Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Entrevista Flashscore ao selecionador do Catar: "Queremos continuar a fazer história"

Pablo Fernández
Tintín Márquez, ovacionado pelos seus jogadores após a conquista da Taça da Ásia
Tintín Márquez, ovacionado pelos seus jogadores após a conquista da Taça da ÁsiaAFP
Bartolomé Márquez (62 anos), conhecido no mundo do futebol como Tintín Márquez, treinador da seleção do Catar, recém-coroada campeã da Taça Asiática, partilhou uma animada conversa, onde nos contou como está a decorrer esta nova aventura que começou tão bem com o título continental.

Depois de uma longa carreira como futebolista, principalmente no Espanhol, dedicou-se a ser treinador. E depois de muitos anos, em dezembro de 2023, assumiu o comando da seleção do Catar com a missão, após o fiasco do Campeonato do Mundo, de revalidar o título asiático. Dito e feito. Mas ele quer continuar a fazer história.

- Como viveu o título da Taça Asiática?

- Éramos campeões em título depois de 2019, o próximo (torneio) foi este porque o anterior foi cancelado por causa da pandemia. Foi muito importante porque se realizou no Catar e foi emocionante, bonito, as pessoas apareceram em força, os estádios estavam cheios... Estamos muito satisfeitos porque fomos felizes e demos alegrias o povo do Catar.

- Em que momento acreditaram que havia sérias hipóteses de ganhar?

- Quando Akram marcou o terceiro golo (na final). É difícil para o Catar lutar contra o Irão, o Japão, a Coreia do Sul, a Austrália, o Iraque, que têm mais jogadores elegíveis. Para fazer uma comparação, imagine que o Luxemburgo ou Malta ganham o Campeonato da Europa duas vezes seguidas. Ganhar uma vez pode acontecer, mas ganhar duas vezes seguidas significa que há muito trabalho por detrás de tudo isto, com poucos recursos em termos de jogadores. Existem 400.000 habitantes do Catar e metade deles são crianças e mulheres. Não há muitas licenças. Há gente que não é catari puro de nascimento, de tradição. É disto que nos alimentamos, com pessoas de outros países, como o Iémen, por exemplo, cujos pais vieram trabalhar e frequentaram a Aspire Academy, o que nos dá mais opções de licenças.

- Também trabalhou nessa academia. Como evoluiu desde a sua chegada ao país?

- Cheguei em 2011 à Aspire, um centro técnico para todos os desportos, não apenas para o futebol, que é o melhor do mundo. Atletismo, basquetebol, futebol, tudo. Entrei num projeto chamado Football Dream com africanos que nunca tinham competido, jogavam na rua, eram observados por olheiros. E daí fui para o Eupen. O jogador do Catar evoluiu muito desde então. 80 a 90% dos jogadores de 2019 e 2024 passaram por lá. Estão a fazer um bom trabalho, o atleta é muito bem tratado, é bem cuidado, com instalações impressionantes. É a raiz destes êxitos.

-Como é o jogador do Catar e como é que você influencia o seu desenvolvimento? 

- Há jogadores talentosos. Akram Afif é um dos melhores da Ásia. Esteve comigo na Bélgica, até se estreou no Sporting Gijon na LaLiga, mas não sei porque não se fixou e voltou. Eles sabiam o que eu queria, como jogo, onde pressionar, gostaram da ideia. Disse-lhes que, se me seguissem, podíamos fazer alguma coisa, mas se achassem que o estilo era demasiado arriscado ou ofensivo, não ia correr bem. O mérito é deles, se o jogador acreditar na tua ideia é muito mais fácil.

Tintín Márquez, na Taça da Ásia
Tintín Márquez, na Taça da ÁsiaAFP

-Se estivesse a treinar noutra liga, quem contrataria do Catar?

- O melhor jogador que poderia jogar na Europa seria o Akram, com certeza.

- Como bicampeão asiático, qual é a sua responsabilidade para o Mundial?

- Eles nunca se qualificaram para um Campeonato do Mundo, por isso o objetivo é a qualificação. Há as eliminatórias, dois jogos foram disputados, faltam dois jogos contra o Kuwait e mais dois. Se nos qualificarmos, vamos para os grupos fortes com o Japão, a Coreia do Sul, a Austrália, o Irão, o Irão, o Iraque e a Arábia Saudita. Nessa fase, qualificam-se os dois primeiros dos seis grupos. E aí é mais difícil. A Taça da Ásia junta tudo na mesma cidade. Aqui, é preciso viajar com jogos em casa e fora. Temos a ilusão de nos qualificarmos para 2026, mas a tarefa é complicada.

Espanha e Espanhol

- Como vê a seleção de Espanha?

- Gosto da Espanha desde que Luis (De la Fuente) assumiu o comando. Sempre gostei porque temos talento. Luis Enrique é um grande treinador, mas não tivemos um bom desempenho no Campeonato do Mundo. Mas, por causa do talento e da tradição, é obrigatório fazer um bom Campeonato do Mundo. O que tenho visto com De la Fuente está a agradar-me. Esperemos que ele tenha sorte e possa ir o mais longe possível.

- Como avalia a situação do Espanhol neste momento?

- O que eu quero é que o Espanhol suba à LaLiga. No outro dia, conseguiram um bom resultado em Eibar. O importante é que subam este ano. Há o Saragoça, o Sporting Gijon, muitas equipas que foram despromovidas à segunda divisão, não subiram rapidamente e não conseguiram recuperar a categoria. O mais importante é que este ano recuperem a categoria.

- Poderemos vê-lo no banco do Espanhol ou noutra equipa?

- Não. Já fiz o meu caminho aqui. Quando acabar aqui, reformo-me. 99,99 %.

- Favorito para a LaLiga e Liga dos Campeões? 

- Acho que o Real Madrid vai ganhar a LaLiga este ano. Na Liga dos Campeões, gosto muito do Manchester City. Gosto do Guardiola, da sua forma de jogar. A única coisa de que não gosto é o clima. Mas nunca se pode esquecer o Real Madrid. Tem um ADN especial para esta competição. Entre estes dois, o PSG, o Bayern de Munique, mas coloco de certeza e o Real Madrid e o City também está muito bem.

- Vê-se a ganhar outra Taça Asiática?

- Vamos dar um passo de cada vez. Vamos ver se temos a sorte de fazer história com o Catar, qualificando-nos para o Campeonato do Mundo, e depois logo se vê.

- Um desejo para 2024:

- Que nos mantenhamos onde estamos em termos de saúde e desporto. Que possamos passar este ano em paz e tranquilidade.