Fagioli e o vício das apostas: "Fui engolido por um vácuo que não olhava ninguém de frente"
"Um vício como este nunca é realmente vencido. Tudo o que sei é que não parei e não vou parar de lutar contra ele. Seria um mentiroso se dissesse que ele não continua a voltar, que não canta ocasionalmente a sua canção sedutora", disse Fagioli, que está a fazer tratamento psicológico, ao La Gazzetta dello Sport.
"Mas agora estou a domá-lo simplesmente pensando no quanto me magoou. E sei que não existe essa história de 'só faço uma vez', porque essa cobra agarra-se a ti e nunca te deixa ir", acrescentou.
Fagioli já não tinha controlo sobre si próprio, confessou.
"O vício do jogo tinha devorado a minha vida, tinha-se tornado um pesadelo. Fui engolido por um vácuo que não olhava ninguém de frente. Sentia-me como se estivesse a sufocar, mas não conseguia encontrar uma saída", contou.
O facto de o escândalo das apostas, em que também estava envolvido o jogador da seleção italiana Sandro Tonali, ter vindo a público em outubro de 2023, foi para ele uma "libertação".
"Este tornado que me atirou contra a parede obrigou-me a crescer ou, pelo menos, a assumir mais responsabilidades. Comecei a fazer terapia psicológica", contou.
"Estou a olhar para dentro de mim para perceber porque é que não tinha um antídoto para o vazio e o tédio", explicou.
"Só me magoei a mim próprio. Não manipulei nenhum jogo, não influenciei nenhum resultado. Cometi erros, apostei em sites ilegais e perdi muito dinheiro. Eu sei, mas já nessa altura sabia que só se perde nestes jogos. E não apenas dinheiro. Senti-me um idiota, mas não consegui evitar", acrescentou.