Chegar a duas finais numa só época não é para todos e perder ambas não é fácil de digerir. Especialmente para um presidente apaixonado, como Commisso, que, no limiar da sua quinta época como proprietário da Fiorentina, olha para o futuro com otimismo - sem, no entanto, deixar de classificar o futebol italiano com o objetivo, segundo ele, de o melhorar.
"Ainda estou desapontado com as duas derrotas", disse ele, às vésperas da nova temporada que começa esta quarta-feira: "Mas olho para o futuro com confiança. As derrotas nas duas finais são dolorosas, mas é importante olhar para além dos resultados e reconhecer os objectivos que alcançámos durante a época passada. Terminámos bem o campeonato, participámos nas competições europeias e mostrámos que temos uma equipa talentosa e em crescimento"
A maior deceção continua a ser a derrota na Liga da Conferência. " Com o West Ham, foi uma verdadeira desilusão", recorda Commisso: "Temos de aprender com estas experiências e trabalhar na nossa capacidade de fechar os jogos com sucesso. Estamos cientes das nossas limitações e faremos tudo o que pudermos para superá-las."
Uma temporada de duas histórias
Uma temporada, portanto, com duas faces para os Viola, com um primeiro semestre dececionante e um segundo que fez "Rocco" e os adeptos sonharem, levando o proprietário a apoiar seu treinador. "Considero a segunda metade da temporada um resultado extraordinário. Tudo o que foi feito nessa parte da época deu-me confiança para renovar o contrato do (Vincenzo) Italiano. Ele queria ficar connosco e isso deu-me mais ânimo para o confirmar."
A segunda metade da temporada passada para a Fiorentina de Commisso foi a melhor desde que o chefe da Mediacom assumiu o clube de Della Valle; se você dividir as quatro temporadas em Apertura e Clausura, na última metade das oito disputadas, um recorde de 33 pontos foi alcançado.
O mercado de transferências
Para tornar a equipa competitiva, o presidente italiano, que fez fortuna nos Estados Unidos da América, está disposto a meter a mão no bolso e a fazer sonhar os adeptos.
No passado, a Fiorentina foi protagonista no mercado, com algumas excelentes contratações, como as de Dusan Vlahovic e Federico Chiesa, que renderam 135 milhões de euros, e aquisições de grande visão, como as de Arthur Cabral e Luka Jovic, que foram adquiridos por apenas 15 milhões de euros.
"Se olharmos para os desempenhos de Vlahovic e Chiesa e os compararmos com os de Cabral e Jovic, podemos dizer que fizemos um bom negócio. Os números não mentem. Os nossos, em conjunto, marcaram mais golos do que os deles", afirma Commisso.
A questão do estádio
Os constrangimentos burocráticos e a lentidão italiana entorpeceram Rocco a tal ponto que ele decidiu deixar tudo nas mãos dos principais decisores da Série A.
"Não quero mais ouvir falar de estádio, vamos esperar para ver o que eles decidem", disse Commisso, reiterando a importância de uma visão de longo prazo e de investimentos no futebol italiano: "A Fiorentina, para competir a nível internacional e atrair os melhores talentos, tem de aumentar as receitas. Atualmente, os Viola têm 100 milhões (de adeptos), enquanto a média das 20 principais equipas europeias é superior a 400 milhões. Para aumentar as receitas, são necessários investimentos significativos; a modernização dos estádios e das infra-estruturas é fundamental para garantir um futuro sólido ao futebol italiano."
Parceria público-privada
E, por último, uma visão que apela ao governo italiano: "Peço-lhes que se envolvam mais neste sector e que criem um ambiente favorável ao crescimento do nosso desporto. O futebol é uma das maiores indústrias do nosso país."
Uma parceria entre os sectores público e privado, como acontece noutros países (EUA, Turquia e Polónia, para citar alguns), é a visão de Commisso, que sublinha a importância do investimento público para modernizar os estádios e promover a competitividade do futebol italiano a nível internacional.
"Precisamos de uma parceria para fazer avançar a Serie A", afirmou: "Precisamos de trabalhar em conjunto para criar um círculo virtuoso de investimento e garantir um crescimento sustentável. Só assim poderemos competir a nível internacional e dar aos nossos adeptos o que eles merecem."