Comecemos por uma constatação: a troca entre Romelu Lukaku e Dusan Vlahovic não seria uma grande ideia por parte dos bianconeri. Não só por causa da idade, 23 anos do sérvio contra 30 anos do belga, mas também porque o antigo avançado nerazzurri está numa fase perigosa de declínio da carreira, entre lesões cada vez mais frequentes e uma inevitável perda de frescura atlética. Uma condição que, para um avançado do seu tamanho, significa perda de progressão, a qualidade que, juntamente com a força física, o tornou perturbador, no Inter de Conte e depois no de Inzaghi.

Um prodígio físico em declínio

A idade para jogadores com as características Lukaku acaba por ter relevância. Pode não afetar jogadores mais fixos na área, como Dzeko, ou tecnicamente competentes, como Ibrahimovic, mas para avançados como Lukaku, ou Cavani ou, em tempos idos, Adriano, é decisiva. Comprar o belga atual significaria assumir o fardo, também económico, de um jogador que será muito difícil de revender no futuro, como ainda o é (se excluirmos a hipótese árabe). Uma solução, a de Lukaku, que também evidenciaria uma falta de planeamento por parte da Juventus, que deveria ter iniciado uma nova era com Giuntoli.

Quem comanda o mercado?

A possível compra do belga, precisamente pelo que foi dito, levaria a outras considerações. Se Giuntoli foi contratado para reproduzir a "magia" do Nápoles, apoiando operações de baixo orçamento com jogadores pouco conhecidos, que depois compensaram largamente o investimento (Kvaratskhelia e Kim, são os melhores exemplos), parece-me bastante difícil que sugira a compra de um jogador como Lukaku.

É então que se pensa em Allegri, quase um plenipotenciário do departamento técnico-desportivo após a demissão do conselho de administração, graças à investidura de cima do mesmo proprietário John Elkann. Afinal, olhando para as características de Lukaku, ele é o jogador perfeito para o treinador: um avançado que sabe proteger a bola (ao contrário de Vlahovic, que tem mostrado dificuldades nesse papel) para fazer subir a equipa, neste caso as alas do seu 3-5-2, Kostic e Chiesa provavelmente (também há dúvidas sobre a permanência do outro ex-jogador violeta). Um papel que o belga sabe certamente desempenhar bem, mas que serviria apenas para colmatar as lacunas de um jogo ofensivo deficiente.

As ideias de Giuntoli seriam outros

Se dependesse de Giuntoli, que já coroou o seu sonho de se tornar responsável pelo futebol da sua equipa favorita e, portanto, é lógico pensar numa entrada em bicos de pés, os alvos no ataque seriam provavelmente outros, se o sacrifício de Vlahovic fosse necessário por razões económicas. Sobretudo Jonathan David, do Lille, já há algum tempo na agenda do antigo diretor desportivo do Nápoles, que deixou as suas ideias ao clube do mecenas De Laurentiis, de tal forma que o canadiano é o primeiro nome da lista para substituir uma eventual saída de Osimehn.

O recurso de Allegri a um "jogador usado com segurança" pode, pelo contrário, ser visto como uma forma de regressar imediatamente competitivo, sobretudo num ano em que os bianconeri não terão de disputar as provas europeias. Claro que, se o avançado belga voltasse a ser o dos bons tempos do Inter, poderia dar uma grande ajuda para fazer a diferença no imediato. O futuro, no entanto, seria, no mínimo, incerto. Significaria, de facto, varrer para debaixo do tapete a poeira, ou seja, os verdadeiros problemas do plantel e do jogo que inevitavelmente viriam à tona mais tarde.

Um ambiente hostil

Não é apenas do ponto de vista técnico que a troca Lukaku-Vlahovic gera dúvidas. Não é de menosprezar também a questão contextual, embora Cuadrado esteja a provar aos adeptos do Inter que com boas exibições tudo se esquece.

O belga foi, de facto, vítima de insultos racistas por parte da curva da Juventus no confronto da Taça de Itália em Turim, um episódio que gerou um mar de polémica e recriminações, e não foi completamente esquecido. Agora, o jogador vai voltar a dirigir-se a esses mesmos adeptos, depois de uma troca de palavras que, a ler os comentários nas redes sociais, promete ser, no mínimo, mal digerida.

Também não gostaram do comportamento com os nerazzurri, que fez com que o jogador perdesse vários pontos do ponto de vista "humano", apesar da amarga rivalidade entre os dois adeptos/equipas. E não tanto por solidariedade, mas por uma simples razão: hoje aconteceu-vos a vocês, mas amanhã pode acontecer-nos a nós.

Romelu Lukaku teve um verão infeliz em muitos aspectos, e a mudança para Turim pode ser mais uma escolha insensata por parte do belga, que talvez fizesse bem em considerar também a hipótese árabe. Mas mais errado ainda seria por parte da Juventus, que deveria seguir outros caminhos precisamente em virtude dessa renovação tão ansiada por clube e adeptos, e que, em vez disso, uma operação de mercado deste género se revelaria ainda distante.