Os golos de calcanhar de Zaccagni e Muriel, os últimos da longa lista de feitos na Serie A
O fim de semana da 15.ª jornada da Serie A 2023/2024 será recordado, entre muitas outras coisas, pelos dois gestos técnicos de Mattia Zaccagni e Luis Muriel.
Os dois jogadores, da Lazio e da Atalanta, respetivamente, têm em comum o facto de terem marcado com os calcanhares nos jogos contra o Verona e o AC Milan, alongando assim a já muito profunda lista de golos marcados desta forma, muito rara mas sempre muito apreciada, dado o quociente de dificuldade e espetacularidade, mas também de genialidade e improvisação.
Até porque, apesar de o remate utilizado ser, em ambos os casos, o de calcanhar, os dois golos diferem na forma como a bola foi batida e encaminhada para a baliza.
Zaccagni fez lembrar Hernán Crespo, várias vezes implacável com o calcanhar, mas, em suma, marcou um golo já visto no passado.
Muriel, por outro lado, conseguiu marcar um golo de calcanhar mais "campy" e talvez esteticamente mais original.
Como já foi referido, estes tipos de golos não são muito frequentes, mas ainda assim ocorrem com uma certa pontualidade.
Há algumas semanas, por exemplo, o albanês Marvin Cuni, do Frosinone, conseguiu marcar o seu primeiro golo na Serie A com um toque de calcanhar, que ficará certamente registado como um dos mais espectaculares de toda a época.
Neste caso, foi um toque de calcanhar de voleio, um remate que talvez mereça ser colocado numa categoria própria.
Em termos de coordenação, este fantástico desvio de Fabio Quagliarella, habituado a golos maravilhosos mas capaz de se superar contra o Nápoles, em setembro de 2018, merece uma menção.
Entre os golos mais memoráveis vistos na nossa liga nos últimos tempos está o de Ciro Immobile, em Cagliari, alguns meses antes, com o qual conseguiu dar à sua Lazio um ponto in extremis.
Mas se continuarmos com o tema Lazio, como não mencionar um dos golos mais emblemáticos desta disciplina especial: o golo de Roberto Mancini em Parma, de costas para a baliza e diretamente a partir de um pontapé de canto de Sinisa Mihajlovic, em 1999.
De um Mancini para outro: quatro anos mais tarde, o brasileiro Amantino, da Roma, também conseguiu marcar um golo igualmente famoso com o seu calcanhar voador ("o calcanhar de Deus") num dérbi da Capitolina, vencido por 2-0 pelos Giallorossi, em novembro de 2003.
O AC Milan, que ontem foi derrotado com um calcanhar, comemorou uma vitória em 2014 com o mesmo fundamento. O jogo também foi disputado em Parma, e foi um funambulista como Jeremy Menez que marcou um golo fantástico para trazer para casa os três pontos após um emocionante 4-5.
O golo de calcanhar não pertence apenas ao universo masculino: em 2022, o belo remate de Alessia Russo contra a Suécia mereceu não só o aplauso do público e a popularidade mundial, mas também uma prestigiada nomeação para o Prémio Puskas.