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Carlo Nohra, diretor de operações da Liga Saudita: "Não vamos deitar dinheiro fora ao acaso"

Alex Stancu
Neymar é a última estrela a juntar-se ao campeonato saudita
Neymar é a última estrela a juntar-se ao campeonato sauditaProfimedia
A extraordinária expansão do futebol na Arábia Saudita é um "projeto a longo prazo" com forte apoio governamental, ao contrário do boom de curta duração na China, disse à AFP um alto funcionário da liga saudita.

A Saudi Pro League é um projeto a longo prazo e os governantes do reino rico em petróleo têm um grande objetivo: a liga saudita tornar-se uma das melhores competições do mundo, diz o diretor de operações Carlo Nohra.

Nohra assumiu este objetivo na apresentação de Neymar, que se junta a Cristiano Ronaldo, Karim Benzema e uma série de outros grandes nomes num esforço de investimento de centenas de milhões de euros.

"Não esperamos que tudo aconteça de um dia para o outro. Não é um evento de fim de semana - é um projeto a longo prazo e todos estão cientes disso", disse Nohra.

"E não vamos deitar dinheiro fora ao acaso", acrescentou. "Precisamos de ter a certeza de que fazemos as coisas certas ao longo do caminho, queremos um campeonato forte", assumiu.

A rápida expansão da liga saudita suscitou comparações com a Superliga chinesa, que atraiu jogadores por somas exorbitantes até que os clubes começaram a ter dificuldades financeiras.

A certa altura, o Guangzhou Evergrande fez do pouco conhecido argentino Darío Conca um dos jogadores mais bem pagos do mundo, e o Shanghai Shenhua gastou 730 mil euros por semana com Carlos Tevez, que não teve sucesso.

"Essas comparações são inevitáveis", disse Nohra.

"Mas, para nós, o facto de este projeto fazer parte de um projeto maior que levará este país para onde ele quer ir dá-nos o apoio de que precisamos para continuar a avançar", explicou.

"A ambição não tem limites"

O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, 37 anos, pretende remodelar a economia do maior exportador de petróleo do mundo.

Também faz parte dos planos do governante de facto a Neom, uma nova cidade futurista que custará 500 mil milhões de dólares, além de estâncias e eventos desportivos, incluindo a Fórmula 1 e o LIV Golf, que assumiu efetivamente o PGA Tour dos EUA e o DP World Tour da Europa.

"Em última análise, o que estamos realmente a tentar fazer é proporcionar, através do futebol, entretenimento aos sauditas", disse Nohra.

"A estratégia é de 360 graus, com muitos elementos. No fundo, um dos objetivos que estabelecemos é melhorar o desempenho em campo com atletas de classe mundial", explica.

Nohra disse que as equipas da Pro League - incluindo quatro clubes recentemente adquiridos pelo Fundo de Investimento Público, um fundo soberano - ainda estão à procura de jogadores antes da janela de transferências da Arábia Saudita fechar a 20 de setembro, três semanas depois da europeia.

"Há clubes que ainda estão no mercado à procura de jogadores", assumiu Nohra, chamando aos seus alvos um "segredo bem guardado".

Apesar das enormes despesas - o Al-Hilal, clube de Neymar, é o segundo clube que mais gastou este verão - o objetivo é que as equipas se tornem financeiramente viáveis e privadas.

"Foi estabelecido um limite (de gastos), sim, mas entendemos desde o início que, para obter os jogadores de qualidade de que precisamos para causar impacto aqui, temos que pagar por isso", disse Nohra.

"Temos a sorte de contar com esse apoio no momento, e isso vai continuar por um tempo", acrescentou.

"Mas também temos a responsabilidade de garantir que eles façam a travessia e se tornem financeiramente independentes", assumiu.