Entrevista Flashscore a Horacio Salvo (Platense): "Pellegrino será titular no AC Milan"
Marco Pellegrino é um daqueles jogadores que, desde tenra idade, mostrou que estava imediatamente predestinado. O central argentino de 21 anos, recém-chegado ao AC Milan, cresceu no Platense, um clube dos subúrbios argentinos, onde jogou ténis e futebol a um nível elevado até aos 14 anos. Uma escolha em que o seu pai Gabriel foi fundamental, mas também Horacio Salvo, na altura coordenador das divisões inferiores do clube do qual é agora vice-presidente.
Tendo crescido a 150 metros da casa de Horacio Salvo, Pellegrino foi sempre acompanhado pelo pai, como recorda o próprio dirigente. "Quando decidiu deixar o ténis para se dedicar exclusivamente ao futebol, Marco demonstrou um profissionalismo único. A educação que o pai lhe deu foi fundamental para isso", conta Horacio Salvo, numa entrevista exclusiva ao Flashscore.
- Quando decidiu optar pelo futebol, Pellegrino foi logo aposta como avançado?
- Não, na verdade, devido à sua habilidade com os pés, Marco começou como extremo esquerdo e, por vezes, também foi utilizado como defesa central. Depois, aos 16 anos, foi transferido para a lateral. Nessa idade, já jogava com rapazes mais velhos do que ele. Mais tarde, por intuição do treinador dos sub-17, Pedro Bocca, foi transferido para defesa central, a sua função atual.
- Porquê essa mudança?
- O Marco já era muito alto para a sua idade e tinha-se desenvolvido rapidamente também a nível físico. O seu tamanho e velocidade tornavam-no perfeito para esse papel. No início, no entanto, apesar das suas características predestinadas, não conseguiu quebrar a densa fronteira entre a segunda e a primeira equipa.
- De facto, a sua estreia na equipa principal aconteceu "apenas" aos 20 anos, uma idade "avançada" para um jovem.
- Foi Martin Palermo quem o promoveu. Ele, um antigo avançado que muitos criticaram como treinador nas suas primeiras experiências, compreendeu imediatamente o potencial do Marco. Conhecíamo-lo bem, mas nenhum treinador se tinha atrevido a dar esse passo. Desde o início do ano, Pellegrino jogou sempre como titular no Platense e agora deu o salto para o AC Milan.
- Como foi a mudança para Itália?
- Foi tudo muito rápido. Durante semanas, um observador que trabalhava para o AC Milan tinha indicado o seu nome à direção rossoneri. Apesar de Maldini ter saído, eles estavam muito atentos, pedindo vários relatórios sobre o jogador. E a transação da sua contratação foi muito rápida. Acho que o AC Milan precisava dele imediatamente, e ele vai sair-se bem.
- É um desafio importante, mesmo que a Serie A já não seja o campeonato de topo que era.
- Mas o AC Milan é o AC Milan e o Marco não é um daqueles jogadores que vai ser emprestado a uma equipa de meio da tabela para fazer o seu trabalho. Pelo contrário, estou convencido de que será titular em breve na equipa rossoneri. Para mim, ele tem todas as características que agradam a Pioli. É um defesa que joga sempre de cabeça erguida. Nesse aspeto, ele melhorou muito em relação à sua adolescência, quando jogava com a cabeça muito baixa.
- Que características são essas?
- Se bem que estejamos a falar de um verdadeiro central, Pellegrino não deve ser visto como um defesa que não sabe o que fazer com a bola. Muito pelo contrário. A sua formação de médio-ofensivo torna-o hábil a sair a jogar. Gosta de combinar com o médio mais próximo, mas se depois tiver de entrar, fá-lo sem qualquer problema. No entanto, a sua melhor caraterística é a de recuperar imediatamente a sua posição. Se alguém se afasta dele, ele está pronto a regressar. E tem uma grande velocidade.
- O que é que pensou quando foi para o AC Milan?
- Por um lado, lamentei que ele deixasse a nossa equipa, mas na verdade fiquei muito feliz por ele. Porque sabia que ele era o nosso melhor ativo e que merecia esta oportunidade.
- Falou com ele nos últimos dias?
- Falo com o pai dele todos os dias, e o entusiasmo é enorme, agora que eles se mudaram para Milão. O rapaz está fascinado pelo mundo de Milão, está determinado a dar o seu melhor. É um jovem com cabeça e que vai chegar longe. Nas suas características, faz-me lembrar muito o Lisandro Martinez, forte de cabeça, mas também bom na definição. Mas é mais alto e mais robusto.
- Pode vir ser convocado para a seleção nacional da Argentina em breve?
- Talvez no Mundial de 2026 (risos).
- Não há Arábia Saudita para ele, certo?
- Com todo o respeito, acho que só os jogadores em final de carreira ou sem ambição vão para essa liga. E este último não é certamente o caso do Marco.