Antero Henrique, ex-diretor desportivo do FC Porto e do Paris Saint-Germain, partilhou a sua visão estratégica sobre a transformação da Qatar Stars League.

"A ideia da QSL era claramente manter uma estabilidade ao longo do tempo e construir, ou reconstruir, a liga, para um posicionamento que se revelasse possível. Que não fosse algo momentâneo", afirmou o dirigente. 

Antero Henrique sublinhou a importância do futebol no plano de investimento do Catar em entretenimento, afirmando que o desporto faz parte de um dos grandes vetores de investimento do país.

"Aproveitámos muito bem a onda do Mundial-2022 no sentido de promover, junto daqueles ativos que seria importante atrair, e foi claramente uma ajuda inquestionável", referiu, destacando o impacto do torneio como um trampolim para a QSL. 

Uma das mudanças mais significativas implementadas na QSL foi a contratação de jovens jogadores, com o objetivo de transformar a perceção de que o Catar era apenas um destino para jogadores em final de carreira.

Começámos por enviar uma mensagem grande ao mercado, a partir do momento em que começámos a contratar jogadores sub-21. Contratámos 40 jogadores numa fase inicial, com menos de 21 anos, dando-lhes uma estabilidade de carreira e uma estabilidade de processo que normalmente não têm", detalhou. Esta aposta nos jovens foi fundamental para alterar o estigma de que o Catar era apenas "um mercado de chegada" e transformá-lo num "mercado de partida", onde jovens talentos podiam crescer e ganhar visibilidade.

A contratação de jogadores jovens não só ajudou a alterar a perceção da liga no exterior, como também contribuiu para a formação de uma nova geração de treinadores e jogadores locais, que agora olham para a liga com mais motivação e ambição.

"Esta pool de jovens ajudou a que o processo do treinador fosse mais consistente e ajudou a motivar os jogadores locais jovens", acrescentou. 

Comparando com o projeto saudita, Antero Henrique reconheceu que os objetivos e as estratégias das duas ligas são diferentes. Enquanto a Arábia Saudita tem adotado um mediatismo assente em grandes nomes, como o de Cristiano Ronaldo, o Catar tem seguido um caminho mais sustentável e consistente.

"A Arábia Saudita é um projeto diferente, com um mediatismo enorme, fruto da grande responsabilidade do Cristiano Ronaldo. A ideia do Catar é diferente: consistência, sustentabilidade, contratação de recursos credíveis", explicou.

Outro aspeto crucial no processo de transformação da QSL tem sido a mudança de mentalidade no que toca à contratação de jogadores, o dirigente destacou que, no Catar, "a performance é um fator inegociável, independentemente da idade ou da popularidade de um jogador."

A finalizar, Antero Henrique também destacou a importância do talento português no panorama futebolístico internacional, elogiando a formação de jogadores e treinadores em Portugal.

"Os profissionais portugueses de futebol estão associados a talento. Os clubes formam muito bem jogadores e treinadores", salientou, realçando o impacto positivo que os portugueses têm tido tanto no Catar como em outros mercados internacionais.