Teste de fogo para Franco Israel: luvas para tentar agarrar a baliza do Sporting
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"Nós temos um jogo da Taça, quem tem sido titular é o Franco, vai jogar o Franco e depois avaliamos de jogo para jogo".
Rúben Amorim justificou desta forma a titularidade do guarda-redes de 23 anos. Numa altura em que Adán volta a ser questionado, o técnico leonino vai manter a estratégia desta temporada.
Se a titularidade do uruguaio não surpreende - Israel também foi titular na meia-final da Taça da Liga contra o SC Braga -, a verdade é que este pode ser um momento decisivo na luta por um lugar na baliza do Sporting.
Noutras alturas, Amorim deixou mais garantias de que Adán seria titular indiscutível, mas o facto é que o espanhol tem continuado no onze, mesmo que as exibições e os números do jogador formado no Real Madrid deixem a desejar.
Franco Israel tem trabalhado na sombra, à espera que as oportunidades que recebe nos jogos para as Taças sejam suficientes para, juntamente com os treinos, convencer o treinador do Sporting de que merece a titularidade de forma regular. De resto, ao contrário da época passada, em que foi utilizado na Liga Portugal devido à ausência de Adán, esta época o uruguaio não tem qualquer minuto no campeonato, pelo que, na pior das hipóteses, deverá esperar com apenas mais dois jogos pelo Sporting esta época, ambos com o Benfica.
Se os dérbis com os encarnados podem servir desde já como um sinal para a próxima época, sendo testes para perceber se Israel pode ser mesmo futuro titular do Sporting, o momento atual faz com que se lhe olhe já para esta temporada.
Enquanto Benfica, com Trubin (nascido em 2001), e FC Porto, com Diogo Costa (nascido em 1999), têm as balizas bem apetrechadas, no Sporting há uma notória insegurança na baliza que não existe noutros setores. Olhando para a época do título, os leões reforçaram todos os setores, mas a posição de guarda-redes continua a ter um só dono que, diga-se, tem apresentado um rendimento substancialmente inferior ao dessa temporada. Sendo assim, o que falta a Franco Israel (nascido em 2000) para ficar com o lugar?
Regularidade
A posição de guarda-redes é tida como a mais ingrata de todas. Um golo pode marcar uma carreira (veja-se o exemplo de Karius) e um suplente pode passar bem mais tempo no banco do que dentro de campo, até porque, ao contrário do que acontece nas outras posições, não é propriamente habitual ver rotação nas balizas, a não ser nos moldes nos quais já se encontra o próprio Israel.
Os nove jogos desta temporada, que vão ser 10 em Alvalade, são uma melhoria residual em relação à época passada (nove). Só que, se olharmos para os desafios, percebe-se que o nível continua igual ou até é inferior.
Se, na época de estreia, Franco Israel jogou contra o Marselha, para a Liga dos Campeões, o Boavista e o Benfica, em casa, e o Vizela fora, além dos jogos das Taças, esta época só mesmo o encontro com o SC Braga, na meia-final da Taça da Liga, pode ser encarado como de exigência alta.
Numa época em que Adán não tem vindo a apresentar o nível exigido a um candidato ao título, como pode Israel, com os poucos minutos que tem, convencer Amorim?
(In)segurança
Pela exigência dos jogos em que esteve presente, é difícil aferir que tipo de guarda-redes tem estado na sombra de Adán. Se os números são naturais (seis golos sofridos em nove jogos), tendo em conta adversários como Moncarapachense e União de Leiria, torna-se obrigatório olhar para outros parâmetros.
Com os pés, o jovem de 23 anos aparenta ser mais tranquilo do que o próprio Adán, mas os números mostram que, ao contrário do que acontece com os guarda-redes rivais, o uruguaio também não dá total segurança neste aspeto. Contra o Raków, na Polónia, teve uma taxa de sucesso no passe de apenas 53% (acertou 19 em 36), embora tenha melhorado consideravalmente na receção ao Sturm Graz (95% - 21 em 22 passes).
Noutras partidas, como aconteceu na receção ao Farense, não deu totais garantias nos remates de longa distância (veja os golos no vídeo), nem nas saídas a cruzamentos. Se é verdade que a melhor fase de um guarda-redes chega sempre mais tarde na carreira, também não deixa de ser verdade que, neste caso, a idade não é suficiente para justificar a decisão de Rúben Amorim e as falhas de Franco Israel.
Nos jogos em que foi chamado a intervir, o guarda-redes não transmitiu um dos aspetos mais importantes da posição, a segurança. Trubin (22 anos) e Diogo Costa (24 anos), embora mais regulares, também foram bem mais rápidos a dar essa tranquilidade à equipa... e aos treinadores.
Rúben Amorim garantiu que a avaliação será feita "jogo a jogo". Antes da abertura do mercado e do final da época, o momento de Franco Israel chegou neste duplo confronto com o Benfica. Cabe ao uruguaio utilizar as luvas para agarrar a oportunidade.