Bergomi no funeral do amigo Totò Schillaci: "O herói de todos nós"
A comovente recordação de Bergomi
"Totó era uma pessoa que unia toda a gente. Gosto de o recordar pela alma boa que tinha", começou por dizer Beppe Bergomi em frente à Catedral de Palermo, o local onde está a decorrer o funeral do herói de Itália-90, Totò Schillaci.
"Eu era o capitão dessa equipa nacional e por isso parece-me correto estar aqui hoje (sexta-feira) Quando voltámos a estar juntos, com Totò, foi sempre bom: uma profunda amizade uniu-nos".
Bergomi conclui então visivelmente emocionado, contando o melhor momento vivido com o seu grande amigo Totò-Gol, companheiro na seleção nacional e no Inter: "Vivemos intensamente e muito unidos o ano e meio que ele esteve no Inter. A melhor recordação é o seu golo contra a Áustria, que me fica sempre nos olhos: Totò deu a volta e veio logo abraçar-me".
"Gosto de sublinhar a sua pessoa, uma alma verdadeiramente boa. A sua espontaneidade, a sua forma de viver o futebol: era o herói de todos nós".
A humildade e o amor do seu irmão e da sua filha
O irmão de Totò, Giovanni Schillaci, agradeceu às muitas pessoas que vieram prestar a sua última homenagem à lenda da Squadra Azzurra: "Não gostamos de aparecer, somos pessoas humildes. O que estou a permitir, porque estamos a sofrer muito, é agradecer a todas as pessoas, à cidade de Palermo, ao Presidente da Câmara. Vieram pessoas à chuva, crianças em cadeiras de rodas para ver Totò. É uma alegria imensa e agradeço a todos em nome da família e também a vós que estão a levar o nome de Totò onde ele merece".
Jessica Schillaci, filha do herói de Itália-90, também quis partilhar uma mensagem, falando da situação do pai que lutava contra uma doença incurável.
"O quadro clínico não deixava qualquer esperança, mas eu queria salvá-lo. Há três dias, no seu leito, eu estava a tentar salvar o Totò. Há três dias, junto à sua cama, o meu irmão Mattia e eu dissemos-lhe que já havia televisões em frente ao hospital. Ele respondeu-nos: 'Só quero saber de ti'. E pediu-nos desculpa porque achava que não estava lá tantas vezes como gostaria, como nós gostaríamos".
"Conheço o ritual do fim da vida, mas fazer esta viagem com o próprio pai, com um pai jovem, é realmente dilacerante. Falámos, até brincámos, enquanto foi possível. Recordámos os melhores momentos das nossas vidas, aqueles que nunca poderão ser esquecidos, que nenhuma morte poderá tirar. Ele era um herói à sua maneira, mas para mim era apenas um pai".
"O pai começou a jogar um jogo que já sabia que tinha perdido. Mas jogou-o até ao fim, pensando não em si próprio, mas nas pessoas que amava e que continuará a amar onde quer que esteja agora", concluiu a filha da lenda italiana.