Jorge Jesus rubrica ‘tetra’ português na Arábia Saudita com inédito campeonato
Um triunfo na receção ao lanterna-vermelha Al Hazem (4-1), da 31.ª jornada, confirmou o segundo troféu do clube de Riade em 2023/24, um mês exato depois de ter arrebatado a Supertaça face ao então campeão saudita Al Ittihad (4-1), nos Emirados Árabes Unidos.
Com três rondas por disputar, o Al Hilal, do médio internacional português Rúben Neves, atingiu a 24.ª vitória seguida na prova e cimentou o comando isolado, com 89 pontos, 12 face ao Al Nassr, que é treinado por Luís Castro e conta com Cristiano Ronaldo e Otávio.
Os dois clubes vão cruzar-se na próxima ronda do campeonato e na decisão da Taça da Arábia Saudita, em 31 de maio, em Jeddah, onde o conjunto de Jorge Jesus vai procurar ‘vingar’ a final perdida da Liga dos Campeões árabe (1-2, após prolongamento) e concluir em grande uma campanha abrilhantada por um recorde mundial de 34 triunfos seguidos.
A época 2023/24 está a decorrer sob alçada do Fundo de Investimento Público (PIF), de Mohammed bin Salman, primeiro-ministro e príncipe herdeiro do reino saudita, cujo apelo monetário permitiu recrutar jogadores reputados junto da elite europeia desde o verão de 2023, fase em que obteve o controlo maioritário de Al Hilal, Al Nassr, Al Ittihad e Al Ahly.
Vencedor de uma Supertaça local na primeira passagem pelo Al Hilal, entre 2018 e 2019, Jorge Jesus, de 69 anos, tinha voltado no verão passado à nação mais extensa do Médio Oriente para ultrapassar as duas dezenas de êxitos em mais de três décadas de carreira.
O treinador natural da Amadora sagrou-se campeão nacional pela terceira vez, ao repetir os feitos rubricados com Benfica (2009/10, 2013/14 e 2014/15), em Portugal, e Flamengo (2019), no Brasil, mantendo o domínio luso na Arábia Saudita pela quarta época seguida.
José Morais (2020/21) e Leonardo Jardim (2021/22) também se impuseram pelo Al Hilal - cujo primeiro técnico português campeão havia sido o recentemente falecido Artur Jorge (2001/02), enquanto Nuno Espírito Santo comemorou pelo Al Ittihad (2022/23), num ciclo antecedido do título dividido entre Rui Vitória e Hélder Cristóvão pelo Al Nassr (2018/19).
Ao todo, 15 portugueses já triunfarem em campeonatos domésticos na Ásia, num elenco dominado pelos três títulos de Bernardo Tavares e de José Morais - impôs-se igualmente na Tunísia -, e com ‘bandeiras’ dispersas por Arábia Saudita, China, Coreia do Sul, Hong Kong, Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Macau, Malásia, Maldivas, Qatar e Vietname.
Os técnicos lusos já prevaleceram nos escalões principais de 38 nações dispersas pelos quatro cantos do planeta, com destaque para os 39 êxitos verificados em nove países de África, onde Moçambique tem dominado, num total de 11 conquistas, uma sobre o Egito.
Nesse continente, distinguiram-se Manuel José, com seis cetros egípcios pelo Al-Ahly, e Bernardino Pedroto, com três no ASA e dois no Petro Luanda, todos em Angola, à parte das conquistas em Cabo Verde, Líbia, Marrocos, Sudão, Tunísia ou Argélia, onde Carlos Gomes foi o primeiro lusitano a ser campeão no estrangeiro, em 1970/71, pelo MC Oran.
Na Europa, e além de Portugal, os treinadores nacionais granjearam sucesso em 13 países, tais como Bulgária, Chipre, Grécia, Israel, Luxemburgo, Roménia, Rússia, Suíça ou Ucrânia, faltando a Alemanha para fechar a senda nos cinco principais campeonatos.
O principal protagonista desse cenário é José Mourinho, que ainda é o único a vencer em Espanha, pelo Real Madrid (2011/12), em Inglaterra, onde foi tricampeão com o Chelsea (2004/05, 2005/06 e 2014/15), e em Itália, 'bisando' pelo Inter Milão (2008/09 e 2009/10).
O setubalense, que atualmente está sem clube, nunca trabalhou em Alemanha e França, cuja Liga já elevou Artur Jorge, com a segunda de 12 conquistas do Paris Saint-Germain, em 1993/94, e Leonardo Jardim, autor do oitavo e último troféu do Mónaco, em 2016/17.
Mais recente é a marca portuguesa na América do Sul, que começou a ser construída há cinco anos por Jorge Jesus no Brasil, onde Abel Ferreira venceu a dobrar pelo Palmeiras (2022 e 2023), havendo igualmente contributos de Renato Paiva pelo Independiente del Valle (2021), do Equador, ou Ricardo Formosinho pelo The Strongest (2023), da Bolívia.
Se não há qualquer êxito na Oceânia, o historial na América do Norte resume-se ao 'bis' de Guilherme Farinha na Costa Rica, em representação do Alajuelense, em 1999/00 e 2000/01, e ao triunfo de Pedro Caixinha no México, com o Santos Laguna, em 2014/15.