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Hélio Varela: "Senti que era o passo certo a dar na minha carreira"

João Paulo Ribeiro
Hélio Varela assinou pelos belgas do Gent
Hélio Varela assinou pelos belgas do GentTom Goyvaerts / BELGA MAG / Belga via AFP
Hélio Varela destacou-se ao serviço do Portimonense e deu o salto para o histórico Gent, do campeonato belga, dando assim mais um passo de afirmação na sua carreira feita a pulso, desde os escalões secundários de Portugal até ao topo. Em entrevista ao Flashscore, o internacional cabo-verdiano passou em revista vários capítulos do seu percurso.

"Estou numa liga com muita qualidade"

- Como está a ser a adaptação ao novo clube?

- Tem sido uma boa adaptação, tendo em conta que é a primeira vez fora de Portugal. Ainda é tudo novo: língua, clube, país. Mas tenho tentado fazer com que não sinta tanto a diferença.

- O que é diferente?

- O país é diferente, assim como o futebol; o campeonato é distinto. Já jogava numa grande equipa, o Portimonense, mas tive a sorte de transferir-me para outra grande equipa. Tenho tentado fazer com que a diferença não seja sentida de forma tão intensa.

- Que dimensão tem o Gent?

- Tem uma dimensão a nível mundial, habituou-se a jogar competições europeias e é um clube de grande renome, daí a responsabilidade de vestir esta camisola ser enorme. O campeonato português tem muita qualidade, penso que seja um dos melhores do mundo, mas estou numa liga com muita qualidade também.

Hélio Varela mudou-se para o Gent
Hélio Varela mudou-se para o GentGent/Opta by Stats Perform

- Como foi o processo de saída do Portimonense?

- Não foi surpresa, porque já se especulava um pouco o que podia acontecer, mas eu não estava a pensar muito nisso. Tinha a cabeça no Portimonense, mesmo na Liga 2, a minha atenção estava no clube. Sempre me senti bem lá, por isso, na altura da pré-época, mesmo com toda a expectativa, não me deixei levar pelas notícias e tentei focar-me no clube. Se ficasse, iria ajudar o clube a alcançar o lugar que merece, que é a Liga.

- Acabou por ser uma transferência importante para si e para o Portimonense.

- Sim, foi importante para mim. Todos os jogadores que trabalham buscam sempre uma melhoria na sua vida e dar um salto em frente nas suas carreiras. Senti que era o passo certo a dar na minha carreira.

"Portimonense tem todas as condições para voltar à Liga"

- Acredita que o Portimonense pode regressar este ano à Liga?

- Penso que sim, não começámos a época da melhor maneira possível, e digo comecámos porque iniciei a época lá. Demorou um pouco a interiorizar a descida de divisão, mas nestes últimos jogos o Portimonense apresentou claras melhorias com o novo treinador (Ricardo Pessoa), que é uma referência no clube, por tudo o que fez enquanto jogador. Com todo o suporte e com este plantel, o Portimonense tem todas as condições para voltar o mais rapidamente possível à Liga.

Hélio Varela destacou-se no Portimonense
Hélio Varela destacou-se no PortimonensePortimonense

- O Hélio tem uma carreira sempre a subir... Até onde quer ir?

- Tento não planear a minha carreira a longo prazo. Foco-me em melhorar o meu futebol e deixo as coisas acontecerem naturalmente. Penso sempre no dia a dia, semana a semana e época a época. Estou muito feliz por estar no Gent.

- Se voltasse a Portugal, gostaria de jogar num dos grandes?

- Neste momento, gostaria de continuar a minha carreira fora do país, mas, voltando um dia a Portugal, gostaria de vestir a camisola do Portimonense outra vez. Para onde quer que vá, o Portimonense será sempre a minha casa.

- Falando da seleção de Cabo Verde. Como está a sua integração e qual o objetivo nesta fase de qualificação para o CAN?

- Temos um grupo muito forte, todos remam para o mesmo lado. Está nas nossas mãos atingir o objetivo principal, que é garantir a entrada direta para a CAN.

- Sente que a seleção já é vista com outros olhos no âmbito do futebol africano?

- Sim, por tudo o que foi feito até aqui, já começa a ser vista como uma boa seleção, mas depois do que se fez na CAN, muitas atenções se voltaram para a seleção de Cabo Verde. Tem condições para ser ainda mais reconhecida.

- Vencer o CAN é um sonho possível?

- Sim, acho que qualquer jogador cabo-verdiano tem o sonho de ganhar troféus por Cabo Verde. Já é um grande orgulho e um grande troféu termos a oportunidade de vestir a camisola, seja em que competição for, mas ganhar a CAN pela seleção seria maravilhoso.

- O Hélio é luso-cabo-verdiano. Ou seja, tinha a possibilidade de jogar por Portugal. Porque optou pela seleção de Cabo-Verde?

- Quem me conhece sabe da minha paixão por Cabo Verde. Apesar de não ter nascido lá, desde pequeno sempre coloquei na minha cabeça que o meu objetivo era jogar na seleção de Cabo Verde, e foi uma decisão que não pensei duas vezes.

Os números de Hélio Varela
Os números de Hélio VarelaFlashscore

"Os meus sonhos passam por conseguir ajudar a minha família"

- Como vê a seleção portuguesa?

- A seleção de Portugal não precisa de apresentações, é muito forte, uma das melhores do mundo. Basta ver todas as suas convocatórias e os campeonatos onde jogam. No futuro, irá continuar assim; está a surgir uma geração muito forte. Tem tudo para dar continuidade ao bom trabalho que tem feito até aqui.

- Falta um título mundial...

- Penso que sim. A nível internacional, as competições estão a ser cada vez mais disputadas, tanto a CAN como as Copas Américas e Mundiais, mas Portugal tem capacidade para juntar o Mundial aos seus títulos.

- Este tem sido um tema muito falado. Qual a sua opinião sobre a sobrecarga de jogos para os atletas?

- É uma situação complicada. É claro que sentimos isso mais, pois são muitos jogos e queremos estar bem em todos, e muitas vezes corremos o risco de lesões. A pior coisa que pode acontecer é ficar parado por causa de lesões. Temos de saber lidar com isso e tentar encarar da melhor maneira possível.

Os próximos jogos do Gent
Os próximos jogos do GentFlashscore

- Como é que o Hélio se descreve?

- Destaco-me como uma pessoa alegre; tento levar as coisas da melhor maneira possível. Nem sempre estão bem dentro e fora de campo, mas o futebol ajuda-nos mais do que as pessoas pensam. Não é uma profissão fácil, mas tem coisas muito boas, e é um privilégio entrar em campo.

- Consegue expressar essa alegria no futebol?

- Penso que sim. Sempre tentei mostrar a minha alegria e demonstrar isso aos meus colegas de equipa e do clube. Acredito que tenho conseguido expressar essa minha alegria.

- Para terminar: que sonhos ainda tem?

- Os meus sonhos passam por conseguir ajudar a minha família e os que me são próximos. No futebol, o objetivo é continuar a dar passos como os que já dei até aqui. Não penso em passos muito longos, mas sim em passos seguros e sustentados, para um dia mais tarde ter a minha própria família construída.