Crónica de uma passagem anunciada: SC Braga empata com Nacional (2-2), mas está na final da Taça
Poupanças
Aproveitando a vantagem larga que trazia da primeira mão, Artur Jorge aproveitou para fazer poupanças no SC Braga e dar tempo de jogo a algum dos menos utilizados. Em relação à equipa que venceu o Casa Pia, só André Horta se manteve no onze.
No lado do Nacional, Filipe Cândido manteve a equipa tipo, com três mudanças em relação ao duelo com o Feirense. João Aurélio, Jota Garcês e Rúben Macedo entraram no onze insular.
Sem desleixo
Ao olhar para este jogo é impossível não pensar no clássico de Gabriel García Márquez: Crónica de uma Morte Anunciada. No livro de 1981 somos convidados a assistir à reconstrução do assassinato de Santiago Nasar pelos dois irmãos Vicario, com toda a cidade a assistir, consciente do que ia acontecer.
Os cerca de cinco mil adeptos que se deslocaram ao Estádio Municipal de Braga terão tido a mesma sensação. A passagem do SC Braga à final da Taça de Portugal estava a 90 minutos de distância e poucas dúvidas pareciam existir no regresso dos arsenalistas ao Estádio Nacional.
Contudo, a equipa da casa evitou qualquer tipo de desleixo ou facilitismo e teve na juventude a arma contra uma eventual melancolia que se podia abater contra um clube que sonha com um feito inédito no campeonato. Banza, isolado, viu Lucas França negar o golo, no primeiro sinal de perigo de um SC Braga que queria chegar o mais rapidamente ao golo.
Reveja aqui as principais incidências da partida
Do outro lado, Tiago Sá foi obrigado a aplicar-se aos 23 minutos, quando Rúben Macedo escapou no corredor direito, e serviu Jota Garcês para a grande oportunidade no Nacional.
Qualquer esperança que os insulares tinham acabou aos 32 minutos. José Gomes derrubou Racic na área, na sequência de um canto, e à semelhança do que tinha acontecido no primeiro tempo, o médio sérvio cobrou o penálti.
Ponto de honra
O início da segunda parte ditou o ponto de exclamação numa eliminatória que nunca pareceu estar em discussão. Chamado à titularidade, Rodrigo Gomes reclamou por mais minutos, sempre mexido, o jogador de 19 anos recuperou a bola no meio-campo avançado, conduziu até entrar na área e fez o 2-0, 7-0 no agregado.
As duas equipas perceberam que restava esperar pelo apito final. O Nacional ainda foi tentando mostrar algum atrevimento e foi recompensado por isso 72 minutos, quando Pipe Gómez bateu o livre e Clayton Sampaio colocou de cabeça a bola no fundo das redes. Raro motivo de festa para o emblema madeirense cuja cabeça está na manutenção no segundo escalão.
Visivelmente abalado, mas não quebrado, o Nacional resolveu fazer um ponto de honra no Estádio Municipal de Braga. Dudu (90+3 minutos) arrancou, passou por três jogadores do SC Braga e foi derrubado já dentro da área por Tormena. Chamado a converter o penálti não desperdiçou e garantiu o empate que restaurou a honra do emblema insular.
Dois anos depois, o SC Braga volta a disputar a final da Taça de Portugal, onde vai aguardar o vencedor do duelo entre FC Porto e Famalicão. No Estádio Nacional, a equipa de Artur Jorge vai tentar conquistar a prova rainha pela quarta vez.