O facto de possuir o plantel mais caro das Américas, avaliado em 212,10 milhões de euros, não resultou em grandes títulos e alegrias para o clube mais popular do Brasil neste ano. Um passo importante rumo a um título pode acontecer nesta quarta, contra o Corinthians, em casa, no jogo da primeira mão da meia-final da Taça do Brasil.
O Flamengo foi eliminado nos quartos de final da Libertadores na semana passada pelo Peñarol, cujo plantel vale seis vezes menos. No Brasileirão, o clube está nove pontos atrás do líder Botafogo a 10 jornadas do fim, embora tenha um jogo a menos.
Os resultados abaixo da média e o futebol distante do potencial de seus jogadores, nove deles com passagens pela seleção brasileira, uruguaia, equatoriana e chilena, levaram à demissão do técnico Tite na última segunda-feira
“Hoje, Botafogo, Palmeiras e Fortaleza, os três primeiros classificados do Brasileirão, são os clubes a abater. O Flamengo não conseguiu se manter competitivo ou encantar”, escreveu Milly Lacombe no portal UOL.
Mal habituados
A chegada do antigo técnico da Seleção Brasileira, há um ano, foi vista como uma cartada certeira para acertar o rumo de um clube que exigia se empanturrar de troféus desde que o técnico português Jorge Jesus ganhou quase tudo entre 2019 e 2020.
Tite parecia ser o homem certo para fazê-los esquecer o desastre de 2023, quando o Mengão não conseguiu vencer nenhuma das sete competições que disputou, encerrando a temporada sem títulos importantes pela primeira vez desde 2018.
Mas Tite, conhecido por sua eficiência, fez o clube ganhar um leve ânimo, em abril, com o título do Carioca. O Flamengo, desde a saída de Jesus, almeja algo bem mais alto: ser tetracampeã da Libertadores.
Nas últimas aparições no Maracanã, Tite foi vaiado pelos adeptos, furioso com a falta de produção ofensiva da equipa.
“O problema do Flamengo não é o treinador. Os melhores jogadores do Brasil já passaram por lá (...) A claque não só se habituou mal com Jesus, como também acredita que só eles têm o direito de vencer”, disse o ex-jogador uruguaio Diego Lugano na ESPN: “O futebol nunca foi assim, no futebol perdes mais do que ganhas. O Flamengo precisa de uma mudança de mentalidade, senão vai continuar a devoraros técnicos”.
Lesões e pontos baixos
Desde a saída de Jorges Jesus para o Benfica, em meados de 2020, os cariocas tiveram oito técnicos - Domènec Torrent, Rogério Ceni, Renato Portaluppi, Paulo Sousa, Dorival Júnior, Vítor Pereira, Jorge Sampaoli e Tite.
Entre eles, conquistaram seis troféus, incluindo o título do Brasileirão de 2020 e a Libertadores de 2022, apenas um a mais do que o português conquistou em 13 meses.
O ex-lateral brasileiro Filipe Luís foi anunciado como interino até o final da temporada, embora não esteja descartada a possibilidade de ele assumir o cargo até o final de 2025.
Muitos também estão alertando sobre as responsabilidades de jogadores e diretores, sendo estes últimos destacados pela aparente ausência de um projeto desportivo.
O plantel de estrelas do Flamengo foi reforçado nesta temporada com jogadores importantes, como o uruguaio Nicolás de la Cruz, estrela do River Plate, rival direto dos clubes brasileiros na Libertadores.
No total, de acordo com a imprensa local, os cariocas gastaram cerca de 45 milhões de euros em contratações para 2024, um valor exorbitante para o mercado sul-americano.
Vários dos reforços ou jogadores do plantel tiveram exibições inconsistentes, especialmente o ídolo Gabigol, que está com um pé fora do clube em 2025.
O Fla também sofreu com lesões de jogadores importantes em momentos-chave, como o lateral uruguaio Matias Viña, o extremo Everton “Cebolinha” e o atacante Pedro, cuja ausência deixou o clube sem um “9” confiável.
A esperança, por enquanto, está na estreia de Filipe Luís como técnico profissional.
O ex-lateral promete um futebol ofensivo para tentar salvar o ano nas duas frentes restantes: o Brasileirão e a Taça do Brasil, na qual enfrenta o Corinthians no jogo de ida da semifinal, na quarta-feira.
“Nós somos o Flamengo”, disse o médio a argentino Carlos Alcaraz: “Temos que lutar em todas as competições”.