Deyverson: Folclore e romance ao serviço da Taça Libertadores
A última ousadia de Deyverson aconteceu na terça-feira, diante de uma multidão de mais de 80 mil pessoas no Estádio Monumental, em Buenos Aires, onde o Galo garantiu o lugar na segunda final da Libertadores com um empate sem golos para eliminar o River Plate de Marcelo Gallardo (3-0 no agregado).
A passagem permitirá ao clube de Belo Horizonte lutar pelo seu segundo título da taça - depois do conquistado por Ronaldinho Gaúcho em 2013 - contra o Botafogo do Rio de Janeiro na final brasileira, a disputar a 30 de novembro no mesmo local da capital argentina.
Quando foi substituído aos 63 minutos para permitir a entrada do lateral Rubens, o atacante brasileiro tirou os tampões de ouvido dos calções, colocou-os e fez um gesto alusivo ao Boca Juniors, arquirrival dos Millonarios e de quem se declara fã.
A sequência rapidamente se tornou viral nas redes sociais, onde alguns internautas esperavam ansiosamente pela última façanha do atacante loiro de 33 anos.
"É melhor tê-lo na equipa"
Ao longo da carreira , tem deixado cenas hilariantes para a história: quando um árbitro lhe tocou e ele simulou uma falta; actuações dignas de um Óscar depois de receber placagens de adversários, algumas com uma piscadela de olho incluída, e danças provocantes.
"É melhor ter o Deyverson na equipa. O gajo vai fazer com que o odeies se for teu rival", escreveu um utilizador do X na quarta-feira.
Mas o "9" do Atlético Mineiro, gerido pelo argentino Gabriel Milito, não é apenas falado pelas suas performances teatrais em campo, também ganhou fama de jogador decisivo ao marcar golos.
Ele marcou dois dos três golos dos alvinegros na goleada sobre o River em Belo Horizonte, e deu o passe para Paulinho marcar o outro.
Nos quartos de final Deyverson marcou os dois golos que eliminaram o Fluminense do Rio de Janeiro, atual campeão da Libertadores, por 2-1 no placar agregado.
"Trabalho duro todos os dias para fazer as coisas direito. Deus sempre aponta para mim, um cara que muitas vezes é questionado pelo seu jeito de ser", disse entre lágrimas após se formar como herói contra o "Flu".
Antes de o destino o cruzar no caminho do Atlético Mineiro, ao qual só se juntou em agosto, marcou os golos finais que deram ao Palmeiras o título do campeonato brasileiro de 2018 e a Libertadores de 2021 contra o Flamengo (2-1).
O romântico
E durante a sua passagem pelo futebol espanhol, onde jogou no Levante, Alavés e Getafe, deu-se ao luxo de marcar ao Real Madrid e ao Barcelona.
"É um dos avançados mais difíceis do campeonato, não só tecnicamente mas também fisicamente, tem um grande jogo aéreo. Um lutador nato (...) um jogador completo que vai ser sempre complicado de vigiar", disse Luis Enrique, então treinador do Barça, antes de o defrontar em 2017.
As aventuras de Deyverson na Europa, onde teve passagens por clubes portugueses, alemães e espanhóis em vários momentos entre 2012 e 2021, não foram tão brilhantes quanto as que viveu no Brasil.
No regresso à pátria, ao Palmeiras em junho de 2021, teve hábitos desordenados, descuidando a alimentação e consumindo álcool. Também teve casos de indisciplina.
Mas a sua vida mudou, e recorda-a sempre que pode, depois de casar com a veterinária e influencer brasileira Karina Alexandre. Dedica-lhe cada vitória, seja formando um coração com as mãos depois de marcar ou em entrevistas.
"Libertadores, mais uma vez estamos aqui, a viver esse romance. Vocês sabem que não estão em primeiro lugar, esse lugar é da minha esposa", disse o 9 olhando e segurando um pequeno troféu da competição após o jogo da primeira mão da meia-final: "Mas tu fazes parte da minha vida e da minha história (...) Decreta este amor sincero, não me abandones, está comigo em todos os momentos e eu também estarei contigo".
A palavra de Deyverson, a palavra de um objetivo.