Entrevista Flashscore a Martim Maia: "Este ano estou a divertir-me mais a jogar futebol"
"Podia ter sido diferente, mas não me agarro a isso"
- O facto de o seu pai ter sido jogador de futebol influenciou a sua entrada para este mundo?
- Não entrei por ele, entrei pelo meu padrinho, que insistiu bastante com o meu pai e eu, aos 8/9 anos, entrei para as escolas do FC Porto.
- Passa um ano no FC Porto, depois Leixões e Rio Ave. O que se passou para haver estas mudanças?
- No caso do FC Porto, quando troquei pelo Leixões, foi porque me dispensaram. Entretanto no Leixões eles (FC Porto) contactaram duas-três vezes para voltar, mas eu disse sempre que não queria ao meu pai, nem sei bem porquê. Fico no Leixões até aos sub-16 e nos sub-17 surge a oportunidade de ir para o Rio Ave, que estava a evoluir em termos de academia, e eu achei que era bom para mim.
- Pensa como teria sido a sua carreira se tivesse ficado no FC Porto?
- Acredito que a minha carreira podia ter sido diferente, mas não gosto de agarrar-me a isso. Na altura foi o que eu escolhi e agora estou a usufruir dessa minha escolha.
- Em 2018/19 dá o salto para a equipa B do Rio Ave, mas com a oportunidade de trabalhar com a equipa principal. Como foi?
- O meu primeiro ano de sénior foi na equipa B, então na primeira divisão distrital, mas tive essa oportunidade de trabalhar com a equipa principal, com o mister Miguel Cardoso. O Rio Ave tinha excelentes jogadores e foi um ano muito bom para mim em termos de evolução. Depois no ano seguinte formam a equipa sub-23...
- Que vai à final da Taça Revelação e termina o campeonato na 3.ª posição.
- Exatamente. 3.º na última jornada, porque até então estávamos em primeiro. No final dessa época consegui uma oportunidade naquilo que desejava, que era ir para uma equipa da Liga 2.
- Dá-se então a mundaça para o Casa Pia.
- Foi uma experiência diferente, a primeira vez fora de casa, e os primeiros tempos foram difíceis. Mas tínhamos um grupo fantástico e a adaptação foi um pouco mais fácil. Depois o campeonato parou e viemos todos para casa, devido à Covid, e não retomou. Senti que podia ter dado mais, ter mais minutos e jogos nesse ano, mas foi igual para toda a gente.
- Notou a diferença nos campeonatos profissionais?
- Sim, principalmente em termos físicos. Toda a gente sabe que não é um campeonato fácil e passar dos sub-23 para a segunda liga, não é nada fácil. Temos mais espaço nos sub-23 e as equipas tentam jogar todas à bola, enquanto na Liga 2 é mais confuso, mais físico e temos de adaptar-nos o mais rapidamente possível.
"Às vezes temos de dar um passo atrás"
- Em 2020/21 acontece a primeira experiência no estrangeiro ao serviço do Sosnowiec. Como correu?
- Uma experiência bastante boa. Se não tivesse passado por ela, não era o jogador que sou hoje. Na altura, foi uma mudança um pouco radical, mas senti que era o ideal.
- Tinha assinado um contrato de dois anos, mas porque fica só um?
- Na altura o treinador mudou e eu não estava com os minutos que queria e decidi voltar para Portugal, que era onde eu queria jogar e queria voltar a mostrar-me para poder chegar a uma primeira liga.
- Acaba por assinar com o Amora e é considerado o melhor jogador da Liga 3 para o CNID.
- Não foi um ano fácil, porque na altura quando assinei pelo Amora não era o projeto que eu desejava, porque vinha da 2.ª liga polaca e ir para uma Liga 3 não era o que queria, mas, por vezes, temos de dar um passo atrás para dar dois em frente. O treinador Bruno Dias ligou-me e apresentou-me o projeto e, então, decidi arriscar e correu bem. No início tive uma pequena lesão, mas a partir de novembro correu tudo bem, e fui cinco vezes considerado o homem do jogo e ganhei uma vez o prémio de jogador do mês. Foi um ano que acabou na perfeição.
- Seguiu-se o contrato com o Santa Clara, na Liga, mas não foi o que estava à espera, não é verdade?
- Sim. Assinei três anos pelo Santa Clara, nem pensei duas vezes, porque era o que queria: assinar por um clube de Liga. O Santa Clara tinha feito um campeonato bom no ano anterior. Assinei, mas a verdade é que as coisas mudaram no clube, com a direção a mudar depois de ter assinado e para mim não foi o melhor. Tive de rumar a outro sítio para jogar.
- Foi frustrante depois de todas as expectativas criadas?
- Claro que sim. Ainda por cima estava a fazer uma boa pré-época. Mas a uma semana de começar o campeonato, veio essa decisão do clube e acabei por ser emprestado ao Trofense.
- Como correu na Trofa?
- Foi uma experiência que não correu muito bem. Tivemos quatro treinadores e isso diz logo quase tudo. Ainda por cima descemos de divisão. No fundo, um conjunto de situações que não correu bem para o meu lado. Mas pronto, tive de passar por mais uma situação dessas para evoluir e dou graças a Deus por ter passado por isso.
"Nunca pensei conhecer o Figo, muito menos na Arménia"
- O Santa Clara permite que seja emprestado este ano Noah. É o ponto mais alto da carreira?
- Há uns anos não pensava que podia estar a lutar por uma ida às eliminatórias das provas europeias, hoje estou a fazê-lo. Estou num país um pouco longe, mas este ano estou a divertir-me um pouco mais a jogar futebol e as coisas estão a correr muito bem. Tenho de agradecer às pessoas que confiaram em mim.
- Como é a experiência na Arménia?
- Os horários são complicados. São mais quatro horas na Arménia e é complicado para ligar aos pais, namorada e amigos. Mas está a correr bem a adaptação. Felizmente, sei cozinhar e esse não é um problema. Também contribuiu bastante para o meu inglês.
- O vosso plantel conta com várias nacionalidades.
- É verdade. Está a ser uma experiência incrível, não pensei que seria tão bom, mas estes cinco meses têm sido bastate agradáveis e quem sabe se não fico mais tempo na Arménia.
- Esteve com o Luís Figo na Arménia.
- É verdade. Nunca pensei conhecer o Figo, muito menos na Arménia. Foi um ponto alto da minha ida para a Arménia. Eu e o meu colega Pedro (Farrim) estivemos bastante tempo a falar com ele, ele foi ao nosso centro de treinos.
- Quais as suas referências no futebol?
- Tenho bastantes. Alguns não me enquadro tanto, mas gosto muito de Modric, Xavi, Iniesta, Rúben Neves e Otávio.