O roteiro de uma conquista (in)esperada: Palmeiras chegou ao título por exclusão de partes
Recorde as principais incidências da partida
Depois de somar a quarta derrota consecutiva na prova, à 27.ª jornada, e tombar para o quinto lugar, a 14 pontos do líder Botafogo, ninguém acreditaria que o verdão ainda poderia chegar ao bis, mas aconteceu, contra todos os prognósticos.
A formação paulista nem sequer esteve perfeita nas últimas 11 rondas, sofrendo mesmo uma pesada derrota por 3-0 na visita ao Flamengo, mas os adversários deram tantos tiros nos pés que o Palmeiras foi obrigado a reter o cetro, o 12.º da sua história, para solidificar a liderança no histórico do Brasileirão.
O título chegou na derradeira ronda, mas, na prática, ficou selado na 37.ª e penúltima, que o Palmeiras acabou três pontos à frente de Atlético Mineiro e Flamengo e com oito e 16 golos de vantagem, respetivamente, sobre as duas únicas equipas que também ainda podiam chegar ao título. Foi o Grémio que acabou em segundo.
O onze de Abel Ferreira acabou ainda assim por não se expor a eventuais milagres alheios, ao empatar (1-1) fora com o Cruzeiro, conquistando um campeonato que começou bem, com quatro vitórias nos primeiros cinco jogos, incluindo um 4-1 ao Grêmio.
Após este início prometedor, o Palmeiras só venceu, no entanto, dois dos próximos nove encontros, acumulando seis empates e duas derrotas, uma delas com o então líder Botafogo, do qual distava 14 pontos, num pobre sexto lugar, após 15 jornadas.
O fecho da primeira volta foi bem melhor, com três triunfos em quatro jogos, o mesmo registo do início da segunda, sendo exceção, entre seis triunfos, um desaire por 2-1 no reduto do Fluminense e um empate a zero na casa do Corinthians.
Após 23 rondas, a formação de São Paulo tinha reduzido para sete pontos a distância para o líder Botafogo, mas seguiram-se nada menos do que quatro derrotas consecutivas, no reduto de Grêmio e Bragantino e na receção a Santos e Atlético Mineiro.
O treinador luso apontou todas as baterias para a Taça Libertadores – sem evitar a queda nas meias-finais face ao Boca Juniors, nos penáltis - e o resultado foi a queda para o quinto lugar, a 14 pontos do Botafogo, cinco do Bragantino e três do Flamengo, e igualdade pontual com Grêmio e Athletico Paranaense.
A revalidação do título parecia mais do que uma miragem, mas, mesmo derrotado, o Palmeiras teve de prosseguir a sua caminhada e, depois de três vitórias consecutivas, chegou a uma quarta que foi, sem dúvida, o momento de viragem no campeonato.
Na 31.ª ronda, o Botafogo, que tinha sido de Luís Castro e Bruno Lage e estava agora nas mãos de Lucio Flavio, estava já em queda livre, mas, a meio da receção ao Palmeiras, vencia – e convencia – por 3-0, parecendo pronto, afinal, para chegar ao título.
O Palmeiras estava, virtualmente, a nove pontos do Botafogo, que ainda tinha um jogo em atraso, mas tudo mudou na segunda parte, numa sensacional reviravolta iniciada por Endrick (49 e 84 minutos) e consumada por José López (89) e Murilo (90+9).
A história do jogo não ficaria completa sem ser referido que, pelo meio, aos 76 minutos, o Botafogo ficou reduzido a 10 e que, aos 83, o ex-portista Tiquinho Soares podia ter feiro o 4-1, num penálti – ou título - que Weverton deteve.
Este jogo apagou em definitivo o Fogão e relançou o Palmeiras, que ainda perdeu feio com o Fla e empatou em Fortaleza (2-2), mas, também com muita ajuda da aselhice alheia, acabou bicampeão, fruto de oito triunfos em 10 jogos entre as rondas 28 e 37, antes de fechar com um empate suficiente.
O menino Endrick, mais um a caminho do Real Madrid, foi, do alto dos seus 17 anos, a figura cimeira do Palmeiras, pelos seus 11 golos e a importância na parte final da temporada, com destaque para o bis no determinante 4-3 na casa do Botafogo.
O bem mais experiente Raphael Veiga, com nove golos e sete assistências, foi também determinante no sucesso do verdão, tal como o guarda-redes Weverton e o central paraguaio Gustavo Gómez, esteios de uma defesa que consentiu 33 golos.