CAN: África do Sul tem a escola do Mamelodi Sundowns
Os "Bafana-Bafana"apresentam-se com toda a defesa do Mamelodi, mais metade do meio-campo e metade do ataque.
Hugo Broos, o treinador belga da África do Sul, que já foi coroado treinador dos Camarões em 2017, dificilmente muda o seu onze inicial, apesar do calor na Costa do Marfim. O técnico confia em jogadores que se conhecem perfeitamente, os "brasileiros", como são conhecidos, porque jogam com camisolas amarelas com faces verdes e calções azuis, como a canarinha.
Acabaram de ganhar a primeira Liga Africana de Futebol, o campeonato fechado criado pela CAF, e o clube venceu a Liga dos Campeões em 2016.
O Mamelodi também reina em Mzansi, o termo usado nas townships para designar a África do Sul, tendo vencido os últimos seis campeonatos, com a espinha dorsal da seleção nacional.
Há um ano e meio, o Sundowns contratou Ronwen Williams do Supersport United, outro clube de Pretória.
Muito velho, Zwane?
Ele lidera uma defesa 100% Mamelodi, com Khuliso Mudau, Grant Gomolemo Kekana, Mothobi Mvala e Aubrey Modiba.
Siyanda Xulu, do Supersport, jogou a primeira partida ao lado de Mvala, que esteve muito bem contra Marrocos (2-0) nos oitavos de final, mas Kekana assumiu o seu lugar no segundo jogo e não largou mais o lugar.
No meio-campo, Sphephelo Sithole, um dos dois únicos jogadores a atuar na Europa, pelo Tondela, divide o espaço com o incansável Teboho Mokoena, do Sundowns, autor do sublime golo de livre direto que eliminou os marroquinos.
Thapelo Morena, lateral do clube da capital sul-africana, joga mais à frente na ala direita da África do Sul. Joga pouco no Mamelodi, com quatro partidas como titular em 16 jogos do Campeonato Sul-Africano, mas é titular da seleção nacional.
Na esquerda, um dos poucos expatriados, Percy Tau, campeão africano pelo Al-Ahly, do Cairo, marcou de penálti contra a Namíbia (4-0).
No ataque, Evidence Magkopa, que marcou o primeiro golo contra o Atlas Lions, é o único elemento do onze inicial do Orlando Pirates.
O outro atacante, Themba Zwane, é um caso especial. Aos 34 anos, o técnico Hugo Broos não contava com ele no início, por considerá-lo muito velho.
Os "brasileiros"
Mas as boas atuações constantes e a pressão da imprensa levaram Broos a chamá-lo de volta. O seu faro de golo continua a brilhar, como aconteceu nos dois golos que marcou contra a vizinha Namíbia. Dificilmente soma 90 minutos nas pernas, mas na CAN joga até os últimos 20 minutos. No Mamelodi, é titular a cada dois jogos.
Ainda há alguns "brasileiros" no banco, como Thapelo Maseko, um suplente na ala esquerda que também marcou um golo contra os Brave Warriors de Deon Hotto, o avançado-centro da Namíbia e... do Mamelodi, ou Terrence Mashego, que jogou zero minutos na CAN e entrou como suplente no Sundowns.
O clube, também conhecido como Masandawana, a gíria da cidade para o pôr do sol, tornou-se muito poderoso desde que o presidente da Confederação Africana de Futebol (CAF), Patrice Motsepe, assumiu as rédeas em 2004.
O dirigente trouxe nomes de peso para o comando técnico, como o francês Henri Michel, o búlgaro Hristo Stoitchkov e o neerlandês Johan Neeskens, e construiu uma máquina de vitórias que ultrapassou os dois gigantes do Soweto, Pirates e Kaizer Chiefs.
Mamelodi é o nome de um dos maiores bairros de Pretória, a capital administrativa de Mzansi.
O lema dos "Bafana Ba Style" ("Rapazes Estilosos" em setswana) é "O céu é o limite", com um dedo indicador a apontar para cima no brasão. Tocar o céu seria ganhar uma segunda Taça das Nações Africanas, depois de 1996.