De Rio Grande do Sul para Hong Kong: Everton lidera os dragões na Taça Asiática
"Foi uma decisão um pouco difícil vir para Hong Kong", admitiu o jogador de 32 anos numa entrevista telefónica a partir de Doha, onde está a treinar para o torneio continental: "A minha mulher Marieli e eu já tínhamos o nosso filho Bernardo, de quase três anos. Eu sabia que no primeiro ano teria dificuldade em ficar longe deles para tentar algo indefinido, não sabia se ia dar certo ou não".
No final, decidiu mudar-se para este território da antiga colónia britânica "porque sabia que tinha uma oportunidade de crescer", disse. " E foi exatamente isso que aconteceu".
O jogador corpulento e com um potente remate com o pé esquerdo passou a jogar no modesto Wong Tai Sin, de Hong Kong, e a carreira está a crescer desde então.
Mais um no Brasil, estrela em Hong Kong
Passou por equipas mais proeminentes, como Yuen Long, Rangers e Eastern, antes de chegar ao atual clube, o Lee Man FC, pelo qual marcou 17 golos no último torneio da Premier League de Hong Kong.
"Foi uma escolha que agora estou convencido de que foi bem pensada", disse o jogador natural de Soledade, no estado do Rio Grande do Sul.
Na sua cidade natal, jogava numa equipa de futebol amador, num país onde há muitos futebolistas e poucas oportunidades para crescer na modalidade.
"Se eu tentasse jogar profissionalmente no Brasil (...) ia ser apenas mais um entre tantos, a jogar numa terceira, quarta ou quinta divisão, talvez não tivesse hipótese de subir mais", diz este admirador do neerlandês Arjen Robben.
Em Hong Kong, pelo contrário, obteve a cidadania em agosto passado e disputou o seu primeiro jogo internacional em outubro. Em seis jogos pela seleção de Hong Kong, marcou cinco golos.
Realismo
Ainda assim, Everton está ciente de que a equipa de Hong Kong tem poucas hipóteses de chegar longe na Taça Asiática no Catar, que será disputada nos estádios que acolheram os jogos do Campeonato do Mundo de 2022.
"Se não estou enganado, somos os menos cotados de todas as equipas que participam no torneio", admitiu o jogador de uma equipa que ocupa o 150.º lugar no ranking da FIFA.
No entanto, ele diz que a equipa de Hong Kong "melhorou muito nos últimos dois anos", com a adição de jogadores de outros países que se juntaram aos jogadores locais.
Na semana passada, a equipa jogou um amigável contra a China e venceu por 2-1. "Foi uma vitória histórica. Há muitos anos que Hong Kong não ganhava à China.
Em seguida, a equipa perdeu por 2-1 com o Tajiquistão, mas Everton explicou que o treinador trouxe jogadores que não tinham jogado em particulares anteriores. "Isso nos deu uma perspetiva de que podemos fazer um bom torneio no Catar. Estamos bem motivados", afirmou.