Opinião: o pós-Pioli no AC Milan põe em evidência os problemas internos do clube
Há poucas dúvidas de que Stefano Pioli deixará o AC Milan no final da temporada, o golpe de misericórdia veio em cinco dias com a dupla eliminação contra Roma e Inter, com o primeiro eliminando os rossoneri da Liga Europa e o segundo permitindo que os rivais comemorassem na sua cara, perdendo assim a oportunidade de, pelo menos, salvar a sua honra.
Há várias dúvidas, no entanto, em relação ao treinador que o deve substituir, e é precisamente no "brainstorming" para o escolher que os rossoneri estão a mostrar todos os seus problemas internos, uma situação que poderia ser resumida simplesmente como "demasiados galos no galinheiro".
No AC Milan, após a demissão de Paolo Maldini e Frederic Massara, ou seja, os dirigentes que deram o último Scudetto, a situação de quem decide o quê tornou-se pouco clara e, com a recente inclusão de Zlatan Ibrahimovic na direção, a situação tornou-se ainda mais complicada.
Se perguntar a Furlani qualquer coisa sobre contratações, ele dir-lhe-á para recorrer a Moncada (responsável pela área desportiva) e a Ibrahimovic (conselheiro principal), mas o treinador é algo diferente sobre o qual ele, também com razão, sente que tem uma palavra a dizer dentro do clube.
O problema, porém, é a questão dos pesos: não se sabe qual é a opinião que tem maior peso específico no triunvirato Furlani-Moncada-Ibrahimovic, mas provavelmente é a dele, uma vez que Julen Lopetegui, o homem que parece mais próximo de se sentar no banco dos rossoneri, é ideia sua e recebeu o OK para avançar por parte do proprietário, Jerry Cardinale.
A escolha impopular de Lopetegui
Tudo tratado? Nem por isso. A revolta dos rossoneri nas redes sociais, com a hashtag #Nolopetegui, diz tudo. Tal como o comunicado da curva diz muito.
Os adeptos não querem o ex-treinador do Sevilha que, além de uma Liga Europa conquistada com a equipa andaluza, fez muito pouco na sua carreira, e tem a "marca da infâmia" de uma exoneração no Real Madrid ao fim de quatro meses.
Lopetegui seria, de facto, uma escolha "moderada", alguns diriam mesmo medíocre, mas isso explica-se em parte pelo facto de ser um corporativista, e é por isso que Furlani gosta dele: por se manter no seu lugar e não querer impor as suas escolhas a uma direção que já tem dificuldades em manter todos juntos.
De facto, fontes internas afirmam que Ibrahimovic gostaria de apostar em Antonio Conte, que é, entre outras coisas, o treinador pedido pelos adeptos, mas precisamente a presença "incómoda" do treinador de Lecce, que certamente gostaria de ter uma palavra a dizer em todas as escolhas da empresa, faz com que o dirigente torça o nariz. Mas então o que é que Ibra está lá a fazer, podemos perguntar.
O descontentamento de Ibrahimovic
E, de facto, muitos se interrogam. Tal como se interrogam sobre quem é o responsável pelas escolhas técnicas, uma vez que Furlani fala nisso mas não o faz, enquanto Ibra, que deveria ter voz ativa em certos assuntos, não é realmente ouvido, nem dentro nem fora de portas, enjaulado no corporativismo americano que também limita as suas proverbiais saídas nas redes sociais.
E Moncada? Bem, ele, juntamente com Antonio d'Ottavio, é o braço operativo no mercado, difícil de fazer pesar a sua decisão sobre o treinador, mais do que a de um Furlani, mas também de Ibra, pelo menos tomando para sempre a explicação que o AC Milan dá sobre o papel ainda pouco claro do sueco.
No final, continuará a ser Cardinale a tomar a decisão, podendo mesmo ignorar os adeptos e levar o próprio Lopetegui, uma vez que os americanos - como vimos com os Friedkins - não gostam de ser influenciados pelo exterior.
A questão é que a decisão, além de desencadear um confronto com a mesma curva, seria uma derrota para Ibrahimovic, e mostraria de facto a sua "inutilidade" momentânea. Algo que, conhecendo o sueco, o levaria ao limite. Até quando é que ele aguenta um papel tão "transparente"? É difícil dar uma resposta, tal como é difícil perceber quem é que realmente manda.