CAN: Mpasi mantém a RD Congo a sorrir e quer mostrar os dentes à Guiné
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"Quando o vi, com um sorriso no rosto, ri para mim mesmo, tinha a certeza de que ele ia marcar", disse à AFP o seu treinador no Rodez, da Ligue 2, Didier Santini, que assistiu aos oitavos de final através da televisão em França.
O guarda-redes marcou casualmente o penálti que qualificou a República Democrática do Congo contra o Egito (1-1, 8-7 após grandes penalidades). Pouco antes, ele tinha enfeitiçado Mohamed Abou Gabal, o guarda-redes egípcio que, apesar de ser um especialista, acertou no poste.
"Eu marco-os no treino. Quando olhei para o Abou Gabal, vi o nervosismo nos seus olhos, tentei tirá-lo do contexto e rematei...", contou Mpasi ao Canal Plus, sobre o pontapé que apurou os congoleses apra os quartos de final, contra a Guiné.
"Tive a sensação de que ele estava a viver um momento de felicidade, de realização, que disse a si próprio: agora, para mim, isto é e será um extra", continuou Santini.
"Trabalhou muito"
O treinador recordou a "carreira atípica" de Mpasi-Nzau, "que começou todas as suas épocas como suplente, tanto no Nacional (terceira divisão francesa, ndr) como na Ligue 2. Era o mesmo jogador quando não estava a jogar e não guardava rancor de ninguém. Trabalhou muito e, desde há um ano e meio, é titular. Atingiu a maturidade com 27, 28 anos (tem 29)", recordou.
"Em Rodez, temos um segundo guarda-redes, Sébastien Cibois, que jogou os primeiros seis jogos da época passada com o treinador da altura (Laurent Peyrelade, ndr). Ele sabe com ter calma e tranquilidade", prosseguiu.
Convocado para os Leopardos pela "rede Cédric Bakambu", que "recrutou" um bom terço dos jogadores da seleção atual, Mpasi, que chegou aos quartos de final do Campeonato do Mundo Sub-17 de 2011 com a França, também começou no banco do Congo.
"Já estou nesta situação há tempo suficiente para saber que tenho de ser paciente, trabalhar e esperar pela minha vez. Não tenho qualquer problema em regressar a um lugar de número 2 na seleção nacional. Não é nada mais do que felicidade ser convocado. Quando estou no banco, quando o hino nacional está a tocar e vejo toda a gente a cantar, é uma sensação doentia", disse ao site da segunda divisão francesa.
Maxilar fraturado
Após a lesão do titular Joël Kiassumbua, Mpasi acabou por se afirmar como número um. Já disputou 12 partidas pela seleção. E mesmo que tenha começado mal a participação na CAN, com um lance que lhe custou um golo contra a Zâmbia (1-1), recuperou bem.
O jovem de Meaux, formado no PSG e que chegou a jogar no Toulouse (2012-2015), superou alguns episódios mais difíceis: um ano desempregado (2015-2016), mantendo a forma com o apoio do treinador de guarda-redes do Toulouse, Teddy Richert, uma fratura da tíbia e outra terrível fratura do maxilar.
"Partiu todos os dentes da frente contra o Nîmes (1-1, 15 de fevereiro de 2023) por causa de uma saída kamikaze aos pés do jogador (Lys Mousset) que os deixou para trás", lembrou Santini.
"Lionel conseguiu acabar o jogo mesmo assim. Depois, jogou a partida seguinte. É preciso muita coragem e auto-sacrifício, mas ele voltou mais cedo porque o clube precisava dele", sublinhou Santini.
Desde então, porém, tem jogado com uma prótese dentária. Temos de proteger o sorriso de Mpasi.