Continua a novela em torno de Allegri: jornalista relata agressões e Ministério Público abre processo
A demissão de Massimiliano Allegri poderá acontecer mais cedo do que o esperado. O facto de o treinador toscano não permanecer no banco da Juventus, mesmo que conseguisse o apuramento para a próxima Liga dos Campeões e a conquista da Taça de Itália, era mais do que um pressentimento.
A cena que o viu protagonizar durante e após a final da Taça de Itália, contra a Atalanta não só confirmou isso, como também pode ter acelerado o momento da sua despedida.
Montero na sede
Como revelou a Sky Sport, "no rescaldo da vitória na Taça de Itália e das explosões do treinador (contra árbitros, dirigentes e jornalistas), as relações com o clube estão muito tensas. Nem mesmo a permanência nos dois últimos jogos é certa para a Juventus, que está a refletir sobre a possibilidade de uma rescisão antecipada da relação com o treinador".
E a chegada de Paolo Montero à sede da Juventus demonstra que o fim dos créditos está próximo. O treinador da equipa de sub-19, de facto, poderia funcionar como um treinador interino, nas duas últimas jornadas do campeonato, para depois dar lugar a Thiago Motta, treinador do Bolonha.
Castigo de dois jogos
Entretanto, Massimiliano Allegri foi suspenso por dois jogos (a cumprir na Taça de Itália) e uma multa de 5.000 euros após a expulsão decidida pelo árbitro Maresca aos 90+5 minutos da final da Taça de Itália.
"Abordou o 4.º árbitro com uma atitude agressiva e uma discordância flagrante e polémica para contestar uma decisão do árbitro; quando foi notificado da ordem de expulsão, repetiu esta atitude, fazendo também expressões desrespeitosas em relação ao trabalho dos árbitros; uma ofensa detetada pelo 4.º árbitro; após a notificação da ordem de expulsão e antes de abandonar a área de jogo, fez também gestos desrespeitosos para com o diretor do jogo", pode ler-se no relatório.
Duas versões para os confrontos
Num comunicado divulgado à ANSA pelo seu advogado Paolo Rodella, Massimiliano Allegri "nega completamente" a reconstituição dos acontecimentos no túnel do Estádio Olímpico com o editor do Tuttosport, Guido Vaciago, especificando que se tratou apenas de "uma acesa discussão verbal com o editor, devido à excitação do momento, durante a qual ambos se insultaram em voz alta".
"Com referência às declarações - relatadas em alguns jornais - do diretor do TuttoSport Guido Vaciago, segundo as quais Massimiliano Allegri, no final da final da Coppa Italia Atalanta-Juventus na noite de ontem, 15 de maio de 2024, teria tido contra ele um comportamento altamente ofensivo e ameaçador, chegando ao ponto de o empurrar e empurrar, o meu cliente nega totalmente esta reconstrução dos factos e pretende especificar que teve simplesmente uma discussão verbal acesa com o Diretor, devido à excitação do momento, durante a qual ambos se insultaram em voz alta", pode ler-se.
"Qualquer outra reconstituição e/ou descrição dos factos é falsa e tem pura e simplesmente objectivos mal disfarçados, ilusórios e infundados", continua a nota do advogado do treinador.
Uma versão que Guido Vaciago, editor do Tuttosport, contestou na noite desta quinta-feira.
"Não se tratou de uma discussão, mas de um monólogo de Allegri que me telefonou quando eu estava a cerca de vinte metros de distância, e eu estava a fazer uma chamada telefónica privada: dirigiu-se então a mim com a frase: 'Larga o telefone, seu diretor de m****'. Continuou com todas as frases relatadas na minha reconstituição, incluindo a ameaça de me 'apanhar' e de me 'arrancar as orelhas'. Agarrou com força o meu pulso direito, puxando-o várias vezes. Tenho testemunhas", referiu o jornalista.
LaPresse denuncia
A agência LaPresse também está a exigir uma indemnização a Allegri. De acordo com a agência noticiosa, o treinador da Juventus terá agredido uma procuradora federal e, com um pontapé, partiu as luzes de um cenário montado à entrada do balneário.
Também aqui houve um pedido de desculpas da Juventus, que fez saber que estava disposta a pagar quaisquer danos.
Investigação
O Ministério Público, segundo a ANSA, acaba de abrir um processo "pelas alegadas ameaças sofridas pelo diretor do Tuttosport, Guido Vaciago, por parte do treinador da Juventus, Massimiliano Allegri, à luz das declarações feitas pelo próprio jornalista".
Estão previstas audições dos "dois protagonistas e das pessoas presentes no episódio", adianta ainda a mesma fonte, "e serão também adquiridas imagens, se disponíveis, para reconstituir os factos".