O leão de sempre e a águia de duas caras: Sporting vence Benfica (2-1) em Alvalade
Recorde as principais incidências da partida
Rúben Amorim abriu o jogo na véspera do dérbi lisboeta: Gonçalo Inácio e Trincão de fora, Israel na baliza e Paulinho de regresso. Sem bluff. Posto isto, o treinador do Sporting promoveu quatro alterações em relação ao último onze, juntando Matheus Reis a Israel, Edwards e Eduardo Quaresma nas novidades.
Já no lado contrário, Roger Schmidt deixou-se levar pela confiança que lhe deu o último onze, tendo por base a boa resposta dada frente ao Portimonense (4-0), com Aursnes na lateral esquerda, João Mário ao lado de João Neves no meio, Kokçu a número 10 e sem um avançado puro na frente. Não correu bem. E o treinador das águias precisou de 45 minutos para perceber isso.
Abram alas para o leão
Pese a escorregadela na última jornada em Vila do Conde (3-3), o Sporting apareceu soltinho em Alvalade e com a estratégia muito bem delineada para travar um Benfica de ataque móvel e com algumas fragilidades nas laterais. Foi, aliás, pela lateral esquerda, para onde o canivete norueguês Aursnes foi esacalado, que os leões procuraram de forma insistente ferir o adversário.
Logo aos oito minutos, numa dessas incursões pelo flanco esquerdo, Pedro Gonçalves furou a área encarnada e foi travado por João Neves (houve efetivamente toque do médio do Benfica no pé de apoio do camisola 8 sportinguista), mas Fábio Veríssimo disse que não havia nada com a cabeça e mandou o jogador dos leões levantar-se.
Pote levantou-se muito insatisfeito com a decisão, mas manteve a cabeça fria para ser capaz de, no minuto seguinte, tirar proveito de um cruzamento açucarado de Hjulmand, que combinou muito bem com Geny Catamo, e atirar para o 1-0, que provocou uma explosão de alegria em Alvalade, com muitas razões para sorrir esta temporada.
A desvantagem madrugadora nada suscitou na atitude competitiva das águias. Muito amorfos e, em determinados momentos, até algo conformados com o resultado, os homens de Schmidt pareceram demasiadas vezes perdidos no jogo, sem conseguir ligar setores e com sérias dificuldades para levar a bola até ao ataque - Neres, Kokçu e Rafa nem se viram na primeira parte.
Num pólo completamente oposto, o Sporting transpirava confiança. Hjulmand e Morita orquestravam todas as operações no miolo, Geny Catamo e Edwards eram uns desequilibradores pelos corredores e Gyökeres deixou a cabeça de Otamendi e de António Silva em água, com os seus constantes ataques em profundidade. Uma dinâmica forte e difícil de contrariar por parte das águias.
O melhor que o Benfica conseguiu nos primeiros 45 minutos foi um cabeceamento de Otamendi, na sequência de um canto cobrado na direita, em cima do apito para o intervalo, que não espantou sequer Franco Israel. Esperava-se mais, muito mais.
O génio de Di María soltou-se
Bah já não regressou para a segunda parte, dando lugar a Morato, permitindo a Aursnes regressar para uma posição 'mais natural', a lateral direita. Uma pequena mudança no figurino, que não afastou o leão faminto... pelo menos numa fase inicial.
O Forrest Gyökeres Gump dilatou a vantagem, aos 54 minutos, depois de ter sido lançado em profundidade por Marcus Edwards (que passe de trivela!) e deixar Otamendi pelo caminho antes de rematar para fora do alcance de Trubin. 2-0 e tudo muito difícil para o Benfica.
No entanto, num puro número de magia de Di María, o campeão nacional acordou e reentrou na discussão do resultado a partir da hora de jogo, pouco depois de Neres sair para dar lugar a Tengstedt e o Benfica passar a jogar com um avançado mais declarado, dando espaço de criação para o mago argentino.
O campeão do Mundo assistiu Aursnes para o 2-1, aos 69 minutos, num passe bem medido para a finalização certeira do norueguês e, aos 72, ainda chegou a festejar o empate, depois de uma bela jogada de entendimento com Kokçu, no entanto, Tengstedt estava a tapar a visão de Franco Israel no momento do remate do camisola 11 e o árbitro, bem auxiliado pelo vídeo-árbitro (VAR), acabou por anular o 2-2.
Até ao final, o Sporting agarrou-se com unhas e dentes à vantagem pela margem mínima, contra um Benfica (completamente revigorado após uma primeira parte cinzenta) a tentar forçar o empate e o tempo foi-se esgotando até ao último apito de Fábio Veríssimo.
Ainda assim, ainda houve tempo para um remate extraordinário de Nuno Santos para o fundo da baliza do Benfica, que só não significou o 3-1 porque Paulinho estava em posição irregular no enfiamento da jogada. Contas feitas, 2-1, vantagem para o Sporting, mas ainda tudo em aberto para o segundo round na Luz.
Melhor em campo Flashscore: Hjulmand (Sporting)