50 anos depois do último triunfo na CAN, Congo tem novamente possibilidades de sucesso
Os congoleses podem ser participantes perenes, sendo esta a sua 19.ª Taça das Nações, mas há muito que deixaram de ser considerados uma força importante no futebol africano, perdendo a posição proeminente que outrora ocuparam após décadas de instabilidade política e declínio económico e de infra-estruturas.
O antigo Zaire venceu a Taça das Nações em 1974 e, no mesmo ano, participou no Campeonato do Mundo na Alemanha Ocidental como único representante do continente, mas desde então não teve qualquer sucesso e nem sequer se qualificou para a última edição do torneio continental nos Camarões, há dois anos.
Mas agora tem uma oportunidade real, mesmo enfrentando os anfitriões nas meias-finais.
"Estamos nas meias-finais e, é claro, seria estúpido não acreditar que podemos chegar à final", disse o técnico Sebastien Desabre.
"Mas vai ser difícil, e o nosso adversário é uma equipa de topo. Teremos de fazer uma exibição de topo, mas é óbvio que, quando se está nas meias-finais, o primeiro objetivo é chegar à final. E depois, se tivermos a oportunidade de ir à final, ganhá-la. Vamos fazer tudo para garantir que saímos sem qualquer arrependimento", acrescentou.
A República Democrática do Congo chegou aos quartos de final na Costa do Marfim sem vencer nenhum jogo, mas foi convincente na vitória por 3-1 sobre a Guiné, em Abidjan, na sexta-feira.
Os congoleses empataram os três jogos do Grupo F, mas terminaram em segundo lugar e, nos oitavos de final, empataram 1-1 com o Egito, antes de vencerem nos penáltis após o prolongamento.
"A nossa primeira vitória (sobre a Guiné) chegou no momento certo, porque estamos a ganhar força na competição. Pode-se dizer que só ganhamos uma vez, mas é preciso levar em conta que também não perdemos neste torneio", acrescentou o técnico francês, que trabalha no continente há mais de uma década.
O plantel é formado principalmente por jogadores nascidos na Europa, mas com ascendência congolesa, reflexo do futebol africano moderno, em que as seleções nacionais valorizam muito os jogadores de clubes europeus.
O sucesso de Desabre está no facto de ter conseguido reunir um plantel com diferentes origens - há jogadores belgas, ingleses, franceses e suíços no plantel congolês.
"O treinador criou algo especial ao envolver toda a gente. Todos lutam para chegar o mais longe possível. Desde a sua chegada, ele incentivou-nos a lutar como uma equipa", disse o médio Joris Kayembe, nascido na Bélgica e naturalizado congolês.