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Cristiano Giuntoli: o paciente arquiteto do título do Nápoles

Raffaele R. Riverso
Cristiano Giuntoli, diretor desportivo do Nápoles
Cristiano Giuntoli, diretor desportivo do NápolesProfimedia
Trazido para a cidade depois dos seus milagres na província, com o Carpi, o diretor desportivo toscano distinguiu-se como um dos grandes arquitetos dos êxitos do Nápoles. Não só Kvara, mas toda a espinha dorsal da equipa campeã italiana foi construída com paciência e sem nunca levantar a voz.

A sua obra de arte foi o facto de ter conseguido roubar Kvaratskhelia a meia Europa por um preço ridículo: 11,5 milhões de euros. No entanto, não é apenas por estes pormenores que se pode julgar um craque. E Cristiano Giuntoli, nos últimos oito anos, provou ser um.

Quando se fala do clube de topo como o Nápoles, está a prestar-se um mau serviço aos seus grandes criadores. No plural. Porque qualquer façanha que se preze tem mais do que um protagonista principal, e não há dúvida de que a do diretor desportivo do clube da Campânia é um exemplo brilhante de planeamento bem sucedido.

Giuntoli e De Laurentiis
Giuntoli e De LaurentiisProfimedia

Do seu lado, teve a confiança (por vezes intermitente) de Aurelio De Laurentiis que, apesar de alguns atritos, compreendeu que tinha confiado a direção desportiva do seu clube a uma pessoa capaz, trazida para a cidade depois da obra-prima que fez na província, com o Carpi.

Mesmo antes de contratar Kvaradona e Kim, só para citar os dois últimos exemplos, o dirigente toscano tinha pacientemente lançado as bases, ano após ano, da equipa campeã italiana com Luciano Spalletti no banco, depois de ter estado perto do título com Maurizio Sarri.

"O facto do Nápoles não ganhar o Scudetto há tantos anos não se deve apenas ao próprio Nápoles, mas também a outros fatores que estão agora a vir à superfície, lenta mas seguramente", garantiu De Laurentiis, numa entrevista ao De Telegraaf.

Qualquer referência a factos ou processos em curso é puramente intencional. Mas voltemos à época atual e, em particular, ao último e muito criticado mercado de verão do clube napolitano: as despedidas de Ospina, Koulibaly, Fabian Ruiz, Mertens e Insigne lançaram uma cidade inteira no desespero.

O melhor jogador do mês e, talvez, do ano
O melhor jogador do mês e, talvez, do anoProfimedia

A palavra downsizing reinou, de Fuorigrotta a Capodichino, de Marianella a Scampia. No entanto, os adeptos não contavam com o olho clínico de Giuntoli que, além de ter contratado o mágico georgiano e o defesa-central coreano, além da redenção de Anguissa, trouxe Olivera, Ndombélé, Simeone e Raspadori para o Maradona.

Antes deles, chegaram também Meret, Di Lorenzo, Mario Rui, Elmas, Zielinski e, claro, Osimhen. Isto para dizer que a espinha dorsal da equipa que se pode proclamar campeã de Itália já es fim de semana se vencer a Salernitana não foi construída em sete dias, mas em sete (ou melhor, oito) anos, pacientemente e sem nunca levantar a voz.

E é precisamente por isso que, quando o título chegar, a satisfação será ainda maior. Aconteça o que acontecer no futuro. Porque, tal como acontece com os jogadores de topo, também ele está a receber ofertas difíceis de recusar.

Giuntoli, porém, parece não querer saber.

"Eu na Juventus? Isso são indiscrições jornalísticas. Tenho um contrato com o Nápoles e não há nada", reagiu o diretor.